Da paralisia psicológica aos 100 metros rasos

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Crise contida, os mercados tomando fôlego e um segundo semestre que começou mais parecendo uma corrida de 100 metros rasos, sem barreiras, com todos correndo na velocidade da retomada dos investimentos. Para aqueles que trabalham com TI, não é diferente, um verdadeiro "tsunami" de oportunidades de novos projetos traz de volta a esperança para os profissionais da área.
Mas não foi fácil chegar até aqui. Quando se é submetido a uma situação de forte estresse as pessoas normalmente reagem de três maneiras: ou enfrentam, ou fogem ou ficam paralisadas de medo. No auge da crise, aconteceu o que chamo de "paralisia psicológica" e, mesmo quem ainda não tinha sido afetado, já estava cortando investimentos, custos, demitindo pessoas… Os bancos ficaram cautelosos, pois havia uma percepção de risco grande com a saúde financeira de importantes empresas brasileiras, o crédito sumiu e o ritmo da indústria chegou a cair à quase 19%.
Houve demanda para TI? Sim, embora pequena se comparada ao ano anterior. As empresas buscaram investimentos, principalmente, em projetos com maior viés de redução de custos ou que fossem básicos e essenciais para tocar seus negócios. Daí a conseqüência em soluções de infra-estrutura de TI, que tiveram menor demanda neste período.
Por outro lado, a tentativa de aquecimento da economia pelo governo brasileiro foi muito válida. O incentivo de redução de impostos dado às empresas de produtos da linha branca e ao setor automobilístico, foi extremamente importante. Inclusive, projetos de TI alinhados a governo aconteceram com muita intensidade. Igualmente, comércio eletrônico para melhorar as vendas, sistemas de gestão e de melhoria de controles como business intelligence (BI) foram mais prioritários para ajudar os executivos a gerir melhor seus negócios.
Bem fizeram aqueles que souberam, e puderam, aproveitar o momento para arrumar a casa, fazer todos os ajustes necessários, treinar seus profissionais. Internamente, por exemplo, aproveitamos o momento para nos fortalecer e aperfeiçoar, profissionalizamos ainda mais toda a nossa área de controladoria e governança. Não paramos de investir um só momento, inclusive em novos negócios, e tivemos o privilégio de não precisar demitir. Posso dizer que estamos com uma equipe estruturada para atender à demanda, que é maior do que antes da crise e já retomamos as contratações.
Agora, o mercado está novamente aquecido e, minha percepção, é que tudo o que foi engavetado no primeiro semestre está sendo colocado em prática. Por isso, acredito que o velho ditado que diz que "depois da crise vem a bonança" é corretíssimo. Arrisco dizer que este período de dificuldade teve um saldo positivo para o mercado, que adquiriu maior maturidade. Nos fornecedores que procuraram novos diferenciais para competir na eficiência e nos benefícios que a TI pode proporcionar aos negócios, e nos clientes, que com os orçamentos reduzidos, foram mais criteriosos nas escolhas dos projetos e, entenderam que há mais ganhos quando se decide trabalhar com as empresas de TI que sabem a importância de ser um parceiro de negócios de longo prazo.
Se o país tomar as providências para evitar uma crise cambial que pode ser causada pela sobrevalorização do real, acredito que 2010 será um ano de crescimento acelerado e cheio de oportunidades para as empresas e profissionais que trabalham com TI. Em um Brasil com taxa de crescimento projetado acima dos 4%, com os casos de sucesso recentes na bolsa de valores, com a visibilidade que os eventos como a copa do mundo e as olimpíadas trouxeram e, com a imagem positiva do país pela forma como saiu da crise, só vejo cenários positivos para o próximo ano. Crise no ano que vem? Acho que nem que o Dunga perca a copa!!!
*André Luiz Nadjarian é diretor comercial e de marketing da Kaizen.

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