Telecom Itália nega acusações de Dantas em depoimento à CPI

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O esperado silêncio do banqueiro Daniel Dantas, em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, não ocorreu. Protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantia ficar calado, Dantas não deixou sem resposta nenhuma pergunta formulada pelos parlamentares.

Na opinião de alguns deputados, ainda aproveitou o depoimento "para passar vários recados", como avaliou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), autor do requerimento que convocou o banqueiro. Entre os recados passados por Dantas, Fruet apontou a citação dos 25 milhões de euros que a Telecom Itália teria distribuído no Brasil para políticos e autoridades governamentais.

O banqueiro atribuiu a abertura de investigação da Operação Chacal, da Polícia Federal, em outubro de 2004, a uma articulação feita pela Telecom Itália, com o objetivo de abafar e impedir as investigações em relação à empresa Kroll. "A Telecom Itália articulou para que a operação da Kroll não prosseguisse. O objetivo era suspender, parar com a investigação", disse Dantas.
Segundo ele, a Telecom Itália teria distribuído "25 milhões de euros de propina no Brasil" e que a investigação da Kroll teria o objetivo de identificar para quem teria ido o dinheiro.

Na abertura dos trabalhos da CPI, Daniel Dantas abriu mão de fazer uma exposição inicial e colocou-se à disposição dos deputados para responder aos questionamentos. Dantas disse que é réu em três ações: uma, por ter contratado a empresa Kroll com o objetivo de espionar autoridades do governo e empresários; outra, acusado de contratar escutas telefônicas clandestinas; e a terceira, refere-se à Operação Satiagraha, da Polícia Federal, na qual ele é acusado de crimes financeiros, corrupção e formação de quadrilha.

Daniel Dantas negou que tenha sido o mandante dos grampos telefônicos de adversários empresariais. De acordo com ele, a Telecom Itália foi quem contratou a empresa de investigação Kroll. "A Brasil Telecom [à época controlada pela Telecom Itália, entre outros sócios] contratou a Kroll por ser a mais requisitada da área", disse.

Ele negou que tenha havido grampos telefônicos. Ele afirmou que, no processo que corre na Justiça Federal sobre o caso, não há referências a grampos telefônicos.

Segundo Dantas, na disputa estavam a Brasil Telcom e a Telcom Itália, sócias na época, e, para resolver a questão, a Justiça determinou que a empresa deveria ser vendida por US$ 800 milhões. Quem venceu a disputa foi a Brasil Telecom, que havia oferecido US$ 750 milhões e teve de pagar US$ 50 milhões a mais pela companhia Rio Grandense de Telecomunicações.

A função da Kroll era investigar para onde teria ido esse valor pago a mais pela Brasil Telecom, segundo o banqueiro. "US$ 800 milhões saíram dos cofres da Brasil Telecom e foram para os cofres da Telefônica da Espanha, e daí podem ter tido destinos distintos. A função da Kroll era investigar se esse dinheiro teria tido um destino ilícito", explicou o banqueiro.

Em comunicado, a Telecom Itália negou as acusações feitas por Dantas. Na nota a operadora diz que "nega e refuta as acusações realizadas pelo senhor Daniel Dantas durante seu depoimento na CPI das Escutas Telefônicas (CPI dos Grampos), em audiência pública, no Congresso Federal". E prossegue dizendo que a atual diretoria da Telecom Itália está tomando as medidas necessárias para pleno esclarecimento dos fatos à sociedade. "A administração da Telecom Itália, que assumiu em dezembro de 2007, está tomando ciência da questão e se coloca à disposição para colaborar com as autoridades e chegar à verdade dos fatos", finaliza a nota.

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