TCU suspende processo de desestatização da Ceitec

1

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao Ministério da Economia que interrompa o processo de desestatização do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec) até nova deliberação do Tribunal. No prazo de 60 dias, o Ministério da Economia precisará enviar uma série de informações à Corte de Contas.

A decisão dos ministros foi baseada em voto do revisor da matéria, ministro Vital do Rêgo, que considerou frágeis as justificativas apresentadas pelo governo federal para fundamentar a desestatização da empresa. "Os motivos que conduziram à liquidação da Ceitec não se sustentam, carecendo de maior fundamentação, pois se apoiaram em análises que não ponderaram relevantes perdas e dispêndios de recursos públicos como consequências imediatas desta linha de ação", disse o ministro revisor.

No prazo de 60 dias, o Ministério da Economia deve enviar ao Tribunal informações que demonstrem  o atendimento do interesse público para promover a liquidação da empresa, considerando sua posição estratégica na produção nacional de semicondutores e o capital intelectual constituído pela Ceitec.

O Ministério também deve apresentar ao TCU os resultados obtidos para regularização do terreno onde se localiza a Ceitec e os recursos necessários para a execução dos serviços de descontaminação e descomissionamento da sala limpa da empresa, estimados em R$ 140 milhões.

"Decisão do TCU que barrou liquidação da Ceitec foi uma grande vitória para o desenvolvimento científico no país", avalia jurista

Decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) paralisou a liquidação da estatal federal Ceitec, criada em 2008, única fabricante de chips e semicondutores do Brasil e do hemisfério sul. O placar do julgamento foi de 4 votos a 3, e foi vitoriosa a tese do ministro revisor do processo, Vital do Rêgo, que determinou a suspensão do processo e pediu mais informações ao Ministério da Economia em até 60 dias para voltar ao tema.

A advogada Marcelise Azevedo, que atuou no caso em favor da Ceitec, sócia do escritório Mauro Menezes & Advogados, ressalta que a decisão é muito importante na medida em que reconhece a necessidade de uma avaliação rigorosa dos processos de desestatização para que eles não signifiquem perdas para o país. "A Ceitec desempenha importante papel no desenvolvimento de políticas públicas no setor tecnológico e científico do setor de semicondutores, ocupando papel de destaque no desenvolvimento científico sobre a temática e não pode ser extinta sem criteriosa avaliação que considere inclusive a visão estratégica que levou a sua criação", analisa.

Esse também foi o teor do voto do ministro do TCU, Vital do Rêgo. "O processo de desestatização da Ceitec deve ser suspenso para que se possa melhor justificar o seu atendimento ao interesse público e para que se apresentem soluções aos entraves que, caso não sejam oportuna e devidamente equacionados, representarão elevado ônus financeiro à União". Vital do Rêgo também solicitou ao ministério que apresente as razões que demonstram o atendimento do interesse público na liquidação da empresa, "considerando sua posição estratégica na produção de semicondutores e o capital intelectual constituído pela Ceitec e financiado com recursos da União". Para ele, o processo que fundamentou a dissolução tem "fragilidades insuperáveis".

A liquidação do Ceitec, já iniciada, significou até aqui a dispensa de mais de 80 funcionários de alta qualificação técnica, muitos dos quais só vão conseguir mercado no exterior. Os semicondutores são fundamentais em computadores em geral e estão presentes em itens de consumo e na infraestrutura de comunicações.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.