Até quando a sua empresa vai participar do "campeonato" sem um técnico?

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Você já parou para pensar na possibilidade do seu time de futebol participar de todo campeonato sem um Técnico? Afinal, para que Técnico? Não seria melhor contratar mais um ou alguns bons jogadores ao invés de um bom Técnico para a equipe?

Os times têm Presidente, Diretor de Futebol, Gerente de Futebol, Assessores e tantos outros dirigentes, será que, com tantos responsáveis, ainda precisa de um Técnico?

Será que alguém já pensou nisso? Até pode, mas não acredito que alguém em sã consciência na função de dirigente de clube ou mesmo torcedor iria querer ver o seu time sem um Técnico qualificado no comando durante o campeonato. A não ser que queira perder o campeonato e ver o time rebaixado.

Parece uma análise patética e sem muito sentido no universo esportivo, mas no universo empresarial ainda é realidade em algumas empresas quando analisamos a forma como gerenciam os seus projetos. O papel do Gerente de Projeto, suas atividades e responsabilidades ainda geram dúvidas e confusões para muitos. Objetivando desmistificar e esclarecer o papel deste personagem, faremos uma analogia do Técnico de Futebol com um Gerente de Projeto, podemos dizer que o Técnico é o Gerente de Projeto mais reconhecido no mercado de trabalho.

Mas será que podemos fazer esta analogia, comparando um Técnico de Futebol com um Gerente de Projeto? Vejamos algumas considerações para ver se faz sentido:

Campeonato = Projeto (Evento temporário, com início, meio e fim)

Escopo – O Técnico deve definir o escopo de trabalho para a equipe obter o produto final que é a conquista do título.

Prazo – Deve fazer o planejamento das atividades, definindo os prazos de contratação, preparação física da equipe, data dos jogos, quando a equipe deve viajar para outra cidade, etc.

Custo – Como nas empresas, o time também tem um orçamento para a contratação dos jogadores, logística, etc.

RH – Tem que definir o plano organizacional da equipe, montagem da equipe e da comissão técnica.

Comunicação – Deve usar uma comunicação simples e objetiva com seus comandados. Este atributo é fundamental para a motivação da equipe e o atendimento do esquema tático. A comunicação com os demais stakeholders também é fundamental, principalmente com os torcedores.

Riscos – O Técnico, auxiliares e equipe identificam os riscos que irão enfrentar no campeonato, analisando as deficiências técnicas, probabilidades, impactos e ações a tomar, como no caso de perder seus melhores atletas por contusão ou expulsão, por exemplo.

Qualidade – Treina e testa sua equipe, focando na qualidade e quantidade dos chutes, cobranças de faltas, pênaltis e cruzamentos. Utiliza as estatísticas para reforçar os pontos a serem melhorados.

Aquisição – Define os critérios, habilidades e competências dos atletas a serem contratados, participando muitas vezes das negociações e rescisões.

Integração – Coordena a integração de todos os envolvidos, sejam eles dirigentes atletas e comissão técnica.

Analisando sob este prisma, fica claro que existe uma grande relação e proximidade entre as duas profissões: o perfil do profissional e suas habilidades são idênticos, os dois têm que ter atitude, comunicação, pró-atividade, motivação, experiência e liderança.

Pois é, a semelhança existe e a função é praticamente a mesma. Somente tem denominação diferente. Mas, se para um time parece absurdo executar este projeto do campeonato sem um Técnico, para algumas empresas o Gerente de Projeto ainda não existe e é figura dispensável.

Por incrível que pareça, muitos Diretores e Gerentes Funcionais ainda questionam quando lhes és dito que devem contratar um Gerente de Projeto para gerenciar os projetos da sua empresa. Infelizmente, em muitas empresas somente é alocado um Gerente de Projeto quando o projeto já começou a "afundar" (como dizem no dito popular), o prazo está estourado, o cliente cobrando a entrega que já era para ter acontecido, o orçamento já estourou faz tempo e ninguém consegue dizer quanto falta de dinheiro nem de prazo para terminar o projeto.

Alguns executivos ainda perguntam o que a empresa vai ter de retorno de investimento contratando um Gerente de Projeto, qual será a contrapartida para a empresa. Simples não? Estes executivos provavelmente não sabem quantos projetos a sua empresa têm, tampouco quantos atrasam e estouram o orçamento, quiçá devem saber se aprovaram os projetos certos e se os projetos em execução são os que estão alinhados com as estratégias da empresa.

Podemos afirmar, sem medo de errar, que o que mais temos nas empresas são desculpas para problemas em projetos. Para tudo se tem uma boa desculpa, foi assim que "Dilbert" e "Murphy" ficaram famosos. E as empresas com pouca maturidade em gestão de projetos estão sendo afetadas por esta má gestão. E o pior de tudo é que estão perdendo muito dinheiro e nem sabem, pois não interessa a ninguém da empresa mostrar o insucesso dos seus projetos.

Em um campeonato, se o time não vai bem, o Técnico assume a responsabilidade e, muitas vezes, é culpado por tudo. As métricas são claras e o resultado esperado é um só: encerrar o campeonato em primeiro lugar.

Nas empresas, os projetos não podem ser diferentes. Só trazem resultados quando são encerrados e devem ser gerenciados por profissionais capacitados e experientes, focados no projeto sob sua responsabilidade. A gestão das áreas funcionais deve ser feita pelos Gerentes Funcionais, que são responsáveis por todos os processos e projetos, e devem estar planejando as estratégias da empresa para o seu futuro e sua perenidade.

Outro mito em algumas empresas é dizer que não contratam Gerente de Projeto externo, porque os projetos são estratégicos para a empresa. Ora, desculpas a parte, é o mesmo que dizer que os profissionais não são éticos, princípio basilar de qualquer profissional. Se assim fosse, por que os times costumam contratar o Técnico da equipe rival?

Ética e confidencialidade são princípios básicos e os profissionais que não respeitarem estes princípios serão excluídos automaticamente pelo mercado.

Assim sendo, cabe uma pergunta para os nossos empresários: Se não querem ver o seu time do coração perder o campeonato, por que ainda não contrataram um Gerente de Projeto para a sua empresa?

Claudio Roberto da Costa Júnior. sócio e diretor de Negócios da Euax, atuando também como diretor de Projetos, instrutor e palestrante em eventos do PMI. Possui certificação PMP.

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