Espionagem deve gerar perda superior a US$ 35 bilhões a empresas de TI dos EUA em 2016

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O programa de espionagem do governo americano, revelado pelo ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, Edward Snowden, deve resultar numa perda para os fornecedores de serviços de computação em nuvem e outras empresas de tecnologia maior do que o inicialmente estimado, de acordo com uma projeção feita pela Information Technology and Innovation Foundation (ITIF).

Há dois anos, a fundação, que é financiada por gigantes do setor como Intel, Microsoft e outras, havia estimado que as revelações de Snowden poderiam significar até US$ 35 bilhões em vendas perdidas e outras despesas até 2016, devido ao fato de que muitas empresas e governos devem optar por não comprar produtos de companhias de TI norte-americanas.

Agora, após revisar os dados, a ITIF calcula que o prejuízo "provavelmente será muito superior", já que muitas empresas dos EUA estão sendo "forçadas" a construir data centers no exterior para tranquilizar os clientes estrangeiros que suas informações estão a salvo dos olhares indiscretos no governo dos EUA e garantir que cumprirão as leis internacionais de soberania de dados. "Abrimos as portas para a perda enorme de dinheiro porque a política de vigilância dos EUA não mudou em praticamente nada", disse Daniel Castro, vice-presidente da ITIF, ao The Wall Street Journal.

As revelações de Snowden também contribuíram para impulsionar os negócios dos fabricantes de software e prestadores de serviços europeus, que anteriormente tinham mais dificuldade para competir com rivais norte-americanas, como Amazon.com e Microsoft. Quase dois anos atrás, a concorrência era mais difícil, segundo Oliver Dehning, CEO da fabricante de software segurança antispameuropeGmbH. Segundo ele, as revelações de espionagem da NSA foi um "presente do céu", e nos deu "uma oportunidade de contra-atacar e proteger nosso mercado doméstico".

"A proteção de dados sempre foi um tema sensível, mas agora é ainda mais depois das revelações de monitoramento pela NSA", disse Steve Phillips, CIO da Avnet, uma distribuidora de produtos eletrônicos, que registrou receita de US$ 28 bilhões no ano passado. A Avnet não teve como migrar os dados dos clientes para cumprir os regulamentos locais, mas Phillips disse que está acompanhando o debate na Europa sobre a possibilidade dos governos obrigarem as empresas estrangeiras a armazenar dados de empresas europeias em data centers locais. Cerca de 30% das vendas da Avnet são provenientes da Europa. "Nós estamos monitorando de perto essa discussão", disse ele.

Reflexos na corrida presidencial

A questão é tão delicada que poderá influenciar a corrida presidencial nos EUA em 2016. "Quando os candidatos saírem em busca de doações, terão de enfrentar perguntas de executivos sobre a vigilância e a política comercial dos EUA", disse Castro, da ITIF. Para as empresas de computação em nuvem, construir sites "mais descentralizados" aumenta os custos operacionais. "A Amazon, por exemplo, está construindo novas instalações em Frankfurt e a Microsoft, em Viena", disse Jon Atkin, diretor-gerente da RBC Capital Markets.

Outro exemplo é o da fabricante de eletrônicos de consumo Belkin International que recentemente contratou a Salesforce.com para migrar os dados de clientes da empresa para servidores instalados em vários locais na Rússia, para cumprir às exigências de uma nova lei russa que exige que os dados de seus cidadãos sejam armazenados localmente.

No mês passado, a fornecedora de nuvem Rackspace reviu para baixo as expectativas de receita para o atual trimestre, em parte porque um cliente importante africano exigiu a transferência de seus dados para um data center da empresa no Reino Unido, devido às leis de soberania dados.

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