Centros de pesquisa vão criar núcleo de inovação tecnológica

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O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e o Observatório Nacional (ON) firmaram parceria para criação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), que terá como propósito avaliar o que os três centros de pesquisa têm a oferecer e prospectar empresas e instituições que possam se interessar por seus serviços.

A primeira frente consistirá na realização de um levantamento para saber o que, em cada um deles, pode ser aproveitado pelo mercado, seja para prestação de serviços ou transferência de tecnologia. A segunda parte do trabalho é identificar, no setor produtivo, quem precisa da tecnologia produzida nesses centros de pesquisa básica e oferecer o apoio jurídico necessário (documentos iniciais para entendimentos, contratos, termos de sigilo etc.) para que um acordo seja estabelecido.

A Lei de Inovação permite que as instituições forneçam consultoria, prestação de serviços e desenvolvimento de tecnologia em parceria com empresas. O NIT vai apoiar o relacionamento dos laboratórios dos três centros de pesquisa para que estes prestem serviço à comunidade e sejam também utilizados por empresas. Além disso, ele terá o importante papel de ajudar as instituições a proteger a propriedade intelectual, auxiliando-as na elaboração de contratos e patentes.

Segundo os diretores Ricardo Galvão, do CBPF, Sérgio Luiz Fontes, do ON, e Abimael Fernando Dourado Loula, do LNCC, a idéia de fazer o núcleo em conjunto surgiu porque as três instituições trabalham com pesquisa básica e não têm como missão fundamental a transferência de tecnologia e venda de serviços. Além disso, os custos serão divididos entre as três. Para Galvão, não há uma cultura de transferência de tecnologia entre os pesquisadores brasileiros, e mudar isso é um dos desafios do NIT.

"Uma das metas é expandir nossa produção, que atualmente se restringe quase exclusivamente à publicação de artigos, passando também a transferir para a sociedade tecnologias que resultem de nossas atividades científicas. O importante agora é que o NIT seja conhecido", completa. Loula e Fontes ressaltam que implantar o núcleo é a prioridade agora. "O NIT terá o papel de identificar junto aos setores de pesquisa a assessoria que o setor produtivo precisa", acrescenta Fontes.

As verbas para o projeto virão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e serão relativas aos dois primeiros anos. O que a Finep espera é que o NIT consiga quebrar um tipo de cultura que valoriza apenas a publicação de artigos.

Segundo o coordenador do NIT pelo CBPF, Marcelo Portes de Albuquerque, o centro tem apenas cinco patentes no Inpi. "Isso é muito pouco e acontece porque não existe uma cultura que valorize a patente. O cientista brasileiro acha que precisa publicar para ser reconhecido", afirma.

Albuquerque conta que a iniciativa de associar a pesquisa básica ao setor produtivo já existe pontualmente, mas esbarra na falta de respaldo legal. "Vários empresários chegam aqui interessados em produzir tecnologia em conjunto com os pesquisadores, mas todos os esforços esbarraram em problemas burocráticos. Por isso, o NIT tem como meta a elaboração de documentos que seriam necessários para que esse tipo de relacionamento aconteça", completa.

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