Pacientes devem ser o foco do mobile health, dizem especialistas

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O uso de dispositivos móveis como futuro da saúde foi um dos temas abordados nas palestras da 6ª edição do Fórum Saúde Digital, nesta quinta-feira, 2, em São Paulo. Durante o evento, realizado pela Converge Comunicações, que edita este noticiário, os palestrantes abordaram a importância de aplicações focadas nos pacientes e não apenas na saúde.

"Apesar dos avanços tecnológicos e do aumento de renda, a gente tem um desafio no healthcare móvel, como a maior incidência de doenças crônicas ligadas ao estilo de vida da população em países maduros", ressalta Eliane Kihara, sócia e líder dos serviços de consultoria em saúde da PWC.

"Nos países em desenvolvimento temos o problema do acesso limitado à saúde. Por outro lado, nós temos mais acesso ao mobile. Existe um crescimento enorme da utilização dos smartphones que pode ser uma oportunidade para o mercado de saúde", completa a consultora.

Ela ainda aponta como as principais modalidades de crescimento em mobile os aplicativos de saúde que estão sendo analisados pelo FDA, órgão regulador dos Estados Unidos similar à Anvisa no Brasil, a popularização dos dispositivos vestíveis (wearables) e a telemedicina, que ainda não recebe apoio forte do governo e das empresas, na opinião de Eliane.

Sobre os aplicativos, a diretora da divisão de dispositivos fitness conectados da Under Armour, Tina Louise atentou para o crescimento dos apps de saúde e bem-estar, de 62%, quase o dobro dos outros setores.

"O viver saudável é uma viagem longa e difícil. Então a gente vê que a tecnologia pode ajudar", afirma a executiva. "Os indivíduos têm essas necessidades. Pedindo mais apps, agora temos a oportunidade de melhorar sua saúde. A gente espera que o indivíduo não chegue (precise ir) ao médico", completa.

Desafios e parcerias

No entanto, o CEO da Comtato, David Basbaum, acredita que embora a tecnologia do mobile health (ou m-health) é atual e deva fazer parte da vida dos pacientes e das empresas, ainda há muitos desafios que devem ser superados.

Basbaum cita o problema da regulação de softwares embarcados, com pessoas criando apps de saúde sem conhecimento. Como exemplo, ele cita o caso de uma aplicação que foi criada com o cálculo errado de insulina, com isso os pacientes receberam uma dose acima do normal.

"Se vocês perceberem que o mobile health é tão fácil de fazer, vocês vão parar de dizer que é futuro. Nós precisamos falar sobre regulação, infraestrutura, base de informação e privacidade da informação", afirma o CEO. "Eu tenho me preocupado é com a questão regulatória brasileira. Demora um ano e oito meses para trazer um equipamento (dispositivo para a saúde) de fora".

Para ele, outro problema é a rede móvel brasileira. Usando um trecho do estudo da PwC de Eliane, que confirma o Brasil como o 5º maior mercado de celulares no mundo, Basbaum tece críticas pelo fato do Brasil ser 59º no ranking de velocidade de redes. "É uma maravilha fazer mobile health no País", disse em tom irônico.

Se para Basbaum a falta de regulação é um problema, o executivo de contas da Dell Fernando Cesar vê uma oportunidade. Em especial, para a área de saúde fazer parcerias no desenvolvimento de novas aplicações, sem as amarras habituais. "Não é um esporte individual. É preciso ser parceiro. Se você não tiver isso com essa premissa, nada vai ter sucesso", afirma Cesar. "A postura deve ser de customizar e se integrar".

O executivo da empresa norte-americana aponta que as empresas de saúde devem preparar-se para a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), em que todos os aparelhos estarão conectados à rede. Em sua exposição, para a plateia repleta de profissionais de saúde ele demonstrou como podem ver a IoT.

"A internet das coisas é a internet das pessoas. Ela só existe por causa dos sensores. A IoT será o sistema nervoso do mundo. Tentar medi-la daqui 30 ou 40 anos é muito difícil, o impacto será muito grande", explica o profissional da Dell. "Eu coleto e transformo dados em informações. Isso é o sistema nervoso do mundo, como as células do corpo. Eu recebo uma ação e faço uma reação, do provedor com o paciente", completa.

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