Reino Unido vai investigar partilha de dados de usuários do WhatsApp com o Facebook

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Apenas um dia depois de o Facebook anunciar que vai flexibilizar as regras de privacidade do WhatsApp e compartilhar os números dos smartphones dos usuários do aplicativo de mensagens, visando incrementar a publicidade móvel, a comissária da informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, que assumiu o cargo no mês passado, disse que as empresas precisam cumprir a lei de proteção de dados.

Em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, 26, ela disse: "Temos sido informados das alterações. Embora as empresas não precisem obter a aprovação prévia do Escritório do Comissário da Informação do Reino Unido [ICO, na sigla em inglês] para mudar suas abordagens, elas têm de cumprir a lei de proteção de dados. Nós estamos investigando isso".

A comissária disse que o ICO irá analisar se as duas empresas estão sendo transparente com os usuários sobre o uso e o compartilhamento de seus dados. "As mudanças que WhatsApp e Facebook estão fazendo afetará um grande número de pessoas. Alguns podem considerar que eles irão fornecer-lhes um melhor serviço, outros podem estar preocupados com a falta de controle. O nosso papel é o de puxar a cortina sobre coisas como estas, garantindo que as empresas estejam sendo transparentes com o público sobre como seus dados pessoais estão sendo compartilhados", disse Elizabeth ao site TechCrunch.

Procurado pelo site para comentar sobre a declaração do ICO, o WhatsApp disse: "Estamos ansiosos para responder a quaisquer perguntas do órgão regulador ou a outras partes interessadas sobre esta atualização".

Quando o usuário do WhatsApp é solicitado a dizer se concorda com a nova política no aplicativo, o texto que descreve o propósito do ambiente onde ele pode optar por compartilhar dados com o Facebook é o seguinte: "Compartilhar informações da minha conta no WhatsApp com o Facebook para melhorar o meu Facebook, anúncios e experiências de produtos. Seus bate-papos e o número de telefone não serão compartilhados com o Facebook, independentemente dessa configuração".

Analistas ouvidos pelo TechCrunch chamam atenção que é possível que alguém lendo essa formulação rapidamente pode pensar que seu número de telefone não será compartilhado com o Facebook. Quando na verdade ele será compartilhado com a empresa Facebook — ele só não ser exibido publicamente em na página do Facebook. Segundo eles, isso certamente parece dar algum espaço para confusão, embora ainda não se saiba se o ICO vai considerar a frase transparente ou não.

Outra área que pode ser problemática para o acordo de partilha de dados do WhatsApp com o Facebook é se as duas empresas fornecerão garantias aos órgãos reguladores sobre como lidam com os dados do usuário no momento da aquisição do WhatsApp.

Além das implicações legais potenciais, o advogado Scott Vernick, sócio e chefe de segurança de dados e prática de privacidade do escritório de advocacia norte-americano Fox Rothschild, argumenta que há uma reação inevitável "visceral" para uma mudança tão grande sobre a partilha de dados do usuário, principalmente proque a empresa tem se autodenominado como campeã da privacidade, o que em si pode ter consequências em relação à confiança e à reputação graves, se os usuários se sentirem traídos. "Eu acho que há um problema real visceral aqui, que em alguns aspectos é mais importante do que a questão legal. Não que as questões legais não sejam importantes, mas é apenas a ideia de que, como consumidores ou como usuários, continuamos supondo que há alguma coisa a perder", disse ele.

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