Invenção e inovação no Brasil

0

A bicicleta apareceu pela primeira vez nos desenhos de Leonardo da Vinci no século 15. Mas a ideia somente foi patenteada em 1818. Apesar de funcionar, a bicicleta não se popularizou até que a percepção de insegurança fosse eliminada e que a produção em massa fosse viabilizada pela revolução industrial.

Invenção não é inovação. Invenção é o puro ato de criação de conhecimento. Inovação ocorre quando uma invenção causa um impacto positivo na vida das pessoas e atinge sucesso comercial. Inovação requer todo um ecossistema favorável para que possa emergir e florescer de forma sustentável. Observando diversos países do mundo. Notamos que o ecossistema de inovação inclui universidades, governo e empresas de diversos portes. Gerar pesquisas relevantes, formar núcleos de competência em áreas estratégicas, fomentar políticas agressivas de isenção fiscal e proporcionar um ambiente seguro para a criação de propriedade intelectual e implementação de startups são alguns dos itens indispensáveis para que esse ecossistema funcione e se desenvolva.

Israel trilhou este caminho com maestria e gerou um ecossistema de inovação vibrante e autossustentável: a Universidade de Jerusalém recebe anualmente US$ 1 bilhão por ano em royalties, oriundos das empresas ali instaladas. Israel investe 4,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Em 2009, Israel tinha 3.8 mil startups, ou uma empresa de tecnologia para cada 1.8 mil israelenses.

No Brasil, investimos 1,2% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento mais da metade do dinheiro oriundo de instituições públicas. O governo tem muitos programas e políticas de incentivo à inovação que incluem formação de recursos humanos (Programa RHAE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), linhas de crédito (BNDES), incentivos (Lei da Inovação, Lei da Informática, Lei do Bem) e promoção de exportações (Apex-Brasil). Apesar das políticas existirem, acessar esses recursos ainda não é trivial.

Comparativamente a Israel e aos Estados Unidos, o setor privado brasileiro ainda não abraça inovação como prática necessária à competitividade. Poucas empresas consideram suporte a startups uma forma de investimento de alto retorno. Investimentos de private equity existem. Mas a prática ainda não é prevalente. O conhecimento é fundamental à inovação, mas não precisa necessariamente originar-se in-house. Investir em startups, firmar parcerias com universidades e colaborar com outras empresas inovadoras são maneiras de o setor privado contribuir para gerar inovação , lucro e benefícios para a sociedade e a economia brasileira.

A inovação necessita de todo um ecossistema favorável para emergir e florescer. É importante que tanto o setor público como o setor privado nacional abracem a inovação como urna alavanca para melhorar a competitividade. Gerar empregos e renda, e criar indústrias capazes de afetar positivamente o futuro do país.

Fernando Martins é presidente da Intel Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.