Após críticas, Facebook diz que cortará receita de anúncios de sites de notícias falsas

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Nas últimas semanas, o Facebook veio a público se defender contra a crítica de que sua plataforma alimentou desinformação e divisão nas eleições nos Estados Unidos. A rede social deixou que várias notícias falsas sobre os candidatos presidenciais fossem postadas, as quais, conforme verificou uma análise do BuzzFeed News, tiveram mais alcance na plataforma do que nos grandes jornais, como New York Times, o Washington Post e a rede de TV NBC News.

A questão ganhou dimensão, em parte, devido justamente ao enorme alcance do Facebook que, segundo as últimas estatísticas, aumento o número de usuários mensais para 1,79 bilhão, um quarto da população mundial. Há também tensão entre a visão de Facebook, que se auto-intitula como uma plataforma tecnológica e o fato de ter se tornando tão proeminente nas discussões sobre questões políticas e sociais.

"Essa repercussão indesejada é porque o Facebook se tornou vítima de seu próprio sucesso, e onipresença", disse ao The Wall Street Journal Antonio Garcia-Martinez, um ex-gerente de produto da rede social e autor do livro "Chaos Monkeys", sobre o período em que trabalhou na empresa.

Desde a eleição, alguns funcionários atuais e antigos têm questionado cada vez mais o papel do Facebook na corrida presidencial, marcada por forte polarização. No final do ano passado, Mark Zuckerberg decidiu deixar postagens de Donald Trump permanecer no site, mesmo quando violavam a política do Facebook contra discursos de ódio.

A eleição reacendeu as críticas, já que a postagem de notícias falsas no site inflamou os eleitores e a divisão política no país. Na semana passada, Zuckerberg respondeu dizendo que a ideia de que a notícia falsa influenciou a eleição é "muito louca". Depois, ele tentou se justificar dizendo que as notícias falsas foram menos de 1% de todo o conteúdo postado no Facebook. Ele também disse que a rede social está desenvolvendo ferramentas para reduzir as notícias falsas no site.

As finanças do Facebook são uma medida da influência que exerce sobre a opinião pública. A receita do terceiro trimestre da companhia saltou 56%, impulsionada pelo fluxo de dólares despejados em publicidade, que aumentou para US$ 2,38 bilhões, ante menos de US $ 1 bilhão um ano antes.

Facebook tem gerado controvérsias desde a sua fundação. Após o lançamento de seu feed de notícias há uma década, milhões de pessoas ameaçaram abandonar o Facebook. Zuckerberg manteve-se firme, apoiado por dados que mostravam picos de audiência do feed.

Nesta semana, porém, o Facebook revelou que, em setembro, que encontrou métricas falhas que inflaram as visualizações de vídeo, gerando desconfiança dos anunciantes. O Facebook disse que formará um "conselho de medição" e fornecerá mais verificação de dados de terceiros para anunciantes. Em paralelo, a empresa pediu desculpas e minimizou a importância das métricas, dizendo que o erro de cálculo não afetaria a compra de anúncios em seu site.

Internamente, o Facebook insta seus funcionários a manterem-se frios diante da crise. "Uma das coisas que eles dizem quando você começa é 'nós nunca somos tão bons quanto eles dizem, e nós nunca somos tão ruins como eles dizem'", disse um ex-funcionário.

A justificativa do Facebook por não ter removido as notícias falsas é que não retira posts com teor político dos sistemas da rede social. A empresa adotou essa postura desde que usuários desconfiaram que postagens com temas relacionados à situação política dos EUA estariam sendo censuradas pela empresa.

Mas, depois de receber uma autêntica avalanche de críticas sobre o possível papel que as notícias falsas tiveram na eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, o Facebook adotou medidas para cortar a receita de publicidade de sites com informações falsas. No entanto, a rede social reitera que não apaga postagens com base no número de denúncias recebidas. Segundo o Facebook, depois que um post é denunciado, um time de revisores fica incumbido de determinar se o teor viola ou não os termos de uso da rede. Em casos afirmativos, ele é retirado de circulação.

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