Texas descarta montar fábrica de semicondutores no Brasil

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Apesar dos esforços do governo federal e da concessão de incentivos fiscais para estimular a criação de uma indústria de chips no Brasil, a Texas Instruments, uma das maiores fabricantes de chips do mundo, não tem intenção de trazer uma fábrica para o Brasil, ao menos no curto ou médio prazo. O diretor geral da fabricante para a América do Sul, Antonio Motta, diz mantém conversações com o governo, mas adianta que a empresa não tem uma previsão sobre quando terá uma linha de produção de chips no Brasil. Ele alega a existência de alguns gargalos, que não se referem somente à questão dos tributos, como fatores que impedem a montagem de uma fábrica aqui. "É claro que o custo Brasil, principalmente da mão de obra – preponderantemente por conta da carga tributária – tem um peso decisivo", pondera Motta, acrescentando que o país tem outros empecilhos que precisam se resolvidos, como a infraestrutura precária de portos, aeroportos e sistemas lentos de importação e importação, e falta de um volume maior de projetos desenvolvidos no país, principalmente na área de PCs, celulares, tablets e TVs.
Outra barreira apontada pelo executivo é a falta de projetos específicos. "O que nós sempre defendemos junto ao governo, é que ele deveria incentivar a área de chips por meio de projetos de produtos desenvolvidos aqui, que possibilitassem às empresas trazer recursos para a produção desses bens finais de chips, e modo a ampliar a participação no mercado e gerar maior volume", diz Motta. Ele diz que, a partir disso, atrelado aos incentivos fiscais, as companhias poderiam passar a criar design houses de chips no Brasil, que exigem um investimento relativamente pequeno. "Há um consenso entre as empresas de chips. O início não seria via fábricas de wafers, mas por meio de design houses", frisa.
Depois disso, diz Motta, os próximos passos seriam a criação de uma operação de encapsulamento de semicondutores, cujo investimento médio é de US$ 500 milhões, e de fabricação de wafers, que exige um aporte médio de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões. "Essas estapas já seriam mais difíceis de serem concretizadas, principalmente em relação à fábrica de wafers."
Segundo o executivo, os produtos que o governo está tentando incentivar, como os tablets e PCs, são aqueles que não são projetados aqui, daí a influência das operações brasileiras das empresas de chips nesses produtos ser muito baixa. "Praticamente zero. Nosso valor agregado ocorre mais na parte logística de fornecimento de chips", aponta Motta.
Para ilustrar, ele comenta que do volume financeiro de chips importados pelo Brasil, apenas 10% são voltados para projetos desenvolvidos localmente. Citando dados da Abinee, ele diz que dos cerca de US$ 4,5 bilhões em importação de chips em 2010, somente US$ 450 milhões foram utilizados em projetos desenvolvidos localmente.
Ao fazer um balanço da operação brasileira da Texas, Motta diz que a empresa registrou crescimento de 70% no ano passado no país, depois de ter registrado retração de 20% em 2009. Para este ano, a expectativa é crescer entre 10% e 15% no país. A empresa não revela os valores absolutos do seu faturamento por região, apenas mundialmente.

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