A SAP anunciou nesta terça-feira, 2, que, a partir do primeiro trimestre de 2015, passará a processar dados de empresas que operam no Brasil e utilizam suas soluções na nuvem em um data center localizado na cidade de São Paulo, nas instalações de uma empresa parceira, cujo nome não foi revelado. O serviço será no regime de colocation, em que toda a infraestrutura — tais como os racks de servidores e outros equipamentos de TI, segurança física, combate a incêndio, climatização, energia elétrica, conectividade IP, até o armazenamento de dados (storage e backup) — é fornecida aos clientes por meio de um pagamento mensal. Não verdade, a SAP pagará um "aluguel" pelo espaço físico do data center para prestação dos serviços.
Para implantar a operação, a fabricante de software investirá R$ 19 milhões, sendo que grande parte desse montante será destinada à aquisição de equipamentos. Em um primeiro momento, o data center oferecerá aos clientes da SAP no país o sistema de gestão de recursos humanos SucessFactors no modelo SaaS (software como serviço). No futuro, a empresa pretende expandir o portfólio de oferta SaaS com a inclusão das soluções Ariba. Atualmente, 300 clientes da SAP no Brasil fazem uso do SucessFactors.
Segundo Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, a oferta de soluções na nuvem não está direcionada apenas às pequenas e médias empresas, mas a empresas de todos os portes. "As PMEs são um dos motores do nosso crescimento geral, não só na nuvem. Mas é mandatório, também, oferecer um data center local para as grandes empresas", declarou.
Ainda de acordo com a presidente da subsidiária brasileira da SAP, a iniciativa é estratégica ao negócio da companhia e ao mercado, já que "permitirá aos clientes conduzirem seus empreendimentos de forma mais eficiente". Mas indiscutivelmente a computação em nuvem é hoje uma das prioridades da fabricante, que busca cada vez mais se posicionar também como empresa de serviços na nuvem. Atualmente, mais de 73 mil empresas e 36 milhões de usuários em todo o mundo usam soluções da SAP na nuvem. No Brasil, a empresa registrou um crescimento de três dígitos com a venda de aplicações empresariais na nuvem no último trimestre.
Antecipando-se aos fatos
Embora a operação de um data center no Brasil faça parte da estratégia de negócios da SAP, não há como negar também que a decisão visa dar uma resposta ao ato declaratório da Receita Federal, publicado no mês passado, que exige a cobrança de impostos e contribuições nas operações de aluguel de data center no exterior, e também ao polêmico programa de espionagem do governo americano, que tem causado enormes prejuízos aos fornecedores de serviços de nuvem cujos data centers estão instalados nos EUA. Isso porque, com as revelações feitas pelo ex-consultor da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Edward Snowden, sobre o programa de vigilância, aumentou a desconfiança e a procura dos clientes por data centers localizados em outros países.
Ao que tudo indica, a SAP está procurando se antecipar aos possíveis reflexos negativos dessas medidas. Tanto que, além do novo data center no Brasil, ela também anunciou, neste ano, a instalação de data centers em Sydnei, na Austrália, e em Tóquio e Osaka, no Japão. Também faz parte dos planos da companhia ter centros em Toronto, no Canadá, além de outros dois na China, em Xangai e Guangzhou.
