TI eficiente ou TI eficaz. Qual a melhor?

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É indiscutível que a tecnologia da informação abriu, nos últimos anos, novas possibilidades estratégicas para uma vasta gama de organizações, sejam elas públicas ou privadas. Em decorrência disso, os investimentos em TI têm sido vultuosos com o objetivo de ganhar vantagem competitiva sustentável. Contudo, os ganhos reais obtidos com esses investimentos ainda são muito questionados.
Com o propósito de jogar luz sobre essa questão, uma ampla discussão sobre a eficiência e a eficácia das áreas de TI das empresas está em andamento. Alguns defendem que a TI deve ser extremamente eficiente. Outros, por outro lado, pregam a eficácia como sendo primordial. Ambas as linhas de argumentação parecem válidas e sólidas. Mas afinal, qual é a diferença entre eficiência e eficácia? Bem, a pergunta é pertinente e merece resposta.
Segundo conceitos classicamente utilizados no âmbito da administração de empresas, eficiência está relacionada com o bom uso dos recursos, ou seja, com "fazer as coisas da maneira correta". Possui, portanto, grande foco interno – ou seja, voltado para a própria área de TI. Já eficácia refere-se a atingir resultados em linha com os objetivos traçados. Está, portanto, relacionada com "fazer as coisas certas". Tem, nitidamente, foco em aspectos externos, que transpassam as fronteiras da área de TI.
A seguir um exemplo prático para ajudar a ilustrar a diferença: dois vendedores têm a meta de vender 100 unidades de um produto a cada mês. Eles utilizam seus respectivos veículos para visitar clientes. Num mês específico, ambos venderam as 100 unidades do produto. Logo, os dois foram eficazes (atingiram os objetivos – fizeram a coisa correta e esperada). Mas um dos vendedores utilizou 35% menos de combustível para realizar essas vendas. Ele foi, portanto, mais eficiente (utilizou menos recursos – fez o uso do combustível (recurso) da maneira correta).
Vale citar também alguns exemplos relacionados à área de TI. Novas metodologias de desenvolvimento de software, gestão de projetos, certificações como CMM e CMMi e ações para redução de custos e tempo de projetos constituem exemplos de iniciativas que buscam maior eficiência. Fornecer serviços de TI alinhados com a estratégia de negócio da empresa ou implantar sistemas que resolvam problemas específicos das áreas de negócio (melhorando seu resultado) são ações relacionas à eficácia.
Bem, mas afinal o que é melhor: uma TI eficiente ou eficaz? A resposta soará um tanto óbvia para muitos: ambos! Ou seja, a TI tem que ser simultaneamente eficiente e eficaz. Logo, ao mesmo tempo em que se busca maior eficiência operacional – como redução de custos e prazos, por exemplo – a TI deve estar completamente alinhada com a estratégia de negócios, produzindo resultados efetivos e, no limite, influenciando a cadeia de valor da organização. Complementarmente, a TI pode, ainda, tornar-se uma importante ferramenta para a inovação estratégica.
O problema é que atualmente a maioria do investimento em TI busca o aumento da eficiência. Mas, hoje, a TI não está limitada apenas a tecnologia. Possui também um forte viés de negócio. Portanto, somente os ganhos de eficiência não são suficientes. É preciso considerar a eficácia. Não investir em eficácia implica em não produzir resultados claros para o negócio. Daí vem a percepção de que os investimentos em TI são muito altos comparados aos ganhos alcançados.
Nesse cenário, os gastos só não serão contestados pela alta direção se a TI conseguir demonstrar seu valor agregado para o negócio. Para que isso ocorra, é necessário um perfeito alinhamento entre a estratégia do negócio e a estratégia de TI. A TI pode (e deve) influenciar o posicionamento competitivo das organizações. Mas para que isso ocorra, ela deve ser, além de eficiente, extremamente eficaz. Voltando ao exemplo dos vendedores ilustrado acima, não adianta gastar 50% a menos de combustível e vender somente metade dos itens planejados. O ideal seria economizar no combustível e vender além das 100 unidades estimadas. Esse sim é um cenário eficiente e eficaz.
*Marcelo Sales é diretor de consultoria e serviços gerenciados da Kaizen e possui mais de 15 anos de experiência no mercado de tecnologia da informação.

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