Operadoras norte-americanas de cabo dizem não temer teles

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Um fenômeno muito parecido com o que se viu em 1996, quando a DirecTV entrou para valer no mercado norte-americano de TV por assinatura, pode ser visto nesta edição da NCTA Cable 2006, o principal evento da indústria de cabo dos EUA, que acontece esta semana em Atlanta.

Os operadores estão evitando tocar no problema da entrada das teles no cenário competitivo, ou pelo menos, trazer a questão para o primeiro plano.

Mas se a entrada das empresas de telecomunicações no mercado de TV por assinatura norte-americano não foi um tema central da sessão de abertura da NCTA Cable 2006, principal evento da indústria de cabo dos EUA, o mesmo não se pode dizer do debate entre CFOs, também realizado neste domingo, 9/4, durante o evento.

Os principais executivos da área financeira das operadoras manifestaram claramente, entre suas preocupações, a percepção de que existe uma competição batendo à porta das operadoras.

"Mas acho que não precisamos nos preocupar com a competição o tanto quanto o mercado financeiro quer que nos preocupemos. Afinal, enfrentamos a concorrência do satélite há 10 anos e continuamos aqui", diz John Martin, CFO da Time Warner.

"IPTV não é um produto, é uma tecnologia. Não há nada que as empresas de telefonia estejam pensando em oferecer que nós já não façamos e que possamos fazer ainda melhor", diz.
Paul Kagan, moderador do debate, concorda, mas lembra que a resposta dada pelo cabo à competição do DTH não foi o crescimento da base.

"As empresas de TV a cabo não perderam assinantes como se previa, mas praticamente não cresceram, ainda que tenham conseguido dobrar com outros serviços a receita por assinante".
Quando as empresas de telefonia entraram no mercado de banda larga, lembra John Abbot, CFO da Insight, as previsões também eram ruins para o cabo.

"Não perdemos espaço, crescemos. Mas em termos de banda larga, nem sei se podemos chamar o que eles (as teles) fazem de broadband", diz Mike Huseby, CFO da Cablevision.

"Quando se olha os casos das empresas e telecomunicações que oferecem triple play, vemos que eles praticam preços semelhantes aos das empresas de cabo. Mas o serviço deles certamente é pior", diz John Alchim, da Comcast.

"Eles ainda precisam chegar a uma oferta de pelo menos 20 Mbps para começarem a soar como uma ameaça real, porque até agora, a briga é entre eles mesmos, para dizer quem faz primeiro serviços de vídeo", completa.

Mesmo com essas demonstrações de confiança, o mercado financeiro parece não ter sido muito generoso com as empresas de TV a cabo nos últimos meses, e as ações das companhias listadas em bolsa estão com os valores bem abaixo do que se poderia esperar.

"Acho que hoje existe no mercado financeiro um preocupação excessiva com o que vai acontecer com a entrada das empresas de wireless, por exemplo, na nossa área. Há uma preocupação de que tenhamos que melhorar nossas redes para competir com as teles que estão instalando fibras. Mas nada disso é exatamente um problema", considera Martin, da Time Warner. "Em relação ao mercado móvel, não temos que ter uma operação de celular. Precisamos de parcerias para fazer com que o usuário tenha um serviço completo, e isso está acontecendo".

Em relação ao mercado de telefonia, os CFOs estão animados. "Estamos há dois anos com o VoIP e o sucesso é imenso. Hoje, nossa receita com o assinante triple play é de US$ 115, e 50% das novas vendas já são para os três serviços ao mesmo tempo", diz Huseby, da Cablevision. "Hoje temos 40% dos nossos clientes assinando dois serviços nossos e 7% assinando três produtos. Ou seja, dá para crescer muito ainda".

As operadoras de cabo dos EUA sabem que existem muitas oportunidades para aumentar a receita, mas reconhecem que não é simples transformar tecnologia em dinheiro. "Temos mais potenciais de receita do que somos capazes de oferecer com qualidade", diz a Time Warner. Mas os operadores também estão preocupados que uma competição desequilibrada possa ser um problema para elas.
O principal ponto em questão são as licenças estaduais, que estão sendo dadas aos operadores de telefonia para a exploração do mercado de TV por assinatura, enquanto as nossas licenças são locais.

"Competir é bom, mas é bom que seja em um patamar equivalente, e por isso é preocupante quando uma empresa de telecomunicações tem condições diferenciadas", diz Martin

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