Negócios digitais ainda não são prioridade na agenda de CIOS, aponta Gartner

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Apesar de a agenda do CIO indicar que infraestrutura de TI continua a ser prioridade dos investimentos, é imprescindível hoje para qualquer gestor de TI que avance para modelos de programas digitais. Mesmo nesse momento de retração econômica, o profissional tem de ser seletivo, preservando o valor dos negócios, e não fazer simplesmente um corte horizontal de custos.

Essa foi uma das questões apresentadas nesta segunda-feira, 4, na abertura da Conferência Gartner Infraestrutura, Operações de TI e Data Center 2016, que termina na terça, 5, e tem como propósito discutir as principais tendências que terão impacto direto na maneira como o departamento de TI fornecerá serviços para os negócios nos próximos cinco anos.

Segundo Cássio Dreyfuss, vice-presidente e líder de pesquisas do Gartner no Brasil, nesse momento de cortes de custos, o CIO deve fazer as perguntas gêmeas: qual o valor que a iniciativa traz para a organização e qual é o efeito da perda do valor. "Praticamente são quase as mesmas questões que devem ser feitas na hora de investir." "Não deve fazer um corte horizontal, é precisa ser seletivo", enfatiza.

O analista disse ainda que na sexta-feira passada, 1°, terminou uma pesquisa intitulada "2016 CEO Survey: In Latin America, Globalization Beats Localization" que revela que os CEOs da América Latina são mais direcionados aos negócios digitais que os CIOs; e que estes mesmos CEOs entendem que apenas um terço dos CIOs está preparado para liderar os negócios digitais.

Segundo o estudo, as prioridades da agenda do CIO para este ano são: 1. Infraestrutura e data center; 2. business intelligence e analytics; 3. cloud computing; 4. ERP; 5. redes, voz e comunicação; 6. digitalização e digital marketing; 7. segurança; 8. mobilidade; 9. aplicações específicas da indústria; 10. CRM; 11. modernização de sistemas legados.

Data center

Henrique Cecci, diretor da conferência, disse que um dos motivos pelo qual o mercado de construção de data center está desaquecido pode ser porque em 2015  grandes projetos foram entregues; e como esse é um mercado de longo prazo, os resultados só aparecerão no futuro. "São investimentos de olho no futuro, 20 ou 30 anos", esclarece.

Ele explica que novas demandas estão surgindo que podem influenciar no crescimento do mercado, como aplicações na nuvem, soluções de disaster recovery na nuvem, expansão geográfica, conexão de novos cabos submarinos e até o efervescente segmento de startups.

Os Gartner também divulgou as principais tendências que trarão impacto ao data center, infraestrutura e nas operações:

. Demanda contínua – Os negócios estão seguindo novas direções e novos mercados, gerando mais necessidade por serviços contínuos de data center, infraestrutura e operações. No entanto, o orçamento primário das organizações para Infraestrutura e Operações (I&O) é para manter os processos já existentes em funcionamento – conhecido também como custos operacionais. O orçamento de TI possui dois requisitos principais: aumentar/transformar alocações e executar alocação. A I&O precisa priorizar o crescimento e as iniciativas de transformação para atender à demanda contínua.

. TI para negócios – Atualmente, o ambiente de negócios digitais é representado por empresas agindo como startups de tecnologia, com decisões sendo tomadas rapidamente. Quando os negócios não podem esperar, ou quando não confiam na TI, as decisões são tomadas fora da TI tradicional. "A solução para a I&O não é controlar essas decisões, mas se envolver com os projetos inicialmente, aprender o que o negócio está fazendo, o que eles precisam e como a TI pode ajudar", diz David Cappuccio, vice-presidente e analista do Gartner.

. Informática de ponta – Os líderes de infraestrutura e operações (I&O) devem entender que nem todos os dados gerados pelos sensores de aparelhos conectados precisam ser enviados para o centro ou Nuvem de dados. Eles devem comparar os gastos com processamento de informações aos custos do envio de dados para o Data Center. Além disso, os líderes de I&O devem trabalhar com o negócio para entender o valor de curto e longo prazo dos dados que são armazenados na margem e no Data Center, e implementar políticas de retenção da maneira adequada. Uma vez que os dados são gerados e processados amplamente fora do data center, a infraestrutura de TI organizada na margem deve ser uma versão reduzida do data center, com funcionalidades avançadas que permitem a agregação dos dados dos sensores e suportam diversos protocolos, bem como capacidades analíticas em tempo real.

. Transformação de armazenamento – Estruturas e outros locais utilizados para armazenamento serão radicalmente diferentes no futuro. Os líderes inovadores de I&O já estão e continuarão implementando todos os Data Centers usando unidades específicas (SSDs) – dispositivos para armazenamento de dados que, de certa forma, concorrem com os discos rígidos. Por meio da implantação de SSDs por todo o Data Center, os líderes de I&O podem diminuir os custos operacionais em termos de administração da matriz de armazenamento, obter mais espaços no chão e/ou em prateleiras e gerar mais reduções de energia e resfriamento.

. Data center como serviço – Em um mundo ideal, pelo menos da perspectiva de muitos líderes comerciais, a TI e o data center seriam essencialmente um ágil provedor de resultados. "Neste mundo, a 'infraestrutura' como conhecemos torna-se relevante apenas como um suporte, e não mais como ponto de controle para serviços serem fornecidos. Em suma, precisamos criar um modelo de data center como serviço (DCaaS), em que o papel da TI e do data center seja fornecer o serviço correto, na velocidade correta, do fornecedor correto, no preço correto. Assim, a TI torna-se um agente de serviços", afirma Cappuccio.

Evolução dos sistemas convergentes

O Gartner prevê que os sistemas convergentes apareçam muito fortes nos próximos cinco anos. Esses sistemas trazem a promessa de menos tempo para a implementação, melhor eficiência operacional e, em alguns casos, melhores níveis de desempenho. Os usuários deparam-se com desafios na adoção desses sistemas porque as comparações entre os diferentes tipos de sistemas convergentes ou entre os sistemas convergentes e os tradicionais podem não ser totalmente claras. A implementação de sistemas convergentes também pode precisar de mudanças organizacionais para se perceber os benefícios, dificultando ainda mais o processo. Dois modelos são o de contêineres e arquitetura de microsserviço.

Contêineres são infraestruturas portáteis entre sistemas de operação idênticos e ambientes computacionais. Como só existe um modelo de sistema de operação (e núcleo), mas potencialmente muitos contêineres hospedados dentro desse modelo, eles são mais leves do que máquinas virtuais, permitindo consumo de recursos mais eficientes e de maior densidade.

Já a arquitetura de microsserviço permite agilidade e escalabilidade inéditas. Com o uso dessa arquitetura, as organizações podem implementar características individuais de aplicação conforme forem desenvolvidas e escalar apenas as partes da aplicação que causam entraves. A maioria das organizações que adotaram a arquitetura de microsserviço tem feito isso para embasar suas práticas contínuas de entrega. A redução das implantações diminui muitos riscos associados a essas práticas.

Convergência entre TI, TO e IoT

A Internet das Coisas (IoT), amplamente impulsionada pelo surgimento da tecnologia de sensor econômica e análises baseadas em Nuvem, irá acelerar a convergência com a tecnologia da informação (TI) e tecnologia da operação (TO) e permitir que diferentes tipos de organizações explorem seus benefícios. As plantas e os equipamentos existentes serão adaptados às capacidades da IoT, dada a prevalência e os preços menores, e os líderes empresariais buscarão por uma nova TO, capacitada pela IoT para a transformação dentro da empresa. O Gartner prevê que, até 2018, as tecnologias da IoT serão exploradas com sucesso e integradas por mais de 70% dos líderes apoiadores de TO.

"Devemos observar que o nível de convergência será altamente dependente da indústria, além de influenciado por fatores culturais e políticos. Por isso, algumas empresas incluirão a convergência mais profunda e rapidamente do que outras", afirma Cappuccio.

Gerenciamento da infraestrutura global

Profissionais de tecnologia da informação descobriram que existem pouquíssimas ferramentas disponíveis para ajudá-los a visualizar o processo de gerenciamento de infraestrutura de ponta a ponta. A capacidade de explorar um processo de negócios por completo e analisar quais componentes ele utiliza, quais níveis de desempenho (ou problemas) ele tem, quais KPIs ou SLAs (níveis de qualidade) está atingindo é indispensável, assim como ser capaz de mapear todos os fragmentos em um fluxo coerente.

Quase toda organização é confrontada a lidar com um crescimento significativo em shadow IT, termo que significa investimento em adquirir, desenvolver ou operar soluções de tecnologia fora do controle do departamento de TI. As organizações de TI precisam reavaliar sua perspectiva sobre "shadow IT" e adotar as práticas que irão explorar isso como um mecanismo de fornecimento, mesmo que com algumas proteções e esclarecimento de responsabilidade para reduzir os riscos e aumentar o valor.

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