Com 'pés no chão', indústria do WiMax busca novos modelos

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As primeiras impressões de quem chega pela primeira vez ao WiMax World 2007, principal encontro da indústria de WiMax, que acontece esta semana em Chicago, nos EUA, é que não existe nenhum entusiasmo irracional (ou "hype", como preferem chamar os americanos) em torno das maravilhas da tecnologia, nem a esperança de que ela resolverá todos os problemas do acesso banda larga.

Pelo contrário, os discursos são, hoje, muito mais no sentido de combinar o WiMax com outras plataformas wireless de alta velocidade, como HSPA, LTE e UMB, do que confrontá-las. Uma coisa parece certa: o que os entusiastas do WiMax buscam é mais do que uma nova tecnologia de acesso banda larga wireless. O que se busca é a tecnologia certa para um ambiente em que a palavra chave é conectividade.

Assim, WiMax não é vendida aqui em Chicago como a única forma de entregar voz, internet móvel ou vídeo. "Não é só de celular que estamos falando. Temos que olhar para os outros dispositivos que também podem ser conectados. O objetivo é levar a internet para um novo lugar, não levar o celular para a internet", disse Atish Guda, vice-presidente da Xohm, braço da Sprint Nextel para o desenvolvimento do mercado de banda larga wireless.

Entre os novos lugares, todos citam as aplicações machine-to-machine e people-to-machine, ou seja, as aplicações que permitem a dispositivos estarem conectados entre si e o acesso das pessoas a estes dispositivos, de maneira remota. Isso parece ser a essência do que se enxerga como WiMax hoje, pelo menos até esse momento do evento.

A razão para o pouco "hype", que tanto caracterizou outros eventos de tecnologia que este noticiário costuma acompanhar é essencialmente econômica, como bem colocou Philip Marshall, vice-presidente do Yankee Group: enquanto aplicações como SMS rendem US$ 313 por Mbyte de dados transferidos, o serviço de acesso à internet rende muito menos: US$ 0,05 a US$ 0,10 por Mbyte de dados transferidos. Pouco, mesmo se comparado ao serviço de voz, que rende apenas US$ 0,7 por Mbyte.

Ou seja, vender uma tecnologia apenas pela sua possibilidade de acesso à internet, ainda mais considerando que outras tecnologias wireless fazem a mesma coisa, parece não ser o mais inteligente do ponto de vista dos negócios.

Ainda mais considerando que para serviços de acesso a dados, 52% dos custos passam a ser de infra-estrutura, e que a maior parte das pessoas acessa a internet de casa e do trabalho, onde já há muita oferta fixa de acesso.

Sem briga

O melhor exemplo de que talvez a discussão sobre "qual tecnologia é melhor" tenha sido um debate "WiMax e 3G HSPA/LTE". Até mesmo a Ericsson, que já disse não se interessar pelo desenvolvimento da tecnologia WiMax, tinha um discurso integrador: Martin Ljungberg, diretor de relações com a indústria e governos, disse que mesmo a empresa tendo decidido não produzir equipamentos de WiMax, "não quer dizer que não vamos participar dos debates e nem participar da oferta de serviços".

Jerold Givens, gerente geral da área de infra-estrutura wireless da Texas Instruments, diz olhar para as duas tecnologias tendo em vista que se o HSPA deve liderar o cenário por conta da escala atual, o WiMax tem muito espaço para inovação e novos modelos de negócios. A Qualcomm, que não é das maiores entusiastas da tecnologia WiMax, também diz acreditar em múltiplas plataformas para a oferta de serviços.
Para Samir Khazaka, diretor de marketing tecnológico da empresa, "o negócio está em prover muitas redes para muitas aplicações, seja para telefones e laptops ou outros dispositivos" Ele acredita que WiMax entrará como uma plataforma para as grandes redes WAN. "As tecnologias têm que estar ligadas ao orçamento, e como o custo das infra-estruturas é muito semelhantes, seja para HSPA ou WiMax, ficando a diferença apenas no terminal do usuário, tudo depende do objetivo final da rede."

Para Mo Shakouri, vice-presidente de estratégia da Alvarion e vice-presidente de marketing do WiMax Forum, tudo é uma questão de o que usar e quando usar. "Da perspectiva da indústria, há muitos modelos diferentes. Queremos apenas fazer um modelo que dê dinheiro para o operador."

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