Bancos de dados de código aberto ameaçam domínio da Oracle, mas disputa deve ser acirrada

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A Oracle declarou que os resultados financeiros do quarto trimestre e de todo o ano fiscal de 2015, que serão divulgados no dia 17 deste, devem ficar abaixo das estimativas. A empresa atribui o fraco desempenho à valorização do dólar em vários dos mercados nos quais atua. Embora a justificativa, em parte, seja procedente, outro fator tem contribuído para a queda nas vendas da fabricante de software — a crescente preferência das empresas de menor porte por tecnologias e bancos de dados de código aberto.

Um estudo divulgado em março deste ano pelo site TechRepublic confirma o rápido crescimento desses bancos de dados nos últimos anos. O levantamento mostra três exemplos de software open source —MongoDB, NoSQL e Cassandra — que concorrem diretamente como bancos de dados tradicionais, como o MySQL, da Oracle (embora seja considerado open source pela empresa), o SQL Server, da Microsoft, e o DB2, da IBM.

Segundo o levantamento, o MongoDB é hoje um dos bancos de dados mais populares do mercado, considerando o número de menções em mídias sociais e artigos na mídia. Pelo mesmo critério, a posição da Oracle permanece mais ou menos constante, enquanto o DB2 da IBM vem registrando declínio. Bastante popular também é o Cassandra, desenvolvido pelo Facebook para lidar com os enormes volumes de dados e cuja tecnologia foi concebida pela Amazon e Google.

Outro levantamento, este realizado pela Bloomberg, em junho passado, revela que a startups preferem tecnologias open source em detrimento da Oracle, por exemplo. O estudo, feito com 20 startups norte-americanas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais, mostra que "nenhuma delas indicou ter feito uma grande implantação de banco de dados Oracle para seus principais serviços, embora muitos bits sejam usados ??do software da empresa para executar algumas operações".

O impacto que as tecnologias de banco de dados de código aberto pode ter sobre as receita da Oracle, Microsoft e IBM não é nada despresível. Para se ter uma ideia, a venda de licenças e suporte ao banco de dados da Oracle no quarto trimestre fiscal de 2015 respondeu por 49% das receitas globais da companhia. Assim, a interrupação do modelo de negócio de assinatura de software causaria enorme impacto na receita e nas perspectivas de ganhos da fabricante de software.

De acordo com David Wolff, o CEO da consultoria de banco de dados Database Specialists, "a única coisa que as pessoas querem saber sobre o banco de dados da Oracle é quanto custa", segundo o site Business Insider. O especialista diz que os custos da Oracle ficam na faixa de US$ 2 mil a US$ 10 mil por computador para fornecer funcionalidades extras do MySQL, um banco de dados open source.

Outro exemplo vem de Matt Pfeil, cofundador da empresa de software DataStax, que afirma que um cliente que pagava aproximadamente US$ 500 mil em licenças do software da Oracle mudou para o banco de dados da DataStax e agora paga cerca de US$ 90 mil para um projeto comparável. Casos como este, segundo ele, mostram que o custo desempenha um papel importante nessa indústria.

Nos últimos tempos, os bancos de dados de código aberto também tem ganhado a preferência dos fundos de investimentos. Em fevereiro, a MariaDB, empresa de banco de dados open source, levantou US$ 3,4 milhões do Runa Capital, fundo russo de capital de risco. A empresa oferece uma plataforma entre os bancos de dados MySQL e o NoSQL.

Outra a receber aporte foi a DataStax, que levantou US$ 106 milhões no fim do ano passado para expandir suas operações. Do mesmo modo, a MongoDB e a Couchbase levantaram US$ 231 milhões e US$ 115 milhões, respectivamente, em 2014. Segundo a empresa de consultoria de mídia Market Research, os gastos com a tecnologia NoSQL em 2013 totalizaram US$ 1 bilhão, cifra que deve atingir US$ 3,4 bilhões em 2020, o que explicaria o motivo dessas empresas estarem atraindo enormes investimentos.

Avaliação criteriosa

Mas, apesar da evolução dos bancos de dados de código aberto, especialistas alertam para um fator-chave que as empresas devem observar ao considerar uma mudança de suas bases de dados: a dependência da empresa do banco de dados, juntamente com os custos associados na mudança para outro banco de dados, é um risco significativo que muitas vezes supera os benefícios de escolher um software open source.

No geral, frisam os especialistas, as empresas acham mais fácil substituir um banco de dados de código aberto por outro, em vez de deixar o Oracle ou SQL Server, que vêm com uma etiqueta de preço substancial. Pode parecer contraditório, mas o custo significativo do produto da Oracle é a sua maior defesa. Quando o MySQL foi lançado foi um sucesso, pois permitia manipular facilmente enormes cargas de trabalho que exigiam escala. No entanto, como a tecnologia avançou rapidamente, alternativas como MongoDB passaram a fazer parte do mix de alternativas para as empresas que buscam baico custo.

Mesmo com o crescimento dos fornecedores de banco de dados open source, o banco de dados da Oracle ainda desfruta de uma lealdade considerável. Muitos CIOs o descrevem como "o melhor banco de dados para transações". Além disso, percebendo a crescente popularidade da computação em nuvem, a Oracle lançou a versão 12c banco de dados em 2013 — "c" refere-se a seus recursos de nuvem. Portanto a briga está apenas no início.

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