Gestão de dados moderna – novos tempos

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Até pouco tempo conhecida como Administração de Dados, a Gestão de Dados no Brasil não é nenhuma novidade, entretanto, a função sofreu vários desgastes desde o início dos anos 90, onde sua existência passou a ser questionada em várias organizações.
Parte deste desgaste ocorreu porque, já nesta época, as áreas de Administração de Dados não conseguiram acompanhar as evoluções de processos e tecnologias adotadas pelas demais equipes, geralmente ligadas ao desenvolvimento dos dados. Além disso, a postura reativa de algumas áreas colaborou para aumentar este desgaste.
A figura abaixo mostra o histórico da Administração / Gestão de Dados nas organizações brasileiras.

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Figura 1 – Histórico da Gestão de Dados nas Organizações
Apoiada por organizações internacionais, voltadas para o desenvolvimento dos assuntos ligados à Gestão de Dados, tais como a DAMA – Data Management International e o Data Governance Institute, aos poucos, a função vem ressurgindo no mercado brasileiro de forma muito mais abrangente, englobando aspectos esquecidos anteriormente pelas organizações como: arquitetura da informação, governança de dados, qualidade dos dados, segurança da informação, gestão de dados mestres e de referência.
Aliado a isto, novas filosofias de trabalho como a Gestão de Dados Moderna, ajudam a apagar a imagem desgastada de várias áreas de Administração de Dados do passado.
Durante todo este tempo, as definições sobre "Gestão/Administração de Dados" basicamente não mudaram. Particularmente eu prefiro esta: "Função responsável por definir, planejar, implantar e executar: estratégias, procedimentos e práticas necessárias para gerenciar de forma efetiva os recursos de dados e informações das organizações". Já sabemos então o que é Gestão de Dados e o que ela se propõe a fazer, mas afinal, o que é Gestão de Dados Moderna?
Gestão de Dados Moderna
A Gestão de Dados Moderna não é um framework nem uma metodologia. É apenas uma filosofia de trabalho mais proativa, focada na conduta comportamental dos profissionais envolvidos. Ela também sugere a busca de uma visão mais abrangente da empresa pelos profissionais de Gestão de Dados. Não focada somente em bancos de dados e tecnologia da informação.
Desta forma, as áreas de Gestão de Dados conseguem acompanhar a adoção de novos paradigmas que vêm surgindo ultimamente.
Conforme figura abaixo, a Gestão de Dados Moderna é formada por três grandes conceitos: Estrutura da Gestão de Dados, Pilares da Organização e Conduta.

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Figura 2 – Estrutura da Gestão de Dados Moderna
A Estrutura da Gestão de Dados é comum nas organizações que possuem áreas de GD em atividade. Áreas formadas somente por este conjunto são conhecidas como áreas de Gestão de Dados Tradicional.
A parte central deste conjunto demonstra que, de forma geral, em maior ou menor nível de maturidade, as áreas de Gestão de Dados têm seus principais focos voltados para a qualidade dos metadados, possuem metodologias definidas, estão (ou pretendem estar) alinhadas com os objetivos estratégicos das organizações, além de terem iniciativas ou domínio completo da governança dos dados e metadados de suas organizações. A este conjunto de práticas chamamos de Estrutura Central.
O Corpo Técnico, geralmente formado por Gestores Estratégicos de Dados, Administradores de Dados e DBAs, é responsável por planejar e executar as práticas estabelecidas na Estrutura Central. Vale ressaltar que a capacitação e experiência do Corpo Técnico são fundamentais para o sucesso desta filosofia.
Já as Ferramentas são responsáveis por apoiar as atividades definidas na Estrutura Central e executadas pelo Corpo Técnico.
O que difere a Gestão de Dados Moderna da Gestão de Dados Tradicional são os conceitos da Conduta e Pilares da Organização.
A Conduta é a postura adotada por todos os integrantes da equipe de Gestão de Dados. Equipes de Gestão de Dados que funcionam nos moldes tradicionais, costumam não dar tanta ênfase em todos os aspectos comportamentais tidos como fundamentais pela Gestão de Dados Moderna para: conquistar e manter parceiros, adaptar as necessidades dos clientes, diminuir o retrabalho dos envolvidos e melhorar a qualidade dos dados e metadados da organização.
A Gestão de Dados Moderna prega oito aspectos ligados diretamente à conduta pessoal que devem ser adotados pelos profissionais. São eles: Adaptabilidade, Agilidade, Bom Senso, Comprometimento, Didática, Objetividade, Pró-atividade e Racionalidade.
Os Pilares da Organização representam os ativos mais importantes das empresas sob a ótica da Gestão de Dados Moderna: Dados, Pessoas e Recursos Materiais.
Pensar que somente os dados constituem o ativo mais importante das organizações e, empresas existem somente para "Gerir Dados" é uma filosofia ultrapassada.
Algumas áreas de Gestão de Dados ainda confundem os seus próprios objetivos com os objetivos estratégicos da empresa para a qual a área presta apoio.
Empresas existem para algum propósito, na maioria das vezes, ligados a retornos financeiros ou prestação de serviços à sociedade. Já as áreas de Gestão de Dados existem para apoiar a empresa na obtenção de seus propósitos. Para isto, recursos financeiros para fomentar os projetos de investimentos e pessoas são fundamentais.
Este conceito difere da Gestão de Dados tradicional, onde somente os dados constituem o ativo mais importante das organizações.
Por fim, podemos concluir que as principais diferenças entre a antiga Administração de Dados e a Gestão de Dados Moderna não são muitas, na verdade, se baseiam apenas em mudanças de atitude e visão dos profissionais.

*Bergson Lopes Rego, PMP é especialista em Gestão de Dados. Fará palestra na conferência Enterprise Data World – Latin America 2011, promovida pela Data Management Association Brasil (DAMA Brasil), com patrocínio científico e tecnológico do CNPq, e que será realizada nos dias 17 e 18 de agosto, no Braston Hotel São Paulo. Bergson é o principal idealizador e multiplicador da filosofia da Gestão de Dados Moderna, prestando regularmente treinamentos e palestras sobre o tema. Possui experiência de 19 anos na área de TIC. Neste tempo, já exerceu várias funções entre elas: Analista de Sistemas, Administrador de Dados, Gerente de Projetos, Líder de Equipe e Consultor. Nos últimos 10 anos têm atuado diretamente em atividades relacionadas à Gestão de Dados. Conduziu e participou de projetos para implantação de áreas de Administração e Gestão de Dados em empresas de grande porte nos segmentos: Oil & Gas, Governo, Financeiro, Seguros, Construção Civil e Indústria.

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