CEO da Cisco envia carta a Obama condenando práticas da NSA

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O CEO da Cisco John Chambers enviou carta ao presidente dos EUA Barack Obama na qual se queixa da Agência de Segurança Nacional (NSA), com base em relatos de que o órgão de inteligência intercepta hardware de rede fabricado nos EUA destinado clientes estrangeiros para instalar componentes de backdoors (portas dos fundos), que permitem a NSA bisbilhotar comunicações.

"Nós simplesmente não podemos funcionar desta maneira", escreveu Chambers na carta ao presidente, notícia que foi publicada em primeira mão pelo jornal britânico Financial Times e obtida pelo The Wall Street Journal.

A carta é datada de 15 de maio. Chambers estava programado para falar em San Francisco, na Califórnia, nesta segunda-feira, 19, durante encontro anual para clientes da fabricante de equipamentos de rede.

Documentos da NSA, que descrevem as interceptações, foram publicados em trechos de um livro escrito por Glenn Greenwald, repórter do jornal The Guardian, que fez as denúncias com base em documentos vazados pelo ex-colaborador da NSA, Edward Snowden.

Um documento distribuído junto com o livro mostra uma fotografia de equipamentos da Cisco em uma instalação da NSA, não revelada, sendo abertos para instalar as backdoors. "Enviamos nossos produtos a partir de locais no interior, bem como para fora dos Estados Unidos, e, se essas alegações forem verdadeiras, essas ações vão minar a confiança em nossa indústria e a capacidade das empresas de tecnologia dos EUA de entregar produtos globalmente", escreveu Chambers.

O CEO da Cisco chamou de "um novo conjunto de regras da estrada" a necessidade de criar normas que garantam limites apropriados que possam servir aos objetivos da segurança nacional e, ao mesmo tempo, atender às necessidades do comércio global.

O conselheiro geral da Cisco, Mark Chandler, também escreveu um post no blog da empresa, na semana passada, na esteira das revelações. "Por uma questão de política e prática, a Cisco não opera com qualquer governo, incluindo o governo dos Estados Unidos, para enfraquecer os nossos produtos", escreveu. "Quando detectamos uma vulnerabilidade de segurança, nós respondemos corrigindo-a e, informando os nossos clientes."

Alegações sérias

A Juniper Networks, outra grande fabricante americana de equipamentos de rede, publicou a sua própria declaração, na esteira das revelações na semana passada. "Como já foi referido anteriormente, a Juniper Networks leva alegações desta natureza muito a sério. Para ser claro, nós não trabalhamos com os governos para introduzir propositadamente fraquezas ou vulnerabilidades em nossos produtos", disse a empresa em um comunicado.

"Como uma empresa que atua de forma consistente com os mais altos padrões éticos, temos o compromisso de manter a integridade e segurança dos nossos produtos", acrescenta o documento.

Há cerca de dois anos, o governo dos EUA proibiu a compra de equipamentos de rede da fabricante chinesa Huawei Technologies por causa da possibilidade instalação backdoors que poderiam ser exploradas por agências de inteligência chinesas. Greenwald observou que a NSA, o tempo todo, está fazendo a mesma coisa.

A NSA emitiu uma declaração em razão dos relatos sobre intercepção de hardware exportado. "Embora não possamos fazer comentários específicos, as supostas atividades de coleta de informações pela NSA, em qualquer tecnologia, segue regras de inteligência estrangeiras. Os Estados Unidos prossegue na sua missão de uso da inteligência com cuidado para garantir que os usuários inocentes dessas mesmas tecnologias não sejam afetados."

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