Dicas sobre a cultura de startups do Vale do Silício que podem ajudar no seu negócio

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Recentemente estive presente em um grande evento americano de startups e pude perceber a diferença de cultura entre os empreendedores de lá e os brasileiros. Observando o comportamento dos empreendedores, o relacionamento entre eles e o desenvolvimento dos seus negócios, levantei alguns aprendizados que deveríamos colocar em prática no nosso dia a dia.

Algo que chamou a minha atenção foi que diversidade e inclusão nos times são assuntos bastante avançados por lá. Essas não são mais pautas a serem discutidas, são pautas a serem implementadas, pois é nítido que cada vez mais o mercado valoriza equipes formadas por pessoas de diferentes realidades.

A dica que fica para nós, brasileiros, é que precisamos mexer nas configurações dos nossos times, mesclar pessoas de diferentes vivências, formações, gêneros e aí em adiante. O argumento de que estamos no século XXI já deveria valer por si só, mas se esse argumento ainda não é suficiente, podemos também apelar para o lado racional: estudos em Stanford já demonstram que equipes formadas por pessoas de diferentes realidades e experiências são mais eficientes do que equipes com ideias e vivências semelhantes.

Outro aprendizado interessante é a valorização que os empreendedores dão ao tempo das outras pessoas, especialmente nos momentos de networking. Nos eventos em que pude participar, a "regra" nas conversas era a seguinte: faça um pitch bem resumido do seu negócio e me fale como eu posso te ajudar. Depois, eu faço o mesmo e analisamos se um contato posterior faz sentido. Se fizer, trocamos cartões; do contrário, apertamos as mãos e nos despedimos. Não há espaço para jogar conversa fora, os norte-americanos realmente valorizam o tempo como um ativo precioso. Uma conversa direta realmente faz diferença para que um evento seja bastante produtivo em termos de conexões valiosas.

Analisando as startups, o profissionalismo e o nível de competição por lá são altíssimos, e as consequências disso são concorrentes extremamente capacitados, ou seja, não há espaço para amadores. Como o nível de competição é extremamente alto, o produto e a experiência de uso passam a serem diferenciais fortes. Os americanos têm como vantagem, além do domínio de áreas como programação e design, ser mais fácil captar investimento com pouca tração, o que faz com que a startup possa desenvolver o MVP (Produto Mínimo Viável) de forma muito mais consistente.

Neste sentido, tive a impressão de que os produtos norte-americanos, mesmo em estágio inicial, são superiores aos que vemos em startups brasileiras em estágio semelhante. Os investidores norte-americanos possuem ótimas opções de negócios e não gastam seu tempo analisando um negócio que claramente ainda não está preparado para captar e competir no mercado.

Por fim, outro ponto bastante diferente são as questões psicológicas que envolvem o setor de empreendedorismo. Lá, elas não são mais tratadas como tabu, como ainda são no Brasil.

A verdade é que empreender é um processo longo, difícil e extremamente desgastante, que pode estremecer a estrutura de vida dos fundadores. O empreendedor vai vivenciar uma montanha russa de emoções, alterações no humor, altas doses de estresse e pressão. Sem dúvida precisamos evoluir bastante sobre esse tipo de conversa no Brasil, compartilhar mais experiências e mostrar que os empreendedores também precisam de apoio psicológico durante o processo de crescimento do seu negócio.

Filipe Garcia, coordenador de aceleração da Aceleradora WOW.

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