Tecnologia: o Brasil está preparado para um governo transparente?

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Governos abertos e receptivos são mais eficazes, eficientes e inovadores. Consequentemente, o apelo à transparência de governo é baseado em uma premissa simples e direta – estabelecer a responsabilidade a seus membros eleitos ou não, e fornecer informações claras sobre as atividades e o desempenho do governo aos eleitores. Quando a transparência é promulgada legitimamente, não só assegura a boa vontade e a confiança do público, mas também solicita e facilita a participação dos cidadãos no processo de governar. Ela é responsável por melhorar o desempenho do governo, promovendo a eficiência ao mesmo tempo em que cria uma atmosfera de cooperação dentro de órgãos sociais.

Empresa multifacetada, o governo está envolvido em uma grande variedade de ofertas de serviços, cada um com missões organizacionais e conjuntos de clientes únicos. Os serviços em qualquer município variam desde obras até a segurança pública. Englobam água, manutenção urbana, cultura, desenvolvimento econômico e comunitário, isso sem mencionar todas as áreas administrativas. A disparidade entre os serviços oferecidos representa um ambiente muito complexo, o que pode complicar a conquista da transparência.

Para promover esta qualidade, uma opção seria formalizar e publicar as avaliações de desempenho, com apoio da tecnologia, juntamente com os resultados alcançados no âmbito dos orçamentos aprovados. Existe um esforço para aumentar a transparência, muitos governos estaduais e municipais já lançaram portais para divulgar informações públicas – o Rio de Janeiro, por exemplo, registrou recentemente um domínio .RIO para concentrar dados e indicadores referentes a política pública local.

Porém, existe uma série de fatores ambientais que ainda fazem com que cumprir essa promessa seja um desafio. Serviços governamentais podem ser realizados a partir de uma variedade de locais, separados às vezes por quilômetros. A distância entre o local em que são planejados e os lugares onde serão efetivamente aplicados pode inviabilizar a comunicação e a colaboração entre departamentos e complicar os processos de auditoria e relatórios.

Com operação em ambientes que são tipicamente manuais, a gestão governamental brasileira frequentemente se apoia em sistemas múltiplos e ineficientes. A tecnologia de apoio à prestação de serviços raramente é de ponta e frequentemente necessita de modernização. Falta integração da informação, que costuma ser processada em plataformas tecnológicas separadas, entre Estados, por exemplo. Sistemas desconectados resultam em redundâncias e duplicação de esforços, e muitas vezes requerem intervenções manuais imprecisas e ineficientes – o que frustra os esforços para alcançar transparência.

Durante a última década, muitas entidades governamentais implementaram um grupo de soluções de software em uma tentativa de simplificar as operações e alcançar a eficiência organizacional. Essas soluções incluem uma variedade de aplicativos de back office e front office, projetados por vendedores profissionais para resolver funções de negócio comuns, como contabilidade financeira, custos de projetos, cadeia de suprimentos, orçamentos, gestão de ativos, gestão de estoques, faturamento de utilidade, gestão de talentos, serviços de emergência automatizados e gerenciamento de serviços de atendimento ao cidadão – para citar apenas alguns.

Não obstante o investimento do governo em tempo, dinheiro e pessoas, essas novas tentativas de modernização não conseguiram criar a esperança de uma maior produtividade e de maiores níveis de serviço e desempenho por duas razões: em primeiro lugar, muitos dos produtos disponíveis no mercado não eram originariamente destinados ao governo. Como resultado, a maioria das soluções oferece recursos que satisfazem de 75 a 80% das necessidades do cliente, na melhor das hipóteses. Geralmente, ou não são feitas customizações ou recorrem-se a personalizações caras e difíceis de manter e soluções de ponta para que os recursos funcionem a contento. A falta de integração entre sistemas distintos impõe consequências não intencionais como as mencionadas anteriormente: processos manuais, redundâncias do sistema e duplicação de esforços.

Todos esses fatores juntos tornam-se restrições significativas à transparência. Operações díspares e sistemas disfuncionais limitam a capacidade do governo de captar e avaliar os dados necessários para proporcionar aos eleitores uma visão clara do seu real desempenho. Novas ferramentas são necessárias – soluções que conectem as instituições de governo e que possam avaliar os resultados coletivos.

Celso Tomé Rosa, vice-presidente de vendas da Infor para o setor público

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