Como interagir com as coisas na era da IoT? A realidade aumentada é a solução

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Vivemos na era da informação, onde notícias são produzidas e consumidas de forma instantânea. No mesmo ritmo acelerado estão acontecendo as transformações tecnológicas que já nos propiciaram conforto e mudanças radicais. Dá pra acreditar que há apenas nove anos surgia o primeiro smartphone, acessório hoje totalmente indispensável? E olha que agora as consultorias de tecnologia constatam que o mundo do smartphone já está saturado, os lançamentos não atraem e não apresentam tantas inovações, e uma nova geração de produtos, apelidados de "coisas", está sendo preparada para inundar o mercado e se tornar a próxima grande onda tecnológica.

A estimativa é que nos próximos quatro anos o mercado de internet das coisas (IoT) movimente mais de 3 trilhões de dólares e que 21 bilhões de eletrônicos sejam capazes de se conectar a internet e trocar informações com outros dispositivos. Partindo de lâmpadas conectadas (que já podem ser compradas no mercado brasileiro em pacotes de três, a partir de R$1.299), passando por micro-sensores acoplados a tubulações e eletrodomésticos como o ar condicionado, geladeiras e chuveiros, chegando até seu carro. Tudo estará ligado na rede e poderá ser controlado por você. Mas como faremos para interagir com tantos elementos conectados e diferentes ao mesmo tempo?

Os tablets e smartphones trouxeram uma nova forma de interação com suas telas sensíveis ao toque. Esse tipo de interação se tornou tão natural que as crianças têm dificuldade para aceitar que a TV da sala ainda não pode ser tocada. Os botões estão ficando no passado. Entretanto o toque não vai ser suficiente para a internet das coisas, já que muitos desses dispositivos não possuem tela e nem mesmo visores.

O jogo Pokemon GO, sem sombra de dúvidas o maior sucesso deste ano nas lojas de aplicativos, traz uma dica de qual será um dos principais formatos de interação: a realidade aumentada, que recebe este nome por proporcionar uma integração entre informações do mundo digital com o mundo físico em tempo real. É possível pensar na realidade aumentada como uma camada adicional de informação sobre o que enxergamos através de câmeras, telas e óculos inteligentes.

Estas informações poderão ser acessadas por meio dos chamados digital twins, um novo conceito que representa versões digitais de dispositivos conectados. As "coisas" conectadas coletarão e enviarão informações em tempo real para serem armazenadas em modelos digitais que reproduzem fielmente suas características físicas. Os visores, principalmente a câmera de seu smartphone, utilizarão estes dados para, através da realidade aumentada, apresentar instantaneamente informações das coisas conectadas que estejam em seu campo de visão.

Imagine que você apontará a câmera de seu celular para seu carro conectado à internet das coisas e poderá ver informações sobre o tempo de vida útil e a pressão de cada um dos pneus, o nível de água e óleo, se já está na hora de levar o carro para manutenção ou até mesmo se há falha em componentes eletrônicos.

A detecção de falhas e alertas de manutenção preventiva são outro grande benefício esperado pela conectividade provida pela internet das coisas. As máquinas passarão por avaliações constantes, através da análise dos dados de seus sensores que estão armazenados na sua versão digital, permitindo que o uso da realidade aumentada facilite a identificação dentro de uma grande linha de manufatura de componentes que podem apresentar problemas e precisam de manutenção ou reparo.

Além destas, muitas outras atividades podem se beneficiar da apresentação de informações contextuais em tempo real providas pela realidade aumentada, como a comparação de produtos durante as compras em um supermercado, a visualização do consumo de energia de cada dispositivo em sua casa e até mesmo atividades médicas relacionadas ao diagnóstico visual e laboratorial.

A realidade aumentada terá como palco principal os smartphones, hoje já universalmente disponíveis, e se juntará ao controle de voz e assistentes pessoais como a Siri (Apple) e Alexa (Amazon) na linha de frente da interação com os dispositivos de internet das coisas.

Outras formas mais imersivas de interação como a realidade virtual, onde o individuo fica totalmente inserido em um ambiente virtual, sem contato com o mundo físico, através de um óculos fechado acoplado a um computador ou smartphone, também terão destaque em especial nas áreas de treinamento e games. Um fator impeditivo no entanto é que para uma completa sensação de realidade no ambiente virtual, é necessário um hardware potente, o que significa custo elevado e portanto adoção mais lenta por parte do mercado consumidor.

Quanto tempo durará essa nova onda tecnológica? É impossível dizer… O que é certo é que muito mais rápido do que imaginamos, estaremos surfando no mundo da Internet das coisas através da Realidade Aumentada.

Gustavo Reder Cazangi, líder de inovação em Entretenimento e Marcelo Abreu é gerente de inovação e novos negócios, ambos do Venturus – Inovação & Tecnologia.

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