iPhone 3G acirra briga com BlackBerry no mercado corporativo

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Quando a Apple lançou o iPhone 3G na sua emblemática loja de Londres, também se formou a previsível fila de pessoas, ansiosas para comprar o smartphone, como aconteceu em outros países. Entre os fãs do aparelho, além de geeks e aficionados, estavam três homens, todos manuseando seus BlackBerrys, conforme descreve uma brilhante reportagem publicada pelo jornal britânico Financial Times. Quando perguntados por que estavam em pé naquela fila, antes das 8 horas, eles disseram em coro: "Porque este maldito é feio", mostrando o aparelho da Research In Motion (RIM).

Um consultor chamou seu BlackBerry de "clunky" (algo como desajeitado, tosco) para justificar a sua permanência na fila, enquanto outro executivo disse que o iPhone tornaria mais fácil a comunicação com seus clientes. Mas todos desgostosos principalmente com o minúsculo teclado padrão qwerty e o navegador web do BlackBerry.

A Apple lançou o iPhone 3G já sabendo disso e decidida a roubar uma fatia do mercado corporativo do BlackBerry, com a introdução de novas funções, melhoria da segurança, possibilidade de acesso a e-mail e de aceitar softwares de terceiros. Mas a RIM, fabricante do BlackBerry, promete dar uma resposta em breve, oferecendo um telefone ainda mais "amigável" ao consumidor, o Bold, previsto para ser lançado na próxima semana, e que terá uma multimilionária campanha de marketing, cujo slogan será "A vida em um BlackBerry", o que, segundo analistas ouvidos pelo jornal, deve impulsionar o aparelho para além do núcleo empresarial.

Na verdade, as duas fabricantes estão lutando para obter a escala necessária para tornar o negócio de smartphone competitivo, depois dos recentes resultados decepcionantes para os investidores. O BlackBerry ainda exerce, de longe, o domínio no mercado corporativo, mas está começando a enfrentar a feroz concorrência de empresas menores, que oferecem aparelhos mais baratos com o sistema operacional para dispositivos móveis da Microsoft, o Windows Mobile. A Apple definiu como meta vender 10 milhões de iPhones 3G em todo o mundo, o que poderá se tornar mais difícil se ainda se perder terreno no chamado mercado de consumo, onde a RIM vem tentando se consolidar.

O analista da consultoria Nomura, Richard Windsor, observa que a tentativa do BlackBerry de atingir o mercado de consumo não foi particularmente bem-sucedida. Imbatível no envio de e-mail, o BlackBerry, no entanto, ainda fica a dever em outras funções, como Media Player, o que o deixa atrás de muitos outros dispositivos, como da Nokia ou Sony Ericsson. "A Apple desenvolveu um dispositivo cuja experiência de uso para o consumidor nenhum outro se aproxima", salienta Windsor, acrescentando que a RIM terá muito trabalho para alcançá-lo, além de expandir a sua capacidade de fabricação e distribuição, bem como melhorar o design.

De acordo com os analistas, os novos modelos poderão ajudar o BlackBerry a atrair novos consumidores. O BlackBerry Bold, por exemplo, tem tela de alta resolução, uma câmera aperfeiçoada e revestimento com material emborrachado. Tal como o iPhone, opera tanto em redes 3G quanto Wi-Fi, e cujo design é melhor para assistir vídeos e navegar na web.

Para o analista da Strategy Analytics, Andrew Brown, a Apple está em boa posição para derrotar a RIM, porque manteve o iPhone simples e acessível. Por outro lado, os usuários do BlackBerry têm milhares de downloads de aplicativos para escolher. O problema é que a RIM depende de terceiros para distribuir software compatível e oferece a seu consumidor um pouco mais além do que aplicações do Facebook. Os desenvolvedores também têm dificuldades para operar com a plataforma devido as suas rígidas exigências de segurança – um aspecto crítico para as corporações.

Entretanto, uma pesquisa feita com cerca de 600 funcionários da Dave, uma consultoria empresarial de Londres, revela que dois terços deles acham o BlackBerry mais confiável do que o iPhone, e que a maioria escolheria o aparelho da RIM para o uso pessoal do que o iPhone como ferramenta de negócio. Por fatos como este é que o analista da consultoria Nomura, Richard Windsor, acha que será mais fácil para os consumidores do BlackBerry mudarem para o iPhone do que Apple ingressar no mercado corporativo.

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