Redes móveis de transmissão, tecnologia IP e o desejo de oferecer todos os tipos de serviços estão redirecionando as estratégias das operadoras de telecomunicações. De acordo com o Gartner, porém, a busca das operadoras em aderir às novas tendências, traz o risco de construírem unidades que não são seu negócio e de investir em tecnologias imaturas. Para o instituto de pesquisas, no futuro, a maioria das operadoras terão que se empenhar para obter lucros com uma margem muito menor do que elas têm hoje.
De acordo com o estudo, nos últimos anos as operadoras puderam depender do crescimento elevado dos serviços móveis ou de banda larga, mas enfrentam agora uma queda na evolução das receitas. O Gartner prevê que o crescimento anual das receitas totais com serviços tradicionais, como de voz comutada (que representam 80% do mercado global de telecom) encolherá apenas 1,7% em 2010. De todo modo, o instituto de pesquisa projeta que a expansão das receitas com esses serviços será modesta nos próximos quatro ano, passando US$ 1,3 trilhão em 2006 para US$ 1,5 trilhão em 2010.
Em conseqüência desse recuo, o Gartner avalia que nos próximos anos mais operadoras irão investir em novos mercados, como de mídia e tecnologia da informação, para compensar a perda de receita com serviços tradicionais de telecom. Como exemplo dessa tendência, o instituto cita a entrada recente da Telecom Italia na área de mídia, com a assinatura de acordos com a Fox, MGM e a Sony para a distribuição de conteúdo, visando aumentar a demanda para conexões de banda larga fixas. Outros sinais nesse sentido são a parceria entre a British Telecom Global Services e a HP para a oferta integrada de serviços de TI, e a entrada da operadora de telefonia móvel sul-coreana SK Telecoms no mercado de criação de conteúdo com a aquisição da gravadora musical YBM Seoul Records.
O Gartner adverte, entretanto, que mais do que a metade dessas novas iniciativas falharão, porque muitas operadoras têm conhecimento limitado de sua base de assinantes e freqüentemente não entendem o novo modelo de negócio. ?Esse tipo de diversificação embute um elevado risco de perda de foco, em especial nas prioridades do negócio principal, tais como a retenção do cliente e o corte de custo. Além disso, não há nenhuma garantia de que a receita crescerá no longo prazo?, diz Martin Gutberlet, vice-presidente da pesquisa do Gartner. O analista diz que, devido ao alto risco de falha, o Gartner está recomendando às operadoras definir com cuidado essas estratégias e o potencial de risco.
Como referência, Gutberlet cita exemplos de companhias que experimentaram os desafios de se arriscarem em áreas distintas de seu negócio. A ESPN, canal americano de TV a cabo especializado em esportes, por exemplo, abandonou seu serviço móvel após menos do que um ano de operação, devido ao número decepcionante de assinantes. A E-Mais da Alemanha enfrentou sérios problemas por causa de falhas após ter lançado o portal iMode.