Pesquisadores da Unicamp desenvolvem sistema de reconhecimento facial

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Um grupo de pesquisadores do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, em colaboração com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, formulou um sistema computacional para o reconhecimento de faces. A metodologia está entre as mais precisas do mundo, de acordo com os cientistas envolvidos.

O sistema poderia ser empregado em diversas situações, como nas áreas de segurança, entretenimento e utilidades. Graças à capacidade de mapear características peculiares da face de cada pessoa, seria possível reconhecer com mais precisão suspeitos em aeroportos; identificar vândalos em estádios de futebol; substituir, facilmente, senhas ou impressões digitais em transações financeiras; ou mesmo conceber interfaces mais naturais e intuitivas para games, eletrônicos e eletrodomésticos. Outra possível aplicação seria o de redes sociais. Neste ambiente, em que uma imagem postada com várias pessoas, o sistema poderia, por exemplo, reconhecer aquelas pertencentes ao círculo de amizades do perfil.

"A metodologia proposta consegue trabalhar muito bem em cenários nos quais outras técnicas, às vezes, não funcionariam satisfatoriamente. O sistema é capaz de reconhecer faces em ambientes não controlados, independentemente de algumas condições de iluminação, distância, expressões e poses dos indivíduos", diz o pesquisador Giovani Chiachia, que formulou o método durante seu estudo de doutorado, defendido junto ao Programa de Pós-Graduação do IC. Para chegar ao sistema final, ele desenvolveu três novos algoritmos, segundo divulgou o Jornal da Unicamp, edição 593, de 8 de abril passado.

Segundo o pesquisador da Unicamp, o sistema é capaz de trabalhar em cenários não controlados porque emprega técnicas de visão computacional e aprendizado de máquina no estado da arte. "São poucos, mas já existem similares como este no mundo. No Brasil, até onde eu saiba, é uma novidade", garante o estudioso, que é graduado em sistemas de informação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A pesquisa, com período ''sanduíche '' na Universidade de Harvard, contou com as participações dos docentes do IC, Alexandre Xavier Falcão, como orientador; e Anderson de Rezende Rocha, como coorientador. Nos Estados Unidos, Giovani Chiachia foi supervisionado por David Cox, docente de Biologia Molecular e Celular do Centro de Ciência do Cérebro, de Harvard. Da mesma instituição, também colaborou o pesquisador Nicolas Pinto.

O profissional em sistemas de informação situa que tecnologias para reconhecimento facial automático são investigadas há mais de 30 anos. Apesar de ser um dos problemas mais explorados em visão computacional, identificar pessoas a partir de suas faces, de forma natural e em cenários não controlados, ainda continua sendo um grande desafio.

Por isso, admite Giovani Chiachia, os sistemas mais usados atualmente são aqueles que requerem cenários controlados, em que só é possível reconhecer indivíduos mediante condições específicas de luz, distância, expressão e pose da face. Bastante utilizados no país para emissão de passaportes ou controle de acesso em empresas, estas técnicas pressupõem a colaboração por parte do indivíduo que está sendo reconhecido.

"A motivação para construção deste sistema foi utilizar o conceito de familiaridade que o cérebro humano emprega para o reconhecimento de faces. Pela modelagem que fizemos, inspirados neste conceito, e pelas técnicas computacionais que empregamos, o método dá conta de atuar em cenários não colaborativos, em que as pessoas são reconhecidas de forma natural, sem serem importunadas", garante, acrescentando:

"A noção de familiaridade no reconhecimento de faces humanas pode ser traduzida da seguinte maneira: se a pessoa tem, por exemplo, um nariz um pouco diferente ou um formato de rosto peculiar – alguma característica que a distinga das demais -, o sistema vai tentar enfatizar isso através da análise de um conjunto de imagens dessa pessoa. Ele faz um mapeamento e detém estas características muito próprias do indivíduo."

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