Após sanção à ZTE, EUA querem que Huawei esclareça relações com Irã e Coreia do Norte

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Depois de anunciar em março passado a imposição de restrições à ZTE, fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações e dispositivos móveis, por tentar retomar as exportações para o Irã de alguns produtos com tecnologia norte-americana, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos agora está exigindo que a Huawei Technologies forneça todas as informações sobre exportação ou reexportação de tecnologia americana para Cuba, Irã, Coréia do Norte, Sudão e Síria, segundo intimação enviada à empresa, a qual o The New York Times teve acesso. A intimação é parte de uma investigação sobre empresas que possivelmente infringiram o controle de exportação para países que estão sob sanção da ONU.

A Huawei se tornou a empresa de tecnologia de maior sucesso da China, em grande parte por atuar em mercados variados como a Grã-Bretanha, Índia e Quênia, mas também Síria e Irã, onde as sanções só recentemente foram aliviados. E sua presença nesses dois últimos países está sendo investigada.

Na intimação, o Departamento de Comércio dos EUA pede que a Huawei entregue informações relacionadas com as transferências para esses países ao longo dos últimos cinco anos. O órgão também procura evidências de remessas para os países indiretamente, por meio de empresas de fachada. A intimação, feita no mês passado, convocava os representantes da empresa nos EUA a deporem e que fornecerem as informações antes do depoimento, que não se sabe se ocorreu.

A Huawei não foi acusada de nenhum delito, pois se trata de uma intimação administrativa. Em um comunicado, ela disse que cumpre todas as leis e regulamentos nos países onde opera. Mesmo assim, o Departamento de Comércio dos EUA quer averiguar os negócios da empresa com esses países. A intimação é emblemática da discórdia crescente entre os Estados Unidos e a China sobre as tecnologias de comunicações globais e da disputa geopolítica entre os dois países sobre cibersegurança e governança global da internet.

Se a investigação concluir que a Huawei estava agindo contra a segurança nacional ou da política externa dos Estados Unidos, ela poderá ter o acesso limitado a componentes de fabricação americana cruciais e a outros produtos de tecnologia. Dado o porte e o alcance da Huawei, a imposição de restrições pode afetar o desenvolvimento de redes celulares e outros projetos de infraestrutura de tecnologia em larga em escala mundial.

Quando o Departamento de Comércio dos EUA anunciou as restrições à ZTE, a Huawei não recuou dos acordos que mantém com outros países. Em setembro do ano passado, por exemplo, a fabricante chinesa assinou um contrato com o Ministério das Comunicações e Tecnologia da Síria para ajudar o país a desenvolver as suas redes de comunicações.

A Huawei enfatiza que é uma empresa privada e que as acusações de vínculos com o governo chinês têm fins protecionistas, são uma desculpa para prejudicá-la. Mesmo assim, em 2011, depois de forte pressão dos norte-americanos, ela anunciou que iria voluntariamente restringir o crescimento de seus negócios no Irã. Um ano mais tarde, legisladores americanos escreveram uma carta ao Departamento de Estado, pedindo uma investigação para veriricar se ela estava violando sanções ao Irã.

Recentemente, o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA divulgou um relatório no qual ressalta que empresas como a Huawei pareciam vir cunprindo as promessas de não vender a tecnologia para países sob sanção.

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