Pesquisador tenta desmascarar robôs que influenciam debate político

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As últimas eleições na Alemanha foram também um grande desafio para Simon Hegelich. Enquanto a chanceler federal Angela Merkel tentava se reeleger, o pesquisador da Universidade Técnica de Munique (TUM) observava a ação de um agente que poderia influenciar a corrida eleitoral: os bots. Desenvolvidos na maior parte dos casos para parecerem humanos, esses programas de computador atuam por meio de perfis falsos nas redes sociais e nem sempre são "desmascarados" com facilidade.

"Durante as eleições alemãs, nós constatamos bots ativos principalmente no Twitter", afirma Hegelich. "Pode-se dizer que cerca de 10% dos tweets com hashtag 'Merkel' foram geradas por meio desses robôs", complementa. Por outro lado, os sistemas de reconhecimento ainda não são homogêneos – diferentes sistemas indicam estimativas diversas.

Apesar do elevado número de notícias geradas por bots, ainda não se pode medir o impacto dessas mensagens na hora de o eleitor escolher o seu candidato. "A maior ameaça dos bots sociais é que eles podem distorcer as tendências e levar a decisões ruins", alerta Hegelich.

Em sua pesquisa, o cientista político Simon Hegelich tenta desvendar a influência da atual revolução digital no cenário da política. Para isso, ele desenvolve novos métodos: visão computacional, simulações, mineração de dados e machine learning. Muitos softwares usados nas análises são programados nos próprios laboratório da TUM.

Mais recentemente, uma pesquisa analisou cerca de 30 mil atividades no Facebook relacionadas ao debate de refugiados na Alemanha. O estudo concluiu que grupos de extrema direita tentavam manipular a discussão. Usuários hiperativos, humanos e bots acabaram chamando a atenção com "curtidas" sistemáticas do partido alemão AfD.

Para o pesquisador, o efeito praticamente nulo dos bots nas últimas eleições da Alemanha, em setembro de 2017, só aconteceu porque o debate sobre esse fenômeno foi amplo em todo o país.
Para o pesquisador da TUM, uma regra funciona bem em qualquer parte do mundo, independentemente do idioma: "Um público esclarecido não pode ser facilmente manipulado".

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