Dando a entender que o Groupon e o negócio de compras coletivas – ou de ofertas diárias por cupons, como é mais conhecido nos Estados Unidos – é uma bolha na qual os bancos de investimentos têm interesse –, o The Wall Street Journal publicou uma análise que deve deixar os investidores mais preocupados com o futuro da oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), liderada pelo Morgan Stanley.
O jornal americano avalia que, mesmo para os padrões das chamadas pontocom, o IPO do Groupon foi “insignificante em termos de número de ações vendidas”. Para isso, o diário lança mão de um estudo da consultoria Dealogic, que remonta a 1995, o qual mostra apenas três empresas do setor nos EUA registraram uma porcentagem menor de suas ações em seus IPOs. A Palm vendeu 4,7% de suas ações em uma oferta de US$ 1 bilhão; o Portal Software comercializou 6,2% em uma oferta de US$ 64 milhões; e a Ciena vendeu 6,2% em uma oferta de US$ 132 milhões. E, em seguida, aponta o Groupon, que vendeu 6,3%, como parte de sua oferta de US$ 805 milhões.
Estes percentuais estão bem abaixo da média de 21% para os 50 IPOs maiores de empresas de tecnologia desde 1995, de acordo com a Dealogic. Mas a consultoria diz que a estratégia do Groupon de utilizar o free float (negociar apenas um percentual de ações que não pertencem a acionistas estratégicos, como controladores e diretores da companhia, e acionistas que detenham mais de 5% do capital total da empresa) não é nova. Dois outros grandes IPOs de empresas de internet realizados neste ano, o do LinkedIn e da Pandora Media, também venderam um número limitado de ações, apenas 9,4% do total em circulação para ambas as empresas. As negociações também foram lideradas pelo Morgan Stanley.
Considerando as dúvidas sobre o modelo de negócio do Groupon, a fim de garantir um dia de negociação forte dos papeis da empresa no IPO, os investidores não enfrentram apenas o free float, mas também redução da meta de avaliação original. No pregão da última sexta-feira, 4, as ações do Groupon fecharam cotadas a US$ 26,11 cada, 31% acima do preço do IPO. Isso coloca a capitalização de mercado do Groupon em cerca de US $ 17 bilhões, ou cerca de oito vezes a receita estimada para o próximo ano. O que é promissor, segundo o The Wall Street, considerando que os negócios diários da empresa ainda não são lucrativos e que o crescimento parece estar diminuindo rapidamente.
A principal vantagem competitiva do Groupon – que é a sua imensa força de vendas – está sendo corroída por rivais como Google e LivingSocial, diz o jornal americano. Além disso, observa que a desaceleração do crescimento ameaça o modelo de negócio da empresa. O Groupon fica com uma parcela da receita do que é vendido diariamente pelos comerciantes por um período de tempo e usa esse dinheiro para alimentar sua máquina de marketing. Isso, diz o texto, funciona apenas quando o negócio está crescendo, o que significa que os pagamentos advindos de novos negócios estão entrando mais rápido que os pagamentos de compras antigas estão saindo.
Esperava-se que o IPO poderia financiar uma série de custos de marketing e tirar essa pressão da empresa. Mas a oferta limitada de ações deve equilibrar o preço dos papeis, dando pouca folga de caixa. A oferta de ações do Groupon em grande quantidade estará disponível para venda somente após o período de bloqueio das vendas internas, que expira em maio do próximo ano.
Outro IPO de empresa de internet muito aguardo é o da Zynga, empresa de games on-line. Segundo o jornal é também pode frustrar as expectativas, considerando que a companhia também enfrenta desaceleração do crescimento e a rival Electronic Arts, que subitamente começou a ameaçar o seu domínio. Os investidores também devem esperar que a Zynga, do mesmo modo, utilize o free float, já que o processo novamente está sendo liderado pelo Morgan Stanley.