O desafio de segurança da informação numa sociedade conectada pelas "coisas"

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O surgimento acelerado de novas ferramentas e plataformas de internet desenham uma infraestrutura global e dinâmica de comunicação e ressignifica a ideia de vida em comunidade. Na atual era da sociedade conectada, o celular não se limita a fazer e receber ligações e mensagens de texto; o relógio de pulso faz muito mais do que marcar as horas; a televisão deixou de ser um simples objeto de entretenimento no meio da sala; e até os livros ganharam versões eletrônicas, mais leves e fáceis de transportar, com os tablets.

A chamada era da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT, em inglês) transforma o celular, o relógio, a TV em "coisas" que interagem e se comunicam entre si, tornando-os agentes ativos no mundo da informação e dos negócios. Mas, se por um lado, essa engrenagem em rede rompe, de forma positiva, as fronteiras de acesso remoto à informação, por outro, sinaliza desafios no mundo real como, por exemplo, a gestão da segurança e da privacidade desses dados – pessoais e corporativos.

Os recentes ataques virtuais que dissiparam softwares maliciosos (wannacry) em mais de 150 países, inclusive no Brasil, revelaram que, cada vez mais, companhias privadas multinacionais e empresas públicas precisam adotar medidas de proteções a crimes cibernéticos. E uma delas é o seguro de cyber risks.

Assunto relativamente novo no Brasil, o mercado começou a ter cobertura mais adequadas há cerca de cinco anos. Desde então, as modalidades de seguros cyber risks evoluíram tanto quanto as ferramentas e plataformas de armazenamento on-line de modo a cobrir diferentes tipos de crimes, inclusive o de ransomware – que aconteceram recentemente.

No Brasil a demanda vem, principalmente, de empresas que têm uma densa base de dados de pessoas físicas para atendimento ao grande público. É o caso de empresas com redes de hospital, de hotéis, financeiras, e-commerce etc.

Os seguros disponíveis no mercado brasileiro, principalmente para pequenas e médias empresas, cobrem recomposição de dados e de software, danos causados a terceiros (exposição de informações confidenciais que cause constrangimento moral ou material), despesas de contenção, de comunicação, lucros cessantes do segurado,despesa com custo de todo tipo de investigação forense.

Apesar de o Brasil estar entre as sete economias com maiores despesas de crimes cibernéticos – atrás de países como Estados Unidos, Alemanha e China – e a demanda tenha dobrado nesses últimos anos, a contratação de seguros ainda esbarra numa questão cultural, na falta de informação e na ideia de que esse tipo de seguro é muito caro. Sobretudo nas pequenas e médias empresas que, muitas vezes, sem budget muito alto para investir em proteção com software mais sofisticado, adquirem pacotes que não oferecem cobertura adequada.

O prêmio pago é proporcional ao tamanho do risco e varia de empresa para empresa. Na hora da contratação, são avaliadas três questões básicas: mercado que a empresa atua; tipo de sistema (base de informações) que a empresa tem; e de que forma esta empresa se protege (ferramenta de proteção ou histórico de riscos e eventos).

Em geral, o mercado de seguros contra riscos cibernéticos ainda tem de lidar com dificuldades diversas, mas, com certeza, a maior delas é a de derrubar os obstáculos culturais para, assim, aumentar a contratação do serviço. Muito mais do que convencer clientes a investir em tecnologia, é preciso mostrar que este seguro garante a longevidade dos negócios e a segurança dos clientes.

Thiago Tristão, diretor da MDS Insure para o Rio de Janeiro e regiões Norte e Nordeste.

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