Depois de comprar a Motorola, por US$ 2,91 bilhões, no mês passado, a Lenovo agora vai concentrar esforços para entrar pra valer na briga pelo mercado de smartphones e tornar essa operação viável. "Nosso plano é tornar o negócio de smartphone rentável dentro de quatro a seis trimestres, sem eliminar postos de trabalho", afirmou o CEO da fabricante chinesa, Yang Yuanqing, ao falar sobre a estratégia no segmento de mobilidade da empresa, durante o Mobile World Congress, que acontece esta semana em Barcelona, na Espanha.
"Não se assuste com a perda de US$ 1 bilhão por ano", disse Yang, em entrevista no evento. "Vamos melhorar desde o primeiro dia. O Google é muito bom em software e serviços. Mas somos mais fortes na fabricação de dispositivos."
Com a aquisição, a Lenovo tem agora 6,4% do mercado de smartphones, pouco se comparado aos 29% da líder Samsung — a Apple, com 17%, é a segunda colocada —, mas se for levado em conta que a empresa chinesa começou sua fabricação própria de smartphones no ano passado e já é a terceira maior do mundo, as perspectivas são promissoras.
Yang acredita que as compras da Motorola e da divisão de servidores low-end da IBM, nas quais foram gastos um total de US$ 5 bilhões, possibilitarão à Lenovo ir além do mercado de computadores pessoais para se tornar uma empresa de tecnologia em geral. Mas, como observam analistas, ele terá como desafio absorver e integrar as novas equipes e conseguir economias de custo para tornar as duas unidades rentáveis.
A Motorola Mobility teve prejuízo operacional de mais de US$ 1 bilhão no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. O calendário fiscal da Motorola começará após a conclusão da aquisição. Yang disse estar otimista em relação a obtenção das aprovações regulatórias Segundo dele, a rentabilidade virá com o aumento da produção e as vendas para os mercados emergentes. "Também vamos procurar reduzir custos com comunicação interna e serviços de TI. Mas as margens brutas da Motorola são bastante decentes", disse ele.
"A Lenovo aspira a ser a número 1 do mercado mundial de smartphones", disse o diretor financeiro Wong Wai Ming, em entrevista à Bloomberg TV, mas sem estabelecer um prazo para atingir esse objetivo. "Queremos fazê-lo assim que pudermos, e fazê-lo de forma sustentável", disse. "A Motorola é uma marca muito forte, uma marca muito conhecida, com grande tecnologia, produtos e grandes relações comerciais com as operadoras. Juntamente com o nosso foco em smartphones existentes, vamos alcançar o que nos propusemos em nossa estratégia."
"Uma empresa deve focar não apenas o desempenho de curto prazo, mas também no crescimento sustentável de longo prazo", disse Yang. "Se nos concentrarmos apenas em PCs, um a dois anos depois, não podemos mais crescer. Portanto, temos de encontrar uma nova área para que possamos ajudar a gerar valor para nossos acionistas."