Pesquisadores cobram investimentos em inovação tecnológica

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Na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece até o próximo dia 7, em todo o Brasil, deputados e pesquisadores cobraram mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento, não só dos governos federal e estaduais, mas também das empresas. No seminário sobre pesquisa tecnológica, o deputado Rodrigo Rollemberg (PT-DF) criticou o perfil conservador da indústria brasileira no setor.

Conforme informações dos palestrantes, a indústria aplica somente 0,7% de seu capital em inovação. Rollemberg observou ainda que somente 1,7% das empresas brasileiras investem em pesquisa e desenvolvimento. Ele ressaltou que, apesar de o governo destinar poucos recursos para ciência e tecnologia, 59% desses investimentos são governamentais. "Nos países desenvolvidos, as empresas investem mais do que o governo", comparou.

Rollemberg enfatizou ainda a necessidade de o Legislativo reavaliar a Lei de Inovação e a Lei 11196/05, originada da MP do Bem, para saber por que as empresas estão usando tão pouco os incentivos previstos na legislação para o desenvolvimento tecnológico.

Papel da indústria

O representante do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) Jorge Bounassar Filho também destacou a necessidade de aumentar o papel da indústria na pesquisa tecnológica. Ele observou que quase 70% dos pesquisadores brasileiros estão nas universidades, enquanto nos países desenvolvidos a maioria trabalha na indústria.

Bounassar Filho afirmou que a inovação tecnológica ? "última etapa do desenvolvimento científico" ? não deve ser responsabilidade das universidades. "A inovação leva ao desenvolvimento, à competitividade, à competência e ao valor agregado. Uma ação que deve ser feita na indústria". Segundo ele, cabe à academia desenvolver ciência, o que é um passo do processo da inovação tecnológica.

Na visão de Bounassar Filho, os institutos de pesquisa funcionam como instituições mais ágeis, que podem responder melhor às demandas da indústria e fazer o elo com a academia, com o objetivo de transformar desenvolvimento científico e tecnológico em produtos e processos.

Corte de bolsas

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputado Julio Semeghini (PSDB-SP), por sua vez, lamentou o contingenciamento de recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o conseqüente corte de bolsas. O fato também foi criticado pelo diretor de Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Elias Ramos de Souza.

Semeghini reconheceu que houve avanços significativos em algumas áreas nos últimos anos. Ele avalia, no entanto, que esses avanços não foram causados diretamente pelos governos, mas pelo próprio setor de ciência e tecnologia.

O presidente da comissão ainda salientou a importância do projeto de lei que regulamenta o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A proposta foi aprovada na semana passada pela Câmara e tramita agora no Senado. "Esse projeto implica uma lei de estado, não de partido ou governo", comentou.

O coordenador-geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Hélio Kuramoto, defendeu a aprovação do projeto de lei do deputado Rodrigo Rollemberg. A proposta obriga os pesquisadores a enviar cópias dos trabalhos publicados em revistas científicas a "repositórios institucionais", onde terão acesso gratuito.

Já o gerente de Planejamento da Inovação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Cláudio de Almeida Loural, definiu como o grande dilema das políticas públicas no Brasil transformar o conhecimento em "algo útil, voltado ao mercado". A garantia de recursos e incentivos para empresas e instituições de pesquisas, redução da tributação, realização de parcerias e a difusão de informações são algumas das medidas propostas por Loural para alcançar esse objetivo.

Com informações da Agência Câmara.

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