Competitividade estimula certificação profissional

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A busca desenfreada de maior competitividade nas empresas brasileiras acelera também a corrida por certificações numa área com elevado potencial de crescimento no País – o gerenciamento de riscos de projetos. Entidades nacionais e internacionais, além de provedores de serviços de TI se empenham em oferecer cursos para capacitação e certificação de profissionais que atuam hoje em atividades mais propensas a risco, e que, portanto, precisam de um gerenciamento melhor.

"O alvo são as companhias que querem ir ao mercado de forma mais arriscada, querem aumentar a participação em segmentos altamente competitivos, ou desejam promover mudanças organizacionais de forma mais acelerada, além de empresas com culturas mais conservadoras, avessas a riscos, mas que também levam muito em conta a perspectiva de risco", avalia Luis Augusto dos Santos, presidente da PMI-Project Management Institute, uma das maiores instituições globais dedicadas ao fomento da atividade de gerenciamento de projetos, que de 11 a 13 de agosto, realiza o Congresso Mundial do Project Management Institute América Latina, evento que reúne mais de mil associados da entidade no continente.

Segundo ele, atualmente, mais de mil profissionais de diversas empresas já estão inscritos no programa de certificação em gerenciamento de riscos, aberto este ano, mas a expectativa é que esse número aumente consideravelmente no próximo ano. Os programas da PMI não exigem graduação universitária, mas aos profissionais que desejam se inscrever é exigido 7,5 mil horas de trabalho em equipes de gerenciamento de projetos. O investimento é pessoal: o profissional paga 550 dólares ao apresentar seu currículo no site do PMI, nos Estados Unidos, e se aprovado, desembolsa mais 3 mil reais na preparação para a certificação, que pode ser feita em instituições de ensino associadas à entidade, como a Fundação Vanzolini, FEA, FAAP e Mackenzie, entre outras.

"Muitas empresas, como Volkswagen, IBM e Bradesco, por exemplo, estão incentivando seus profissionais a fazer essa especialização, pois estão cientes de que a tendência será cada vez mais o gerenciamento de projetos, e não mais de produtos", afirma Santos.

Questão estratégica

De maneira geral, os gerentes de projetos vivem um momento de expansão do seu mercado de trabalho. Atualmente, existem várias opções no mercado brasileiro para quem busca maior qualificação e certificação nessa área, fornecidas tanto por entidades sem fins lucros, como a PMI, e a Associação Brasileira de Gestão de Projetos (ABGP), criada por profissionais de Curitiba (PR), que oferece quatro níveis de certificação da IPMA (International Project Management Association), como também por metodologias internacionais que dão suporte aos programas de forma, caso da Prince2, uma certificação britânica exigida para fornecedores de empresas estatais da Grã-Bretanha, representada no país pela Elumini.

No Brasil, provedores de serviços de TI, como a Módulo também investem nessa especialização, principalmente na área de gestão de risco, em função das exigências do mercado e das exigências reguladoras internacionais (Sarbanes-Oxley e Basiléia II) e obrigações governamentais. "Conhecer e tratar os riscos deixou de ser uma necessidade técnica e transformou-se em uma questão estratégica para as organizações", diz o apelo da Módulo para seu programa de certificação "Gestão de Riscos em TI utilizando a ferramenta Módulo Risk Manager", aberto no Rio de Janeiro e São Paulo.

A Módulo conta hoje com vários casos de sucesso na área de gestão de riscos e de processos de conformidade, entre os quais estão Cemig, Melitta e Nossa Caixa. Na Technip, uma multinacional francesa que figura entre as cinco maiores corporações mundiais no setor de petróleo, gás e engenharia química, construção e serviços, com 23 mil empregados e faturamento de 7,9 bilhões de euros em 2008, por exemplo, a empresa se encarregou de fazer a avaliação e análise de todas as áreas de risco da companhia para melhorar a segurança de seu sistema de informações. O principal foco, segundo Rodrigo Agia, consultor de segurança da Módulo, foi a verificação dos níveis de segurança e das áreas de risco dos canteiros de obras e demais sites da empresa.

Valorização profissional

O gerenciamento de projetos, inclusive as novas certificações que passaram a cobrir áreas importantes, como riscos e cronogramas, exigem profissionais competentes e atualização constante, mas são bem recebidas por empresas de vários segmentos. Um estudo realizado com de cerca de 200 profissionais de empresas e instituições públicas, entre elas a Petrobrás, Nestlé, Companhia Vale do Rio Doce, Votorantim, BNDES, Natura, Gerdau, IBM e HP, mostra que a área de projetos é cada vez mais valorizada por transformar as estratégias em resultados efetivos. "As empresas estão descobrindo que são os projetos, e não os processos, os verdadeiros responsáveis por transformar as estratégias em resultados efetivos", comenta Américo Pinto, que coordenou o "Estudo de Benchmarking em Gestão de Projetos", desenvolvido pelo PMI.

Um exemplo ocorre no segmento de telefones celulares, em que a velocidade de um fabricante em desenvolver e lançar produtos diferenciados determina o seu sucesso ou fracasso no mercado. "Se a empresa, por meio de uma gestão de projetos eficiente, consegue reduzir o tempo de desenvolvimento e lançamento de seus produtos, estabelece uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes", avalia Pinto. Segundo o coordenador do PMI, 65% dos responsáveis pelos projetos das empresas que participaram do estudo já possuem a certificação em gerenciamento de projetos.

No Brasil, são mais de quatro mil profissionais já certificados, a maioria com salários na faixa de 7 a 12 mil reais, incluindo benefícios. Guilherme Prata Brito, gerente sênior da Ci&T, empresa especializada em software e serviços de TI, é um profissional dessa nova geração. Depois de dois anos de preparação, Brito obteve a certificação PgMP (Program Management Profissional), que atesta as competências dos gerentes de programas para gestão de múltiplos projetos. "Esse selo do PMI, obtido através de um rigoroso processo com três diferentes avaliações, será um diferencial muito apreciado pelas empresas, no Brasil e no exterior", diz ele.

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