O real significado do desenvolvimento de aplicações

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Um dia desses, assisti pelo YouTube uma palestra gravada em um evento, cujo tema era "Significado do trabalho". Por meio dos resultados de diversos experimentos, foi mostrado como é motivador dar um retorno positivo para uma pessoa pela tarefa executada. E, por outro lado, como é desestimulante reduzir o significado do trabalho realizado por alguém ao ignorá-lo ou desperdiçá-lo. O tema não é novo, mas de algum modo aqueles experimentos reavivaram-no em minha mente. Pus-me a pensar nas pessoas que trabalham comigo, depois na empresa, e finalmente no mercado de TI de uma forma geral.

Concluí que os profissionais que vivem no limite neste tema são os desenvolvedores de aplicações. Posso falar por experiência própria, já tendo sido um em tempos idos. Os desenvolvedores são passionais ao defender suas tecnologias preferidas, promovendo verdadeiros embates sobre a melhor linguagem de programação, metodologia de desenvolvimento, ferramentas etc. Trabalham meses ou mesmo anos a fio em seus sistemas, colocando sobre eles uma carga emocional muito grande. É recompensador vivenciar todo o ciclo de desenvolvimento e ver a aplicação cumprindo seu objetivo. Assim como é frustrante demais ver projetos cancelados, aplicações ou mesmo componentes ficarem na prateleira.

Veja que desafios têm os CIOs, CTOs e gerentes de desenvolvimento ao definir a estratégia da empresa no que tange a aplicações. Elas são a principal interface entre tecnologia e negócios, e em boa parte representam a forma como a empresa vê a área de TI. No rumo correto, as aplicações atenderão as necessidades de negócio, com um balanço adequado de risco e retorno, agregando significado para a organização e para as pessoas que nela trabalham. Mas se o rumo estabelecido é equivocado, além do desperdício de recursos da companhia, há um impacto neste ativo intangível e valioso que é a motivação do time. Mesmo com uma correção da estratégia, ou mesmo por causa dela, haverá impacto no moral da equipe.

Portanto, começar corretamente é fundamental. Muitas empresas, ao perceberem isso, já investem em um mapeamento adequado da sua situação de negócios e tecnologia, aliado a condições e tendências de mercado, para reduzir este risco fazendo um planejamento abrangente da área. E percebe-se que a cada dia é mais difícil fazê-lo: as opções se multiplicam, ao passo que o tempo de vida delas se reduz quase que na mesma proporção.

Há muitas variáveis e certamente diferentes respostas de acordo com cada aplicação ou processo de negócio, pois cada uma pode ter perfil de usuários distinto, carga de trabalho (workload) mais constante ou mais cíclica ao longo do mês ou ano, maior ou menor necessidade de ubiquidade, simplicidade ou agilidade etc. Entre as opções a escolher temos: comprar aplicações prontas no mercado e se adequar a algo menos flexível e mais padronizado, ou desenvolver de forma customizada; desenvolver internamente ou terceirizar; quais tecnologias e plataformas adotar; que metodologias seguir; usar nuvem pública, privada, ou nenhuma; portar para dispositivos móveis ou não, e caso se opte por fazê-lo, definir quais; aspectos de controle de acesso, confidencialidade, continuidade (entre outros, de segurança) a considerar; como equilibrar os recursos da equipe entre as necessidades de novos desenvolvimentos, manutenções e suporte aos usuários etc.

Como se vê, definir o rumo de onde investir os ativos financeiros e físicos da companhia e os ativos emocionais da equipe de desenvolvimento é cada dia mais complexo. Por isso mesmo, não é algo para se deixar ao acaso ou mesmo definir às pressas. Requer diagnóstico e planejamento adequados para que faça sentido (tenha significado) para a empresa e para as pessoas envolvidas.

 * Leonardo Carissimi é gerente de Desenvolvimento de Negócios da Unisys Brasil.

1 COMENTÁRIO

  1. Equipes de desenvolvimento são realmente sensíveis à utilização dos produtos que desenvolvem. Mas não podem depender de feedbacks positivos. Fazem 99,999% – Mas as pessoas só vão notar o 0,001% que ficou faltando.

    Quem pode e deve motivar a equipe, provendo a realimentação positiva, é o líder. E este deve ter sensibilidade aguçada a esse aspecto.

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