Livro analisa o fenômeno Web 2.0

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O livro "O Conhecimento em Rede?, da editora Campus, de Marcos Cavalcanti e Carlos Nepomuceno, professores do MBA de Gestão de Conhecimento da Coppe/UFRJ, o primeiro no país a analisar o fenômeno da Web 2.0, será lançado dia 1º de março, no segundo dia da Conferência Web 2.0.

Carlos Nepomuceno, um dos autores apresentará a palestra ?A Web 2.0 como fator de desenvolvimento brasileiro?, dia 28/02, no primeiro dia do encontro, às 16 horas.

O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos, já entrou na lista dos 10 mais vendidos na área de negócios da editora.

Carlos Nepomuceno detalha nessa entrevista, o conteúdo do livro e da palestra:

P – Afinal, o que provocou a Web 2.0?

Carlos – A Web 2.0 surge como um conceito para explicar a mudança ocorrida no perfil dos usuários, que passaram, depois da banda larga, por volta de 2004, a ficar mais tempo on-line e exercer o potencial interativo da Internet, que sempre existiu e ficava restrito aos que tinham uma conexão melhor. Ou seja, a massa agora está interagindo.

P – Existem muitas opiniões do que é afinal a Web 2.0, qual é a sua?

Carlos – Acreditamos que a Internet cumpriu uma primeira etapa de povoamento e agora ela vai se consolidar na sua verdadeira vocação: o primeiro meio de interação do ser humano, que permite a comunicação do muitos para muitos.

Trata-se de um novo paradigma da comunicação humana, uma quebra que só havia ocorrido no mundo nessa magnitude com a invenção da prensa por Gutemberg, na Alemanha, por volta de 1500. Mudanças de paradigma como aquela provocaram grandes revoluções e quebras de hierarquias e monopólios. A revolução industrial, francesa, americana e russa foram filhas dos livros e dos jornais, sem os quais não aconteceriam.

A Internet entra agora no ciclo das massas. As quebras de monopólio na indústria da música, do software, cinema, publicações, comércio, telecomunicações é apenas o começo.

Veremos que por trás destas mudanças sempre estiveram grandes comunidades em rede em escala planetária, conspirando, se articulando e produzindo mudanças, como foi o caso da própria Internet, que não é fruto de nenhuma grande empresa, ou do Linux, do Kazaa, MP3, Amazon, Google, Skype.

Contar a história destas pequenas Tsunamis sem levar em conta o papel das comunidades em rede para que atingissem a escala global é tapar o sol com a peneira.

P – Quais são as conseqüências da Web 2.0 para o futuro?

Carlos – As comunidades em rede ganham valor. A compra do YouTube em 2006 por um bilhão e seiscentos milhões de dólares é apenas um sinal do que vale um grupo de pessoas, dentro de um ambiente inteligente, produzindo coletivamente inteligência.

As empresas adotarão estes novos conceitos, internalizando os Orkuts para as Intranets e nos seus portais, pois será o único caminho para ser competitivo em um mundo de rápidas mudanças.

Criar comunidades internas e externas, envolvendo os consumidores, será a chave do sucesso.

O Estado, por sua vez, muda também, pois será gerido por comunidades em rede, nas quais o cidadão terá sua identidade visual, através de blogs e comunidades e poderá opinar, aprender coletivamente e decidir os rumos da sua vida, em temos locais e planetários.

O objetivo da Web 2.0, enfim, é gerar inteligência coletiva. Quem dominar esta técnica, irá longe.

Na sua palestra ?A Web 2.0 como fator de desenvolvimento brasileiro? como o país pode se aproveitar deste fenômeno?

Somos um povo com uma enorme capacidade de interação e o fazemos de forma natural. Está no nosso sangue. O Orkut é um exemplo: 70% dos integrantes mundiais são brasileiros. Nós somos o povo que mais fica tempo na Internet.

É como um poço de petróleo inexplorado.

Temos a capacidade de comunicação e relacionamento que nenhum outro povo tem. Somos bem articulados e isso conta a nosso favor. Os outros terão que vencer suas barreiras culturais, além da organização da rede. Temos a habilidade de trabalhar em rede e de interagir.

Precisamos saber transformar o que hoje é entretenimento e exibicionismo em conhecimento e participação. Se aliarmos estas metas ao planejamento estratégico do país, deixaremos de dar pulinhos e podemos dar os grandes saltos que precisamos.

No livro, vocês abordam num capítulo a ferramenta livre ICOX como propulsora desse processo, poderia falar dela?

O ICOX é um software livre para gerenciar comunidades em rede, que pretende ajudar os profissionais de informação, comunicação, educação, tecnologia e conhecimento na implantação de projetos para o desenvolvimento do conhecimento em rede em instituições públicas e privadas.

O produto é coordenado pelo Instituto de Inteligência Coletiva ? ICO, linha de pesquisa do MBKM ? MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE – Centro de Referência em Inteligência Empresarial, vinculado à Coppe/UFRJ e desenvolvido pela Pontonet Consultoria em Internet. E recebeu apoio da Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), através do Programa Rio Inovação. Recebe ainda o apoio da Infoglobo e da Socid.

O software estará em exposição na 1ª Conferência Web 2.0, apresentando a nova versão 1.2, que já conta com ferramentas como blog, comunidade, enquete, Chat.

O produto pode ser baixado pela Internet (www.icox.org.br) e já utilizado em qualquer servidor web, que tenha PHP, Apache e MySQL.

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