Blockchain acelera transformação do modelo de negócio no setor financeiro

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O blockchain aproxima cada vez mais bancos, Febraban e Banco Central numa ampla discussão para aumentar a performance e oferecer novos serviços. Durante a 3ª edição do Forum Blockchain, promovido pela TI Inside, nesta quarta-feira, 16, em São Paulo, Bradesco, Itaú, BNDES e R3 estiveram reunidos apresentando as inovações e transformações tecnológicas que impactam diretamente no modo como os negócios serão realizados num futuro bem próximo e quais são os pontos a serem melhorados.

A velocidade como as organizações estão evoluindo com a nova tecnologia e a criação de blocos para compartilhamento de dados de clientes refletem a disruptura no modelo financeiro atual, um desenvolvimento que certamente levará o Banco Central a criar novas regulamentações. Para Klaus Kaiser Apolinário, analista de Pesquisa e Inovação do Bradesco, o desafio é superar a excelência do sistema financeiro nacional com o blockchain quando lembra a velocidade das transações realizadas no Brasil comparado com os outros países do mundo.

E, embora o Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB) seja uma referência global, o grupo de trabalho de blockchain do Banco Central segue avaliando diversas possibilidades de aumentar ainda mais a performance com o uso desta tecnologia, mas sempre avaliando se faz sentido para o negócio.  O consenso é unânime do ponto quando se trata de uma revolução no setor financeiro, com novos paradigmas e serviços diferenciados.

Por isso, o Itaú Unibanco conta com um modelo de atuação multidisciplinar, formado por uma equipe que trabalha para avaliar diariamente as possibilidades que a tecnologia pode oferecer, baseado em quatro pilares: educacional, voltado para evangelizar o que é e para que serve a tecnologia; Radar, monitoramento das plataformas, análise de mercado e mapeamento de novos cases; Alianças e Estratégia, onde ocorrem reuniões de caráter informativo, regulatório e estratégico; Desenvolvimento de casos, quais cases podem ser desenvolvidos e em quais áreas. Dessa forma é possível avaliar diversos aspectos e requisitos para decidir a adoção do blockchain no negócio.

Paralelamente, Igor Freitas, superintendente de TI do Itaú Unibanco, enxerga vários desafios do blockchain. "Ainda não há implementação de expurgo dos dados por conceito. Além disso, é preciso melhorar a escalabilidade, uma vez que o número de transações confirmadas por segundo ainda é muito baixo. Por outro lado, a confiabilidade dos dados é garantida pela plataforma Corda, que propõe um mecanismo ponto a ponto. E, no consenso geral, apenas Proof-of-Work é produtivo e considerado testado. Esse mecanismo é pesado do ponto de vista computacional e não necessariamente mandatório em blockchain permissionados ou privados".

Freitas avalia outros pontos a serem melhorados, como a identidade do cliente que está transacionando não ser identificada, um requisito fundamental para o mercado financeiro. Assim como não é possível realizar consultas sofisticadas de clientes em um banco de dados relacional.

Apesar disso, é inegável que o blockchain é a grande transformação no mundo dos negócios, principalmente no setor financeiro, considerado o elemento que estimula e aumenta a confiança em qualquer tipo de transação. E é nesse sentido que o BNDES se apoiou na criação de várias frentes de trabalho de blockchain, hoje com provas de conceito no Fundo Amazônia em parceria com o banco alemão KFW; o BNDES Token, já em teste com o governo do Espírito Santo numa versão web, voltado para garantir a confiabilidade e transparência em todas as licitações públicas; e a participação no GT da Febraban desde fevereiro deste ano.

A convergência dos bancos no blockchain

Sem dúvida, 2018 encerrará com grandes novidades no setor financeiro, um dos que mais investe em tecnologia no mundo e sempre na vanguarda das inovações. Alguns apontam o blockchain como a mais nova grande mudança de paradigma que a indústria de tecnologia assistiu depois da internet. E, consequentemente, os grandes bancos estão trabalhando a todo vapor.

O Bradesco está desenvolvendo o boleto de pagamento (cobrança e proposta) com foco no terceiro setor, assinaturas e etc. e só pode ser enviado ao cliente pagador mediante aceite prévio, conforme circulares do Banco Central 3598/2012 e 3656/2013. Além disso, em parceria com outros bancos e o GT da Febraban, está com um projeto que identifica o ID da máquina para validar se é uma transação suspeita, falsa, válida, etc.

Além disso, Bradesco, Itaú e B3 estão desenvolvendo o Figerprint, anunciado pela Febraban. No cenário atual, há a replicação de dados e maior redundância de processos; risco para o negócio, com dados inconsistentes e desatualizados, risco de fraude pela falta de troca de informações com outros pares (instituições financeiras, indústria e comercio, serviços, pessoas física, etc.). Numa solução centralizada, o modelo de negócio gera mutalização de custos e os riscos são os dados dos clientes confiados a uma empresa terceira, vazamento de dados e monopólio de informações.

Já no formato de solução com Distributed Ledger, nasce um novo modelo de negócio, com dados mais consistentes e atualizados, compartilhamento dos dados somente com os pares necessários e o risco são processos diferentes de validação e verificação. Dessa maneira, os bancos participantes do projeto R3 Fingerprint estão reeditando o modelo sobre a plataforma IBM Hyperledger Fabric versão 1.0 e refinando com a ajuda das áreas de negócio, em parceria com os membros do GT de Blockchain Febraban e IBM, Bradesco, Itaú, BB, CEF, Santander, Banrisul, Citi, JP Morgan, BTG Pactual, SICOOB, CIP, B3 e BACEN. E cada membro do GT é um nó do Ditributed Ledger.

Termômetro de confiança no Brasil

O mundo passa por uma crise de confiança. Para minimizar esse efeito, o BNDES enxergou no blockchain um aliado para promover a transparência dentro e fora do país. Inicialmente, a proposta nasceu dentro da área de inovação, quando um grupo de funcionários sugeriu a criação de uma equipe para avaliar o uso da tecnologia em diversas áreas de negócio.

No projeto desenvolvido para o Fundo Amazônia, em parceria com o banco alemão KFW, que também um dos doadores, a informação é compartilhada por uma rede permissionada, garantindo a redução de custos com auditorias entre clientes e doadores. Segundo Vanessa da Rocha Santos Almeida, gerente de Tecnologia da Informação do BNDES, a prova de conceito foi realizada na primeira quinzena deste mês num aplicativo web, ainda não integrado com os sistemas legados do BNDES.

A tokenização também foi um benefício avaliado pelo grupo de blockchain do banco. Baseado na plataforma Ethereum, inicialmente não era possível identificar nos blocos para onde o dinheiro estava indo porque o token não era exatamente um token. Por meio da parceria com o ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), atualmente é possível transacionar com o CNPJ – via certificados digitais – e registrar publicamente pelo blockchain nas operações diretas, uma vez que as indiretas não envolvem os agentes financeiros privados. Além do governo do Espírito Santo, o BNDES deve ampliar ainda esse ano para outros Estados, onde os dados irão trafegar numa rede pública.  

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