Previsões 2019 da Indústria: Engenharia, Construção e Infraestrutura

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2019 verá um salto digital à medida que muitas empresas de construção exploram a implementação de software de gestão integrados a projetos pela primeira vez. Margens mais apertadas, escassez global de mão de obra qualificada e estreantes na indústria estão aumentando a pressão sobre as empresas de construção tradicionais para entregar maior produtividade e projetos mais integrados, e eficientes em termos de custo, no prazo, sempre.

PREVISÃO #1:
50% DE TODOS OS PROJETOS DE CONSTRUÇÃO EM TODO O MUNDO INCLUIRÃO SUPERFÍCIES MODULARES ATÉ 2022, IMPULSIONADOS PELO DESAFIO GLOBAL DA ESCASSEZ

Em março de 2018, uma nova fábrica foi aberta nos arredores de Liverpool, na Inglaterra, empregando 150 pessoas 24 horas por dia. O que ela fabrica? Casas – começando com um primeiro pedido de 81 casas e 58 apartamentos, como parte de uma meta de 450 casas no primeiro ano. E é apenas uma entre muitas. Na IFS, em 2018, tivemos quatro vezes mais atividades de clientes em relação à construção modular do que em qualquer ano anterior.

De escolas na Irlanda a prisões e hospitais nos Estados Unidos; de apartamentos de luxo sustentáveis a vastos dormitórios de trabalhadores, 2018 viu a construção modular ir muito além do hype. Em 2019, será ainda mais forte, com a escassez de moradias sendo um fator-chave. A ONU estima que mais de 2 bilhões de novas residências precisarão ser construídas nos próximos dois anos. A fabricação modular permite que casas econômicas sejam construídas mais rapidamente e em maior volume. Impulsionada por uma escassez mundial de mão de obra qualificada e habitações, o aumento da construção modular impactará enormemente a indústria da construção civil em 2019.

ESTREANTES TORNARÃO A AGILIDADE AINDA MAIS ESSENCIAL

Para começar, já estamos vendo uma onda de estreantes chegando à indústria. Por exemplo, a fábrica de casas modulares em Liverpool. Nenhum dos dois fundadores veio da indústria da construção. Um deles, Luke Barnes, era engenheiro de projetos, seu parceiro era engenheiro de software. Barnes disse aos repórteres: "Eu descobri que havia uma grande lacuna no mercado, já que não havia construtores que oferecessem a qualidade, a capacidade de entrega e os preços competitivos que eu estava procurando".

Em 2019, um número cada vez maior de empresas de construção tradicional começará a abrir fábricas modulares para se manterem competitivas. E mais novos players entram no setor – desde a fabricação, cadeia de fornecimento e logística, aos governos locais, bancos e seguradoras. Muitos poderão oferecer pacotes flexíveis financeiros e de serviços também. A pressão sobre as construtoras para se adaptarem será enorme. Elas precisarão de um controle mais rigoroso e de mais adaptabilidade em todos os aspectos de seus projetos. Provando que elas podem, se necessário, se associar a redes maiores de fornecedores, oferecer serviços e manutenção em ativos já construídos, incluir o aluguel de equipamentos e, sim, oferecer ou mesmo fabricar algumas unidades ou componentes modulares. Tudo isso contribui para uma necessidade urgente de um gerenciamento digital melhor e mais integrado, de projetos complexos e exigentes. Essa necessidade impulsiona minha segunda previsão do setor.

PREVISÃO #2:
EM 2019, MAIS DO QUE NUNCA ANTES, EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO VÃO COMEÇAR A TENTAR A INTEGRAÇÃO DE SOFTWARE EMPRESARIAL – PELA PRIMEIRA VEZ

10% das empresas de construção tradicionais podem sair do mercado nos próximos 5 anos. A concorrência em torno da entrega e produtividade será feroz. Muitas empresas se encontrarão entre a "cruz e a espada" em relação as oportunidades: por um lado, o crescimento das populações urbanas e a escassez de moradias significam mais demanda e maior número de pedidos. Por outro lado, a redução das margens de lucro e o aumento da concorrência significarão uma pressão sem precedentes sobre a produtividade e a entrega.

Como resultado, 2019 verá mais empresas passando de document-driven para data-driven. Muitos darão seus primeiros passos no digital e farão seus primeiros investimentos em sistemas integrados de negócios, como software de gestão empresarial, ou ERP. Dois principais impulsionadores transformarão os sistemas integrados de negócios, como o ERP, de "bom" para se ter, em "necessário".

QUANDO MAIS É MENOS: PRESSÃO CRESCENTE EM MARGENS

Com margens de lucro tão apertadas quanto estão agora, muitas empresas de construção sentem que quanto mais negócios entram, menos dinheiro ganham. Um recente relatório da Deloitte descobriu que as margens de lucro das empresas de construção estão sob pressão em vários submercados europeus, com a Europa Ocidental particularmente vulnerável. No Reino Unido, na Bélgica, na Holanda e na Irlanda, as margens de lucro estão tão limitadas que nem podem ser compensadas por um maior volume de pedidos. 31% dos maiores empreiteiros do Reino Unido relataram uma queda nas margens em novembro de 2017, com os 10 maiores empreiteiros do país tendo uma margem média negativa de -0,5%.

ESTREANTES: CHINA, COREIA … E AMAZON?

A concorrência global está crescendo poderosamente também, impactando duramente as empresas de construção europeias. Os 100 principais fornecedores globais de 2017 da Engineering News-Record, descobriram que as empresas europeias representavam apenas 23% das 100 maiores empreiteiras globais de 2017. Em 2010, 44% eram europeias. Compare isso com a Ásia, que subiu de 41% em 2010 para 51% em 2017, e o quadro geral é claro. A maioria dos analistas prevê que a China, a Índia e os EUA serão todos vencedores no crescimento de 8 trilhões de dólares previsto para a construção até 2030 – mas não na Europa.

Empresas como a China Communications Construction, a Hyundai Engineering & Construction e a Samsung C&T representam uma séria ameaça para grandes empresas europeias. Tomado apenas pela receita, até 2017, o Top Four e sete das dez maiores empresas de construção do mundo eram todas Chinesas. Com muitas delas capazes de oferecer pacotes de financiamento altamente competitivos e flexíveis. Como vimos, o aumento no mercado modular está trazendo novos participantes dos setores de manufatura, cadeia de suprimentos e engenharia de software. E, diante de tudo isso, quem sabe, até mesmo gigantes digitais como a Amazon ou a Uber poderiam, um dia, ver a construção como um setor maduro para disrupção? Se sim, quem colocaria dinheiro na indústria em seu estado atual para sobreviver aos desafios?

A questão principal é que muitas empresas de construção estão altamente expostas. Em 2018, vimos enormes esforços para impulsionar eficiências, aumentar produtividade e estabelecer uma entrega periódica. Em 2019, a pressão será ainda mais intensa. A necessidade de adaptabilidade nunca foi tão urgente. 2019 será o ano em que muitas empresas finalmente começarão a considerar sistemas como o ERP, não como funções isoladas de finanças de backoffice, mas sistemas essenciais e integrados que fornecem coerência, velocidade e eficiência urgentes em todo o projeto ou negócio. 2019 pode ser o ano em que a construção dará um salto gigantesco, abraçando a adoção digital.

PREVISÃO #3:
O GERENCIAMENTO DE CICLO DE VIDA DE ATIVOS DIGITAL, INTEGRANDO O BIM E O ERP, VAI EMERGIR COMO NECESSÁRIO AO FUTURO

O colapso da Carillion, uma das maiores gigantes da construção do Reino Unido, estremeceu a indústria da construção. A empresa construiu e manteve ativos importantes, como escolas, prisões, hospitais e usinas elétricas em todo o Reino Unido – antes de desabar em 1,7 bilhões de euros em dívidas, da noite para o dia, em janeiro de 2018. Enquanto os analistas debatem incessantemente como e por que, os insiders apontam para muitas falhas sistêmicas. Certamente, em uma empresa desse tamanho, espalhada por tantos projetos, parece justo dizer que, sem um sistema de gestão centralizado e integrado, seria fácil demais para a alta administração obter uma visão completa da verdade. E para essa mesma verdade ser escondida. E para os projetos serem mantidos separados e isolados, financeira e operacionalmente.

É central para empoderar o ERP que as empresas de construção sejam capazes de conectar e integrar todas as funções de um projeto – desde as finanças às operações até os projetos – permitindo a máxima adaptabilidade. Eu sempre argumentei que Building Information Modeling (BIM) será um impulsionador do gerenciamento e integração do ciclo de vida de ativos digitais. O BIM é parte integrante da mudança de um mundo document-driven para um mundo data-driven. Em 2019, acredito que veremos as primeiras empresas de construção darem seus primeiros passos para discutir como fundir e aproveitar os pontos fortes da combinação dos dois sistemas: BIM e ERP.

Muitas empresas já começaram a integrar modelos BIM em seus negócios. Mas construir o BIM sozinho, sem um sistema empresarial integrado é apenas uma pequena parte do cenário geral. Como um sistema de gestão, o ERP assume todas as funções do negócio e fornece um conjunto de dados, permitindo que ele flua através do ciclo de vida de um projeto, desde o início até o descarte, e possibilitando qualquer combinação de serviços ou gerenciamento de ativos durante o processo.

Para os fabricantes, integrar o ERP como sistema de negócios gerenciando tudo ao invés de tratá-lo como uma única ferramenta financeira, é uma notícia velha. Eles têm integrado com sucesso o CAD e o ERP há anos. No entanto, para muitas empresas na indústria da construção, essa jornada ainda precisa ser feita. Mas, 2019 verá muitas dando seus primeiros e vitais passos.

Kenny Ingram, diretor Global da Indústria de Engenharia, Construção e Infraestrutura da IFS.

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