Nos últimos anos, o varejo brasileiro tem demonstrado um aumento notável na adoção da inteligência artificial (IA) em várias áreas-chave. Desde a personalização da experiência do cliente até a otimização da cadeia de suprimentos, essa tecnologia tem desempenhado um papel crucial em melhorar a eficiência operacional e a satisfação do consumidor.
O uso de chatbots para atendimento, a análise preditiva para antecipar tendências de demanda e a verificação de sentimentos para entender as preferências dos públicos-alvos são apenas alguns exemplos do impacto positivo da IA no setor.
Nesse cenário em constante evolução, a IA emerge como uma força transformadora que redefine as estratégias de precificação e a dinâmica das operações, proporcionando ganhos substanciais em eficiência, personalização e rentabilidade no varejo.
Por outro lado, como apontado em estudo da McKinsey, 30% das decisões institucionais anuais de precificação ainda são falhas. Isso ocorre porque estabelecer preços saudáveis, competitivos e justos sempre foi uma arte complexa e desafiadora. Os comerciantes precisam considerar uma série de fatores, como custos de produção, concorrência, demanda do mercado, elasticidade do preço e tendências sazonais para determinar preços que sejam atraentes aos consumidores e, ao mesmo tempo, garantam a lucratividade da empresa. É aqui que as soluções de precificação com IA entram em cena.
Devido à enorme quantidade de dados disponíveis, das informações de mercado ao histórico de vendas e comportamento dos consumidores, as companhias podem utilizar o poder da IA para identificar padrões complexos e insights ocultos que ajudam a entender melhor como os clientes respondem às mudanças de preços, horários e eventos sazonais. Assim, é possível ajustar a precificação de forma dinâmica e estratégica visando maximizar as receitas.
De acordo com a mesma pesquisa, um aumento de preço de 1% se traduz em um crescimento de 11% nos lucros operacionais. Por essa razão, os algoritmos avançados de otimização de preços têm se tornado a espinha dorsal das estratégias competitivas dos comerciantes. Eles são capazes de processar uma quantidade massiva de dados em tempo real, identificando tendências sutis e correlações praticamente impossíveis de serem percebidas manualmente.
Por meio da tecnologia, o lojista também pode analisar o histórico de compras de seus clientes, os cliques e até mesmo as interações nas redes sociais para entender seu estilo pessoal e suas preferências. Com essas informações em mãos, ele consegue oferecer descontos em produtos específicos que provavelmente se alinham aos interesses do consumidor, aumentando a probabilidade de uma compra ser realizada.
Essa abordagem personalizada cria uma conexão mais profunda entre os compradores e as marcas, tornando mais provável que os clientes retornem para futuras compras. A sensação de que a empresa realmente compreende suas necessidades e seus desejos faz com que os clientes se sintam valorizados, reforçando ainda mais a fidelidade à marca.
Conforme a tecnologia avança e as soluções de IA se tornam ainda mais sofisticadas, o futuro da precificação no varejo brasileiro será cada vez mais orientado pela análise inteligente de dados. Assim, as funções operacionais rotineiras também sofrerão alterações, principalmente em relação à automação. No entanto, ao invés de representar uma ameaça aos empregos, a IA se torna uma oportunidade para a criação de novos papéis e transformação dos cargos existentes.
A partir da diminuição das atividades manuais e repetitivas, o foco se volta para uma crescente demanda por profissionais especializados em análise de dados e em traduzir essas informações em estratégias eficazes. Nesse contexto, não apenas os profissionais vão mudar, mas, sim, toda a área.
Em um futuro próximo, o setor de Pricing se transformará em Ciência de Preços, e analistas de dados, cientistas de dados e estrategistas de precificação se tornarão cada vez mais cruciais na indústria varejista. Ao passo que suas habilidades se tornam mais relevantes, elas impulsionam mudanças estratégicas e alavancam a eficiência nos negócios.
A conclusão é que as organizações que abraçarem esse método e essa estratégia estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios do mercado e proporcionar experiências inesquecíveis aos seus clientes.
Carlos Schmiedel, fundador e CEO da Predify.