O novo profissional de TI e telecom na era do conhecimento

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Existem duas mudanças revolucionárias, silenciosas e interligadas, ocorrendo no ambiente das empresas de telecomunicações e TI. A primeira diz respeito a um aumento da importância das atividades com maior conteúdo intelectual. A segunda mudança está relacionada ao novo perfil desejado dos profissionais que exercerão essas atividades.

As atividades profissionais podem ser classificadas em três tipos: transformacionais, transacionais rotineiras e transacionais complexas (tácitas). Nas atividades transformacionais há predominância de atividades repetitivas como, por exemplo, aquelas associadas à manufatura e produção em massa. Já as transacionais rotineiras abarcam atividades mais complexas que podem ser automatizadas, tais como serviços contábeis e cálculos em geral. E, por fim, as atividades transacionais complexas ou tácitas englobam atividades de alto teor intelectual como as atividades de tomadas de decisão de médicos, juízes e profissionais de telecomunicações e TI, em que a geração de valor pela transformação de informação em conhecimento ainda não é passível de automatização.

Em países mais desenvolvidos existe uma tendência da extinção de postos de trabalhos transformacionais e uma maior criação de postos associados às atividades transacionais complexas ou tácitas. Uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey com centenas de empresas dos Estados Unidos revelaram algumas questões interessantes:

1. Os maiores salários dos EUA são de profissionais cuja atividade exige mais conhecimentos tácitos.
2. Nos EUA, entre 1998 e 2004, 70% dos postos de trabalho foram criados para profissionais cuja atividade exige mais conhecimento tácito e 30% foram direcionados para atividades transacionais rotineiras. Nesse período, não houve criação de postos de trabalho nos EUA para aqueles que exercem atividades de predominância transformacional.
3. Uma maior variação no lucro operacional líquido (Ebitda) foi encontrada em empresas que exigem mais conhecimentos tácitos, como é o caso de organizações de desenvolvimento de software.

Uma maior variação observada do lucro operacional líquido de organizações americanas que necessitam de profissionais de maior capital intelectual mostra um cenário antagônico no qual se por um lado algumas empresas obtêm um excelente retorno financeiro, outras amargam grandes prejuízos. Nesse ponto é que se destaca a necessidade da identificação do perfil ideal do profissional de telecomunicações e TI que gere valor e atenda às necessidades das organizações na era do conhecimento, facilitando que se obtenha a efetividade e a lucratividade desejadas.

Mesmo nos países menos desenvolvidos também existe uma tendência de diminuição dos postos de trabalho transformacionais e uma expansão nos postos de trabalho transacionais rotineiros e tácitos. Além disso, existe uma clara tendência de valorização de profissionais de maior capacidade intelectual que gerem valor para organizações de telecomunicações e TI.

Para melhor gerenciar organizações de telecomunicações e TI é de suma importância conhecer as habilidades técnicas e comportamentais dos profissionais na era do conhecimento. O perfil do profissional cobiçado pelas organizações de telecomunicações e TI será o tema do nosso próximo artigo.

Luis Fernando Ramos Molinaro é professor Doutor da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB).

Colaboraram Marcelo Stehling Castro, professor da Universidade Federal de Goiás, e Karoll Haussler Carneiro Ramos, consultora de empresas e mestranda da UnB.

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