Aplicativo ajuda na organização de rotina de crianças com deficiências

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Há pouco tempo, o acesso a softwares especializados para crianças com deficiência era restrito a pouquíssimas famílias. Com o avanço da tecnologia móvel, o cenário vem mudando e diversos recursos têm sido lançados para crianças e terapeutas. Nesse contexto e com essa proposta, foi lançado no mês passado o aplicativo Minha Rotina Especial, com o objetivo de organizar a rotina de crianças com dificuldades diversas, auxiliando no planejamento, etapa por etapa de diversas atividades, com opções de personalização, instruções em áudio e produção de relatórios para que profissionais de reabilitação, educação e familiares consigam acompanhar o desenvolvimento das tarefas diárias e propor novos desafios, de acordo com o desenvolvimento da criança.

Agora foi lançada a versão Android, incorporando uma novidade: agora profissionais de educação e reabilitação, ou familiares com mais de uma criança com deficiência podem utilizar o mesmo programa para estruturar rotinas diferentes, para diferentes perfis. A ideia é possibilitar o uso de um único app para diversas crianças e assim favorecer, com relatórios e impressão de atividades, que mais pessoas possam ser beneficiadas.

Minha rotina, criançaO Terapeuta Ocupacional Régis Nepomuceno, criador do aplicativo, explica que pensou nas bases de uso da cognição, na automatização e na generalização da Aprendizagem, que defende, entre outros, que uma criança organizada, trabalhando com informações personalizadas com imagens reais, amplia as chances de usar habilidades adquiridas num determinado contexto em outros, uma questão importante para reabilitadores.

Organizar a rotina e planejar atividades de vida diária etapa por etapa é um trabalho com eficácia já bastante reconhecida na reabilitação de crianças com autismo, porém é sabido que toda criança com disfunção no desenvolvimento, alterações comportamentais, transtornos sensoriais e deficiências em geral podem ter dificuldades no entendimento de tarefas se elas não estiverem estruturadas, com orientações  adequadas para cada perfil. E isso se tornou muito mais simples com o aplicativo, que utiliza imagens reais, instruções em áudio funcionando como pistas de memória e opção de enviar relatórios para que diversos profissionais possam acompanhar. O produto surgiu a partir de sua metodologia de trabalho, que ele decidiu registrar e transformar num software de baixo custo. "O objetivo é usar a tecnologia como aliada do desenvolvimento de crianças com deficiência, a um preço compatível com a renda média dos brasileiros", explica.

O terapeuta ocupacional destaca também a associação do termo rotina à inflexibilidade ou repetição com pouco significado, o que para ele não faz sentido: "é no dia a dia que a criança com ou sem deficiência aprende, se desenvolve, treina habilidades para sua autonomia e confiança, então é fundamental que se entenda, principalmente as pessoas que trabalham com Reabilitação e Educação, o quão importante é estruturar, explorar e estimular cognitivamente através da rotina, das atividades diárias da criança.

Dessa forma, o Aplicativo Minha Rotina Especial pode beneficiar crianças com Síndrome de Down, Paralisia Cerebral, Deficiência Intelectual, Microcefalia, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Dislexia e Discalculia, Transtornos Sensoriais, Síndromes em Geral e, claro, ao  e seus Espectros que já têm muito difundida eficácia do processo de estruturação de rotina no seu tratamento.

Para aquelas crianças que ainda não tem muita aptidão com o mundo digital, o aplicativo oferece opção de imprimir a rotina em cartões, que podem ser usados em casa, na escola ou na clínica.

Novos recursos

Além da versão Android, o terapeuta planeja incrementar novos recursos nas próximas semanas, entre elas a versão multiusuário para iPads, versões em Inglês e Espanhol e opções gratuitas com funções reduzidas.

Segundo o último censo, 7,5% das crianças brasileiras entre 0 e 14 anos possuem alguma deficiência e com o surto de microcefalia registrado nos últimos meses, esse número deve aumentar: "Por muitos anos, softwares específicos para esse público eram caríssimos, o que os tornava inacessíveis para a maior parte da população. Com a popularização da tecnologia móvel, diversas famílias possuem tablets com excelentes recursos de acessibilidade e softwares que custam muito menos, o que amplia o acesso e  dá novas oportunidades para milhares de crianças", diz o terapeuta.

A Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor este mês reconhece o papel da tecnologia móvel, abrindo novas possibilidades legais e de negócios.

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