Em clima de guerra, operadoras de cabo se defendem das teles

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No seu segundo dia, a NCTA Cable 2006 começou a responder, de forma mais agressiva, às investidas das empresas de telefonia, que avançam sobre o mercado de TV a cabo com serviços de vídeo. O evento é o maior encontro da indústria de cabo nos EUA, e acontece esta semana em Atlanta.

Basicamente a resposta das empresas de cabo é: as incumbents são e sempre foram monopolistas, não gostam de competir e agora posam de vítimas para que consigam vantagens regulatórias sobre as empresas de TV paga.

O ponto central da questão está nas licenças para explorar o mercado de cabo, que nos EUA são concessões locais e que as teles querem ter o benefício de conseguir em plano regional ou nacional (e estão conseguindo, em alguns Estados).

Kyle McSlarrow, presidente da NCTA, a associação nacional de operadores, foi quem deu o recado. "Suportamos qualquer mudança de regra que leve a uma desregulamentação do mercado, mas desde que isso se aplique a nós e aos nossos competidores de forma isonômica". A NCTA promete manter a briga com as teles, "sem deixar de responder a nenhum ataque ou a nenhuma campanha negativa".

Para a NCTA, as mudanças regulatórias que estão sendo propostas precisam, primeiro, ser boas para os usuários, e depois, isonômicas do ponto de vista competitivo. "Essa é uma indústria que sempre representou mudança e inovação.

Entramos na era digital e começamos a oferecer serviços de voz muito antes das teles apresentarem seus press releases sobre a oferta de vídeo", diz McSlarrow.

Mas os disparos mais agressivos não vieram do representante institucional da indústria, e sim dos engenheiros das principais operadoras.
"É claro que temos competição com as teles, eles têm 95% do nosso mercado de voz", ironiza David Fellows, CTO da Comcast. "No campo do vídeo, eles não estão trazendo a fibra até a casa do assinante.

Eles estão trazendo uma fibra até algum lugar e depois entrando na casa do assinante com cabo coaxial. E é exatamente isso que as empresas de cabo fazem", diz. Interessante notar que, nos EUA, nenhuma das grandes operadoras de cabo sequer considera o risco de competição por redes ADSL.

"Acho que hoje as operadoras de cabo têm uma rede muito melhor do que a rede das teles simplesmente porque a nossa rede existe, e a deles ainda não. Claro que você deve levar a sério alguém que tem bilhões para gastar e que vai investir em infra-estrutura, mas o que for que eles façam, nós teremos condições de fazer", diz Mike LaJoie, da Time Warner.

"A nossa rede de cabos foi destruída pelo Katrina em New Orleans. Tivemos que refazê-la do zero, e estudamos todas as arquiteturas possíveis, para fazê-la no estado da arte. E sabe o que descobrimos? Que uma rede HFC seria o ideal sob todos os aspectos", diz Chris Bowick, CTO da Cox.

Neutralidade

Com o crescimento dos serviços baseados em redes banda larga, como os de VoIP e portais que oferecem download de conteúdos, uma discussão importante que está por surgir nos EUA é a da neutralidade da rede, ou seja, se as redes banda larga devem se comportar da mesma maneira para os diferentes serviços ou não.

"Na minha opinião, isso é impossível, porque tecnicamente temos que garantir determinadas qualidades em serviços que vendemos, e isso vai significar que a rede não será igual para todos", diz LaJoie, da Time Warner. "Internet é um mundo de coisas sem dono que trafega por redes privadas. Não tem como querer ser neutro".

Nos EUA, ao contrário do Brasil, é muito comum que as redes banda larga dêem menos prioridade para serviços externos, como Skype. Também há operadores de cabo cobrando para dar um acesso de melhor qualidade a determinados portais ou serviços de busca.

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