Varejistas adotam etiquetagem antifurto

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A etiquetagem na origem, técnica que consiste na aplicação de etiquetas antifurto nos produtos durante o seu processo de fabricação ou embalamento, está se consolidando mundialmente como principal recurso contra furtos no varejo.

De acordo com a Tyco Fire & Security, empresa americana especializada em soluções eletrônicas de segurança, até o fim do ano 4,7 bilhões de produtos chegarão às lojas já protegidos, número 18% maior em relação a 2004. Os resultados foram apresentados durante o 1º Encontro Latino-Americano de Etiquetagem na Origem, realizado em Cancún, no México.

Não faltam motivos para esse crescimento. A etiquetagem na origem não só reduz o risco de furtos como também contribui para a diminuição dos custos operacionais (por eliminar a necessidade de se alocar espaço e funcionários para fazer esse procedimento nas lojas) e acaba com a necessidade de confinamento dos itens de maior risco em balcões ou prateleiras, aumentando o potencial das vendas. Portanto, à medida que a adoção das etiquetas antifurto cresce no varejo, a tendência é de que a sua aplicação já na linha de produção seja estimulada.

De acordo com a Tyco, atualmente 66,5% dos principais varejistas mundiais utilizam etiquetas antifurto Ultramax para proteger suas lojas. Destes, 37% têm os seus produtos etiquetados na origem. Na América Latina, embora o número de empresas utilizando a etiquetagem represente apenas 18%, a taxa de retorno sobre o investimento tem sido uma das mais altas. Enquanto 45% das companhias tiveram retorno em menos de 12 meses, a média global foi de 26%. A diferença comprova os altos índices de perdas dos varejistas do continente e os ganhos que a etiquetagem é capaz de proporcionar ao permitir que os produtos sejam expostos nas gôndolas sem impedimentos.

Um exemplo prático desses benefícios está na comercialização de DVDs no México. Conforme explica Federico De La Garza, diretor geral da Warner Home Vídeo México, a etiquetagem na origem substituiu com amplas vantagens os estojos plásticos utilizados tradicionalmente para proteger os produtos nas lojas. "Embora eficientes contra os furtos, os estojos prejudicavam a visualização e tornavam os produtos pouco atrativos. Isso sem contar com o seu volume, que limitava número de títulos disponíveis nas prateleiras", destaca. "Por meio da etiquetagem na origem, os DVDs ficaram 'livres', possibilitando aos varejistas aumentar o número de títulos, criar novos planogramas e displays mais atraentes."

Segundo De La Garza, esses benefícios valorizaram os DVDs como oportunidade de negócios para os varejistas. Sem ter de se preocupar com os furtos, as empresas se dedicaram a tornar a seção mais atrativa. O resultado foi um aumento significativo nas vendas do produto, que hoje gira em torno de sete unidades por residência/ano.

Para o gerente de projetos de etiquetagem na origem da Plastrom Sensormatic, Luciano Medeiros Raposo, o mercado brasileiro apresenta as mesmas oportunidades de crescimento. "Os fabricantes de CDs e DVDs estão avaliando a adoção da etiquetagem, o que deve ocorrer em alta escala já no ano que vem", afirma. Ele estima que os benefícios para o varejo devem ser semelhantes a outras categorias, em que houve uma redução de 20% a 30% dos custos operacionais e aumento de até 40% na comercialização. No Brasil, a média de vendas de DVDs é de três unidades por residência/ano.

Quem compartilha dessa opinião é o presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Sussumu Honda, que participou do 1º Encontro Latino-Americano de Etiquetagem na Origem junto ao um grupo de empresários brasileiros. "Os supermercados estão perdendo competitividade por causa das perdas. Por qualquer descuido elas podem superar os 2% de faturamento e é difícil recuperar esse prejuízo depois", destaca. "Conhecendo a experiência de varejistas de outros países, ficou clara a eficiência e a importância dessa técnica para combater as perdas."

Por esse motivo, a APAS está apoiando a formação do Núcleo de Etiquetagem na Origem (NEO). O grupo (que tem entre os seus participantes Wal Mart, Pão de Açúcar, Lojas Americanas, COOP, Muffato, Modelo e Zaffari) tem por objetivo tornar mais ágil o processo de etiquetagem na origem no Brasil. No dia 27 de setembro, os representantes do NEO vão se reunir na sede da APAS para eleger o comitê executivo e definir as metas da entidade.

"O NEO é uma forma organizada de implementar a etiquetagem na origem no Brasil, estimulando varejistas e fabricantes a trabalharem em conjunto para acelerar o processo", acredita Paulo Polesi, diretor de loss prevention do Wal Mart Brasil. A empresa já recebe em suas lojas cigarros, óculos de sol, ferramentas elétricas, aparelhos de DVD, suprimentos de informática e bijuterias já protegidos pelos fabricantes, o que reduziu as perdas em 40% e aumentou as vendas de algumas categorias em até 25%.

Para José Sarrassini, diretor da regional da APAS de Ribeirão Preto e presidente do Supermercado Gimenes, o NEO deve buscar o equilíbrio de custos entre a indústria e o varejo, o que vai contribuir para tornar mais ágil o processo. "E quanto maior a escala da etiquetagem, menores serão os custos." Ricardo Rodrigues Franco, gerente de manutenção e obras e responsável pela área administrativa da Coop – Cooperativa de Consumo, espera que o NEO contribua para reduzir os custos operacionais das lojas e, ao mesmo tempo, aumente as vendas dos produtos com maior risco de furto. "A etiquetagem acaba com a necessidade de confinamento, medida que reduz as vendas em até 50%", afirma.

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