Para especialista, empresas têm consciência, mas falta atitude

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O conceito "companhia verde", a mais nova tendência entre as grandes empresas globais, tem evoluído significativamente nos últimos anos. Porém, a falta de leis que estabeleçam metas ambientais, em especial no Brasil, onde há uma total ausência do envolvimento governamental nessa questão, tem feito com que a sua adoção caminhe a passos lentos. Se por um lado, grande parte das corporações empunha a bandeira da sustentabilidade, por outro lado, falta atitude por parte das mesmas.

Na Europa, onde medidas para redução do consumo de água e energia, produção de lixo e emissões de dióxido de carbono (CO²) foram transformadas em leis, tem crescido a preocupação das empresas, o que tem impulsionado a demanda também por um novo serviço de consultoria da IBM, chamado de Green Sigma, que se propõe a ajudar os clientes a reduzir o impacto ambiental através do aumento da eficiência e da redução de custos, aplicando princípios de Lean Manufacturing e Lean Six Sigma.

O serviço da IBM aplica esses princípios em todas as áreas de operações da empresa onde haja consumo de água e energia, como sistemas de transporte, data centers e sistemas de TI, centros de manufatura e distribuição, prédios com escritórios, espaço de varejo, locais de pesquisa e desenvolvimento, entre outros.

Mesmo nos Estados Unidos, onde a proteção ambiental vem se encaminhado para a obrigatoriedade, o Green Sigma já começa a ganhar terreno, ao contrário do Brasil, onde a solução ainda terá de esperar um pouco mais para deslanchar, segundo Júlio Baldin, líder de estratégias e processos da IBM Brasil. "As companhias em território nacional promovem ações de conscientização, como a distribuição de cartões de visitas com símbolos e frases que demonstram sensibilidade em relação à preservação do meio ambiente, mas ainda não tiram a mão do bolso para investir em medidas mais práticas para reduzir o desperdício", critica o executivo.

De acordo com Baldin, a pressão do governo brasileiro se concentra basicamente sobre as grandes companhias, embora um estudo da própria IBM revele que 75% das médias e pequenas empresas do país demonstram apreensão com relação ao meio ambiente. Isso leva a IBM a deduzir que o que faltam são medidas para produzir resultados. No mundo, o estudo constatou que 58% das empresas deste porte também têm a mesma preocupação.

Apesar de as empresas brasileiras terem consciência de que ações associadas ao meio ambiente podem gerar uma imagem positiva, a falta fundamentos legais que suportem essa decisão criam uma barreira para que busquem soluções que demonstrem os indicadores de consumo dentro da organização.

Segundo Baldin, a IBM adapta a sua metodologia às políticas internas da empresa e, depois disso, coleta e identifica as informações, direcionando-as para que a área de gerenciamento do cliente faça o controle necessário. Ele explica que, além do departamento de operações, na maioria das vezes a decisão por contratar esse tipo de serviço parte do principal executivo da corporação, e com a intenção também de entrar em novos mercados.

Ainda de acordo com o executivo, os setores que começam a estudar soluções como o Green Sigma no Brasil são o automobilístico (importantes geradores de carbono), bancário e de varejo. Ele diz inclusive – sem revelar os nomes – que um importante banco e uma empresa de varejo estão em negociação com a IBM. "Por parte das empresas, a estratégia é poder afirmar que não são grandes causadores de poluição", afirma o executivo.

Mesmo que a legislação por enquanto não exija atitudes mais consistentes das corporações no Brasil, a expectativa da IBM é que dentro de três a cinco anos esse mercado deve apresentar avanços mais significativos. "Não irá demorar muito, mas avançará apenas com o impulso do governo", completa Baldin.

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