Fake News representam uma ameaça para as democracias da América Latina e do Mundo

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Durante o World Economic Forum Latin America, especialistas alertaram para os efeitos das fake news e disseram que a propagação rápida da desinformação, especialmente online, são potenciais ameaças para democracias e para as eleições de 2018 e 2019.

De acordo com David Alandete, diretor de Publicação e vice-diretor do El País, da Espanha, o mundo está presenciando uma máquina industrial que produz notícias falsas através de processos democráticos, desde a suposta interferência com as eleições presidenciais americanas de 2016 e no referendo do Brexit no Reino Unido, até a desestabilização na Espanha durante os movimentos de independência da Catalunha. Ele observa que o impacto pode ser significativo, especificamente na América Latina, onde os eleitores se preparam para novas eleições.

Esteban Bullrich, senador de Buenos Aires, Argentina, diz que, embora esteja preocupado com esta tendência, além de décadas de populismo e desinformação, existe uma percepção de mudança na população, que está começando a se preocupar mais com a verdade. "A mídia social e a propagação de fake news pode ser uma ameaça ou uma ferramenta para aproximar as pessoas. Estou otimista com o futuro."

A Argentina está se preparando para eleições gerais em 2019. Bullrich diz ainda que a democracia não se limita apenas ao voto a cada dois anos, a questão maior é como a população se envolve no processo, confrontando o fake news.

Leandro Machado, Co-Fundador e Sócio da CAUSE, Brasil, não se mostra tão otimista, pois acredita que o fake news representa uma ameaça para a democracia e a autoridade moral. Ele cita um estudo recente realizado pela MIT que descobriu que as notícias falsas são disseminadas mais rapidamente porque a pessoas – e não os bots (programas de computador) – estão compartilhando tweets. "Estamos correndo um risco e devemos lutar contra essa conjuntura", diz Machado, complementando que a luta contra o fake news precisa ter diversas abordagens através da educação e da imprensa livre.

Representando a imprensa, Maria Cristina Frias, colunista e membro do Conselho da Folha de São Paulo, Brasil, afirmou que a mídia esteve sob ataque e que, por vezes, o jornalismo se tornou uma atividade arriscada nessa era de fake news. "Nosso trabalho está mais relevante do que nunca. Eu acredito que a mídia profissional tem um apelo para a população. Temos que proteger nossa credibilidade."

Além de ser uma preocupação exclusiva dos eleitores, a capacidade de diferenciar entre fake news e notícias distorcidas também deve ser ensinado na infância. O fake news e a desinformação moldam as percepções e as visões do mundo, especialmente entre as crianças, diz Yuhin Park, Fundadora e CEO da DQ Institute, de Singapura.

Empresas de tecnologia, especialmente as plataformas de mídia social, têm uma função importante nesse processo. "O fake news se multiplica no Facebook e outros portais de mídia social. É importante trabalhar em conjunto com essas empresas de tecnologia para combater a desinformação", reforça Frias, enquanto Machado diz que esses sites também devem ter a responsabilidade de verificar os fatos. Park foi além e propôs uma associação entre os governos e as empresas de tecnologia para fomentar a transparência.

Mas, é uma situação que depende do ser humano, diz Bullrich. "Eu acredito que as pessoas sabem o que está acontecendo. Devemos focar mais na verdade."

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