Agentes de IA impulsionam a tomada de decisão estratégica, mas exigem adaptação cultural, estrutural e de governança

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Estamos apenas no início da adoção de agentes de IA nos negócios. O uso dessa tecnologia ainda permanece restrito a testes e áreas específicas, mas o potencial dela é enorme. Nos próximos anos, acredito que os agentes inteligentes passarão a atuar de forma proativa, sugerindo ações em tempo real, simulando cenários complexos e se integrando à rotina de executivos e equipes operacionais. A IA agêntica chega com a promessa de tornar as decisões mais rápidas, embasadas em dados e menos sujeitas ao erro humano.

Os agentes inteligentes já demonstram capacidade para processar grandes volumes de dados, tanto internos quanto externos, com agilidade e precisão. Também conseguem analisar os históricos de desempenho das empresas em conjunto com dados em tempo real, combinando essas informações com variáveis externas relevantes, como mudanças climáticas, padrões de consumo, sazonalidades, eventos econômicos e tendências de mercado. O resultado, com o cruzamento dessas camadas de dados, é que serão capazes de prever demandas futuras com alto grau de precisão.

Com essa inteligência preditiva, as empresas terão condições de tomar decisões mais assertivas e poderão ajustar, com antecedência, os seus níveis de estoque, a sua logística, a alocação de recursos e o planejamento operacional. Em setores como varejo e indústria, por exemplo, já é possível automatizar ajustes de estoques e reorientar a distribuição de insumos para evitar o excesso ou a escassez de produtos.

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No setor industrial, essas soluções de IA agêntica permitem alocar capital com mais precisão, antecipar falhas e melhorar o uso da cadeia logística. O impacto direto pode ser comprovado nos resultados financeiros e no ganho de competitividade da companhia.

Como aplicação real dos benefícios concretos da adoção da IA agêntica, podemos citar o caso de uma fornecedora independente de software que está testando um agente de IA generativa no suporte técnico de primeiro nível, com foco na automação da triagem e resolução de incidentes. O AI agentic já está integrado à base de dados da empresa, aos sistemas de gestão de chamados e à documentação técnica. Com isso, consegue atender a solicitações simples de forma automática, classificar e priorizar casos conforme o impacto no cliente e os acordos de nível de serviço (SLAs). Em breve, poderá sugerir respostas e diagnósticos preliminares de forma autônoma.

Apesar das vantagens, os desafios são significativos. O primeiro é cultural: muitas empresas ainda resistem à ideia de delegar decisões aos sistemas autônomos. O segundo está na qualidade ou na maturidade dos dados: sem uma base confiável e estruturada, os agentes perdem a sua efetividade. Por fim, o terceiro está na governança: é fundamental definir papéis, responsabilidades, limites e diretrizes éticas e parâmetros claros para o uso da tecnologia. Sem isso, os riscos crescem à medida em que o poder da IA aumenta. Superar esses desafios exige apoio da liderança, uma estratégia clara e parceiros com experiência em implementação.

Vejo um cenário no qual os agentes de IA estarão lado a lado com os executivos nas tomadas de decisão. Mais do que responder a perguntas, eles nos ajudarão a formular os questionamentos certos. Vão antecipar riscos, sugerir ajustes em tempo real, simular impactos financeiros e acelerar decisões com precisão e base analítica. Esse será o novo padrão de liderança nas empresas.

É importante reforçar que os agentes de IA não vêm para substituir talentos humanos, e sim para potencializar a sua capacidade. Eles ampliam a visão analítica, melhoram a produtividade e aumentam a capacidade de inovar com segurança. Quem começar agora, terá uma vantagem competitiva evidente nos próximos anos. Ou seja, adotar IA agêntica não é mais uma aposta, é uma necessidade para quem quer crescer com eficiência e inovação.

O Brasil, felizmente, vive um momento favorável. A combinação de profissionais talentosos, acesso à nuvem e a maturidade crescente das empresas cria um ambiente ideal para a adoção da IA. Os agentes inteligentes são uma necessidade presente para empresas que desejam crescer com inteligência e protagonizar a transformação digital do país.

Guilherme Barreiro, diretor da BRLink e Serviços da Ingram Micro Brasil.

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