Você já pensou em quebrar o ciclo vicioso do grande player?

0

Embora a indústria de TI esteja entre as mais populosas, tanto em termos de profissionais especializados quanto no número de players de todos os portes, é impressionante o nível de concentração de fornecedores quando se analisam os grandes ambientes de TI em suas funcionalidades mais importantes.
De fato, se considerarmos as principais disciplinas integrantes desses ambientes, como processamento, storage, gerenciamento de dados, segurança, interfaceamento, interconexão e gerenciamento do ambiente, veremos que não há mais que cinco fornecedores dominantes em cada uma dessas áreas, incluindo-se aí o hardware e o software.
Como decorrência, o que se constata mundialmente é que um grupo de poucas dezenas de grandes marcas detém um controle esmagador sobre a quase totalidade das funções críticas, ficando para os pequenos apenas as funções periféricas e disciplinas acessórias.
Uma explicação para este fenômeno está exatamente na chamada criticidade do ambiente. Quanto mais crítica e robusta é a missão da TI, mais acentuada é a tendência dos gestores a se ancorar em fornecedores altamente lastreados em garantias de escala, continuidade, evolução e aceitação o mais universal possível.
A situação do CIO que se dá mal ao contratar uma solução da empresa líder é seguramente menos ruim do que a daquele que errou ao contratar uma "estreante". Embora seja uma adepta pertinaz da inovação, a área de tecnologia da informação nem sempre gosta de primar pelo pioneirismo na adoção de players alternativos.
Fenômeno justificável e de fácil constatação, essa concentração de poucos players no coração da informática não deixa, entretanto, de causar certos transtornos ao usuário.
Que grande empresa não foi seduzida e passou pela adoção de um framework de gerenciamento, com todas as disciplinas – na época em que ITIL nem era tão popular? Quantas não foram seduzidas pela promessa de grandes retornos de investimentos (ROI) e a diminuição drástica de custo de propriedade (TCO), a partir de soluções de grande abrangência? Pois bem: paradoxalmente, já por volta do ano 2000, grandes analistas de mercado pregavam que a chance de falha da implantação dessas soluções era de cerca de 70%.
Entre os transtornos deste tipo concentração está a elevação dos custos primários dos insumos que decorre, de modo natural, da baixa concorrência. Outro problema facilmente visível está no cada vez mais demorado time to value – o prazo de retorno do investimento –, ocasionado pela dificuldade de manobras pontuais, que é inerente às megaempresas. De fato, neste modelo, para que um novo valor se acrescente, é necessário um longo ciclo, por vezes bastante complicado e financeiramente dispendioso. E, finalmente, há aquele efeito de engessamento, causado pelas grandes soluções horizontais e de enorme abrangência que estas empresas gigantes entregam a seus clientes.
Se de um lado é confortável e altamente conveniente contar com poucos fornecedores, todos eles com forte reputação e sólidas garantias de continuidade, de outro, as contradições desse modelo não cessam de se avolumar, o que acaba abrindo flancos de oportunidade para novos fornecedores de TI que consigam penetrar nestas brechas.
Uma recente reportagem na revista americana Networkworld tratava exatamente do surgimento de novas empresas que focam em soluções de alta sofisticação e alta criticidade e que são capazes de aderir ao ecossistema de TI dos grandes fornecedores. O apelo destes "invasores" inclui o menor preço primário, bem como o menor TCO e outras vantagens, como agilidade nas mudanças e a ativação de funcionalidades e serviços.
Para serem competitivas e entrar na cidadela das gigantes, essas empresas inovadoras baseiam-se numa estratégia que vem se provando efetiva. Em primeiro lugar, procuram se posicionar em nichos altamente restritos, com forte especialização em tecnologias de ponta. Embora sejam pequenas, elas são altamente proficientes em inteligência estratégica e conseguem se instalar na cabeceira tecnológica, surfando na onda das grandes.
Ou seja: aderem formidavelmente ao legado e agregam a ele um valor que as gigantes de TI só entregariam a custo muito mais impactante e em prazos nem sempre os mais competitivos.
Virtualização de data centers, consolidação de servidores, gerenciamento do ciclo de vida dos ativos, gerenciamento do ambiente de TI em tempo real, integração de ambientes híbridos e gestão avançada de dados… Estes são apenas alguns nichos que as emergentes de TI começam a invadir, iniciando a ocupação de searas antes praticamente privativas das grandes marcas globais.
Na citada reportagem tratou-se, por exemplo, da SolarWinds, uma nova companhia, com forte especialização em sofisticadas ferramentas de gerenciamento de performance e monitoramento de falhas em redes, que avança a largos passos junto a usuários que antes tinham de despender esforços desproporcionais ao seu porte para obter estas soluções junto aos grandes players. Diz a reportagem que a empresa já entra de forma visível também em alguns dos maiores usuários do planeta.
Já em uma outra reportagem, desta vez na InternetNews, de janeiro deste ano, os clientes apontam que existe uma falta de visibilidade (que poderia ser traduzida em funções e referenciado time to value). A matéria acrescenta que os produtos das grandes empresas já não são bons o suficiente, pois novas premissas, como desacoplamento das aplicações frente ao hardware, exigem novas formas de gerenciamento.
Na mesma carona, seguem empresas como vKernel, Veeam, PlateSpin (recentemente adquirida pela Novell) e mais a Fortisphere, Idera, Sirana, Commvaut, Kernel, Symark e tantas outras, que embarcam em bloco na estratégia de oferecer alto agregado tecnológico associado a baixo preço e aderência ao legado. Aderência ao legado, esta que é a principal via de acesso ao orçamento de TI antes restrito aos grandes.
Ao ingressarem nesses ambientes já consolidados, os novos players funcionam exatamente como elementos de rápida evolução e flexibilização, oferecendo ao gestor de TI a agilidade, independência e inovação (esta aliás, uma nova premissa) que não existe lá onde eles encontram segurança e garantia de continuidade para os seus investimentos, que são as 30 maiores empresas de TI do planeta.

André Facciolli é diretor da NetBR, fornecedora de produtos e serviços de TI.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.