Reino Unido fica fora, pela primeira vez, do ranking dos melhores países para se investir

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Pela primeira vez em sete anos, o Reino Unido ficou fora do ranking dos cinco melhores países para se investir. O motivo da exclusão é o receio das empresas internacionais em relação a decisão do país de sair da União Europeia (UE), que ficou conhecida como "Brexit" (british e exit), bem como a complexidade que deve gerar aos negócios, de acordo com o Global Capital Confidence Barometer (barômetro de confiança do capital global), relatório mais recente da Ernst & Young, baseado em pesquisa com mais de 1,7 mil executivos seniores em 45 países do mundo.

O estudo da consultoria internacional, realizado entre agosto e setembro e divulgado nesta segunda-feira, 17, aponta como os países que têm o ambiente mais favorável para se fazer investimentos e negócios os Estados Unidos, China, Alemanha, Canadá e França. "Os líderes empresariais estão preocupados com questões geopolíticas, como a ascensão de governos nacionalistas em todo o mundo e as flutuações cambiais, o que torna as fusões e aquisições transnacionais mais difíceis", diz a EY.

No auge das discussões quando se aproximava o plebiscito no Reino Unido, em junho, as incertezas em relação a taxa de juros dos EUA e as eleições em vários países ampliaram a percepção de riscos para os negócios. "O Brexit é um exemplo proeminente de mudanças geopolíticas que estão adicionando complexidade aos investimentos transnacionais", salientou Steve Krouskos, vice-presidente global de serviços de consultoria da EY. "No longo prazo, esperamos que o Reino Unido se recupere no ranking de destinos escolhidos para se investir, mas no curto prazo a incerteza faz com que os investidores façam uma pausa para reflexão."

Mais de 90% dos executivos entrevistados esperam que as fusões e aquisições melhorem ou permaneçam estáveis no próximo ano, com foco em negócios menores nas indústrias de tecnologia, consumo e varejo, produtos industriais, automotiva, petróleo e gás e ciências da vida, de acordo com o relatório. Dois dos três maiores negócios de 2016 no Reino Unidos foram anunciados nesta segunda metade do ano.

Em julho, a companhia japonesa de tecnologia SoftBank firmou acordo para comprar a projetista britânica de chips ARM por US$ 32,2 bilhões dinheiro. A aquisição é parte da estratégia do grupo japonês de ganhar musculatura para disputar o mercado de Internet das Coisas por meio do investimento no segmento de máquinas conectadas à internet.

Um mês depois, em setembro, foi a vez da Micro Focus, fornecedora de serviços e ferramentas de desenvolvimento de aplicativos de negócios, assinar acordo para fusão de suas operações com a Hewlett Packard Enterprise (HPE), em uma transação avaliada em aproximadamente US$ 8,8 bilhões. A previsão é que o negócio, que ainda está sujeito à aprovação dos acionistas e órgão reguladores e de defesa da concorrência, seja concluído no terceiro trimestre de 2017

"A incerteza criada pela Brexit afetou, sem dúvida, o investimento no Reino Unido", disse à Bloomberg Charles Rix, sócio e chefe da área de fusões e aquisições do escritório de advocacia Hogan Lovells. "Olhando para o futuro, a questão é como os investidores vão pesar a incerteza gerada pela Brexit, sem falar em fatores como a desvalorização da libra esterlina."

O mercado de fusões e aquisições no Reino Unido movimentou cerca de US$ 208 bilhões neste ano. O volume é 55% menor que o registrado no mesmo período do ano passado, mas mesmo assim nada desprezível para qualquer economia.

Startups sem financiamento

Mas não é apenas perdas com a redução de fusões e aquisições que o Reino Unido deve enfrentar. Dados recentes, consolidados pelo jornal britânico Financial Times, mostram que as startups de tecnologia podem perder também uma fonte fundamental de financiamento com a decisão do país de sair da União Europeia.

Uma dessas fontes é o Fundo Europeu de Investimento (FEI), instituição criada pela UE em 1994 e que opera a partir de Luxemburgo com uma equipe de cerca de 400 pessoas. O FEI, que tem bancos comerciais e outras entidades financeiras entre seus acionistas, investiu mais de 2,3 bilhões de euros (o equivalente a 2 bilhões de libras esterlinas) em startups do Reino Unido entre 2011 e 2015.

A entidade tem financiado startups do Reino Unido através de uma rede de fundos de capital de risco que apoiam empresas de tecnologia nascentes com possibilidade de sucesso. Além disso, as empresas de capital de risco britânicas também recebem financiamento de fundos de pensão, seguradoras e outros investidores institucionais, mas essas fontes são menos constantes e costumam a se afastar de investimentos de risco em tempos de incerteza econômica, como ocorreu na crise financeira de 2008.

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