Espionagem dos EUA dá margem ao surgimento de 'data centers secretos' como contas na Suiça

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Data centers com conceito similar ao das polêmicas contas secretas na Suíça devem ganhar terreno no mercado em decorrência da denúncia de existência do programa de espionagem eletrônica e telefônica Prism, da Agência Segurança Nacional (NSA) dos EUA e do FBI (polícia federal americana). A opinião é de Mateo Meier, diretor-executivo da Artmotion, empresa de hosting suíça, que, segundo ele, registrou um aumento significativo de novos clientes desde que a notícia sobre Prism veio a público.

De acordo com o executivo, muitos dos novos clientes dizem que está aumentando a desconfiança em relação aos provedores de nuvem sediados nos EUA, especificamente por causa de programas de vigilância do governo. "As últimas semanas têm sido bastante impressionantes para nós", disse Meier em entrevista ao The Washington Post, ao observar que as empresas já estão tomando medidas para levar seus dados para lugares onde acham que vão estar a salvo de olhares indiscretos.

A Suíça é conhecida por abrigar inúmeros data centers, em parte por causa do clima frio, já que as "fazendas" de servidores consomem menos energia para serem refrigeradas. Mas Meier disse que a Artmotion teve um forte crescimento no ano passado também por outra razão: por estar sediada no país significa que os dados armazenados não estão sujeitos à regulamentação por parte da União Europeia. Devido à neutralidade da Suíça, qualquer informação está sujeita às leis sobre privacidade e proteção de dados do país, cuja reputação é de manter absoluto sigilo sobre informações pessoais. A agência de proteção de dados suíça, por exemplo, reserva-se o direito de interromper a transferência de dados transfronteiras, se achar que o país beneficiário "não pode fornecer um nível adequado de proteção de dados".

Meier disse que a procura por data centers do país já vinham ocorrendo antes de vir à tona a existência do Prism. Segundo ele, muitos clientes procuraram a Artmotion com preocupações específicas sobre privacidade de dados, muitas vezes porque os seus servidores de dados tiveram algum tipo de problema de segurança. "Mas o rápido aumento tem sido verificado nas últimas três semanas. Notamos que os clientes estão preocupados com o momento", disse Meier.

Os clientes da Artmotion não são os únicos a demonstrar preocupação com os dados armazenados nos servidores de empresas americanas. A União Europeia, por meio de sua vice-presidente da Comissão Europeia para assuntos digitais, Neelie Kroes, disse em comunicado na semana passada que a espionagem viola a confiança, e se os clientes europeus de serviços de nuvem não podem confiar no governo dos EUA, então talvez eles não tenham como acreditar em provedores de nuvem dos EUA também. "Esse é o meu palpite. E se eu estiver certa, então a consequência para as empresas americanas será a perda de vários bilhões de euros."

2 COMENTÁRIOS

  1. Um absurdo ler um artigo desses, por uma razão mutio simples: não se "esconde" fisicamente um usuário. Isso só é possível através do "mascaramento" do IP (endereço de internet) de acesso. Se O datacenter está conectado a um backbone (acesso à internet), qualquer usuário pode ser encontrado…marketing de baixo nível para a empresa…

    • Caro Fernando,
      Acho que vc não entendeu o artigo. Não se trata de esconder usuários, mas de proteger seus dados de ingerência judicial.
      Claro que ainda é possível hackear os dados, mas não de forma legal, como por exemplo no Brasil, onde volta e meia a justiça obriga Google e Facebook a "abrir" contas de usuários. Na Suíça, o buraco é muuito mais embaixo…

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