No mercado mundial de servidores, enquanto as receitas provenientes com as vendas de mainframes (hardware) baixaram de 14% em 2003 para cerca de 11% no ano passado, no Brasil essa fatia manteve-se em 30% nos últimos cinco anos, o que faz do país hoje um dos filões de ouro para os fabricantes de computadores de grande porte.
De acordo com Reinaldo Roveri, analista sênior de servidores e storage da IDC Brasil, desde 2003 o mercado de mainframes no país vem crescendo além das expectativas. ?Esse mercado tem apresentado uma curva crescente de vendas. Saltou de 52 unidades vendidas em 2003 para uma estimativa de 95 unidades ao fim de 2006. O mais interessante é que o preço médio desse equipamento no Brasil caiu em quase 50% nos últimos três anos, reduzindo de US$ 4 milhões para os US$ 2 milhões praticados atualmente. Vale ressaltar, entretanto, que os preços variam muito em cada negociação.?
O Brasil concentra uma grande base instalada de mainframes, hoje estimada em 450 máquinas. Tendo em conta a insatisfação decorrente com os altos custos de gerenciamento e manutenção, e a relativa falta de profissionais no mercado para perpetuar essa plataforma, como explicar a base expressiva e o aumento das vendas desses equipamentos no mercado?
Para Roveri, são várias as hipóteses que podem sustentar a demanda. ?Atualmente, as grandes empresas possuem uma infinidade de sistemas legados rodando em mainframe. Do período de reserva de mercado até o início da década de 90, as empresas brasileiras acostumaram-se a adquirir o que era mais disponível e fácil de comprar. Além disso, grande parte dos atuais diretores de infra-estrutura foram os antigos analistas e gerentes que adentraram nesse mercado e depositaram suas carreiras na especialização em mainframe. Portanto, confiam e preferem não arriscar.?
O mainframe ainda é considerado no mercado brasileiro e no mundo como uma das plataformas mais seguras e de alta disponibilidade, capazes de funcionar por anos a fio, sem uma parada sequer. A queda no preço médio do hardware e novas modalidades de licenciamento de software têm mantido a atratividade desses servidores.
Uma probabilidade é que, num futuro não muito distante e conforme os gerentes de TI provenientes da década de 90 assumirem cargos decisórios, a história mude. De acordo com Roveri, porém, um contraponto a tudo isso é o fato de que os novos profissionais de TI estão cada vez mais expostos às novas plataformas e tecnologias de alta performance e custos menores.
?Isso, aliado à própria evolução dos servidores, CPUs multicore, storage e softwares de virtualização, possibilitará que as empresas atinjam níveis de disponibilidade e performance tão bons ou melhores quanto os atuais mainframes?, acredita o analista. Mas ele lança a dúvida: ?É preciso saber qual a velocidade com que os fornecedores de plataformas baixas conseguirão convencer seus clientes disso e qual a velocidade com que o mercado mais conservador absorverá essas novas propostas??