Futurecom 2017: Abranet aponta vantagens e riscos de inovar com startups

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O crescimento dos investimentos e do número de startups no Brasil abre inúmeras possibilidades de se inovar. Apesar de ser um sistema em construção, e de origem recente, com um caminho de aprendizado por parte de empresas, empreendedores e financiadores, trabalhar em parceria com startups é uma forma de encurtar o caminho e trazer a inovação mais rápido para dentro das empresas de internet. Porém, é preciso tomar cuidados, tanto para criar uma startup, quanto para se relacionar com uma em busca de inovações.

Algumas recomendações para essa parceria foram dadas pelos participantes do painel "A Internet e a Inovação – Startups, Investidores, Aceleradoras e Corporações", que contou com a presença de cerca de 80 pessoas na Futurenet 2017, pré-evento promovido pela Associação Brasileira de Internet (Abranet) no Futurecom 2017, que começou nesta segunda-feira, 2, em São Paulo.

A mesa foi mediada por Dorian Guimarães, diretor de Planejamento Estratégico e Marketing da Abranet. Participaram como debatedores Guilherme Ralisch, consultor do Sebrae-SP; Jorge de Paula Costa Ávila, diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm; José Eduardo Velloso, engenheiro de Tecnologia e Inovação da Bosch; Marcelo Sato, partner da Astella Investimentos; e Rogério Tamassia, cofundador e diretor da Liga Ventures.

Do ponto de vista de quem quer empreender, o Brasil tem mostrado números crescentes. Segundo Marcelo Sato, da Astella, mais de uma centena de startups no Brasil estão atuando em tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT), que movimentou cerca de US$ 1,7 bilhão no ano passado no Brasil.

Com tantas possibilidades de parceria, como é possível se relacionar com as startups? A primeira delas é criar uma. Jorge Ávila, da Qualcomm, chamou a atenção para as oportunidades. "É possível encontrar em bancos de patentes milhares de ideias que, conjugadas, podem trazer um novo produto ou solução para um problema", apontou.

Ao mesmo tempo, observou Guilherme Ralisch, em seu programa de apoio a startups o Sebrae observa que muitos empreendedores estão propondo negócios em áreas das quais os sócios não têm conhecimento da tecnologia, são pouco inovadores, sem diferencial ou que até apresentam soluções e produtos já existentes e, portanto, com potencial muito pequeno de ampliação de mercado e até mesmo de sobrevivência.

A outra forma de se relacionar com uma startup é torná-la seu fornecedor, uma forma de fazer inovação sem ter de criar uma estrutura e equipe totalmente própria. Nesse caso, alguma adaptação será exigida de ambos. "Conversamos com uma grande empresa do setor de bebidas que não tinha com investir em startups e resolveu usá-las como fornecedores, mas não é fácil comprar de startups.", contou José Eduardo Velloso, da Bosch.

Dorian Guimarães levantou então a questão dos diferentes modos e tempos de trabalho de uma startup e uma empresa já consolidada. "Há processos de cadastramento de fornecedor que demora meses, prazos de pagamentos de mais de 90 dias, e isso pode significar a morte da startup", ponderou. Rogério Tamassia, da Liga Ventures, disse que se trata de um grande processo de aprendizado. "As grandes empresas já estão mais avançadas, trilhando seu caminho para trabalhar com esses empreendedores", apontou. Prazos diferenciados de entrega e pagamento, em sistemas chamados fast track, são algumas alternativas.

Para Guilherme Ralisch, o fundamental é a startup entender o que a empresa quer dela como fornecedor, inclusive conversando com outras startups que eventualmente atuaram como fornecedores da companhia para entender como é o trabalho com a empresa desejada. "Se a expectativa não está alinhada, isso pode até matar a startup", acrescentou. Da parte da empresa que quer contratar uma startup como fornecedora, é preciso ter o entendimento de que nada é para amanhã. "Os dois lados precisam refletir, aprender como funcionam", recomendou Marcelo Sato.

A outra forma é estabelecer projetos de codesenvolvimento. "Tudo é questão de encontrar [uma startup], desenvolver uma área e construir as coisas juntos", recomendou Jorge Ávila. A Bosch, por exemplo, para atuar no campo da agricultura, que não é sua expertise, se associou a outros atores em busca dos conhecimentos necessários. "O empreendedor não precisa ter 30 anos de sucesso e experiência em determinada área, mas, sim, saber se associar a pessoas e consultores da área, se jogar e descobrir o caminho", acrescentou.

Seja como fornecedor, parceiro ou codesenvolvedor, as startups passam por processos de avaliação e valuation (quanto vale a startup, algo especialmente importante para os investidores, sejam de capital de risco, sejam empresas que querem desenvolver uma startup). Pelas falas dos debatedores, diversos critérios que mostram, de imediato, se uma startup está no caminho certo.

Um dos principais é a capacidade de execução, ou seja, de realmente desenvolverem a tecnologia ou solução proposta. Também é observada com atenção a formação da equipe de empreendedores. "Dificilmente alguém que não tem experiência em Medicina vai conseguir propor uma solução realmente inovadora para esse campo", afirmou Marcelo Sato. A validação da ideia, ou seja, se realmente a solução que a startup quer comercializar funciona e tem mercado, é outro quesito. Conhecer o mercado alvo também é fundamental. 

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