A maioria das organizações com abordagem altamente desenvolvida em relação ao uso de tecnologias digitais consegue uma lucratividade 26% superior às concorrentes, além de obter 9% a mais de receita e uma avaliação de mercado 12% mais expressiva que as rivais. Esta é a conclusão do estudo The Digital Advantage, feito pela Capgemini Consulting, em parceria com o Centro de Negócios Digitais do Massachusetts Institute of Technology (MIT), com 400 companhias de todo o mundo no período de dois anos.
A pesquisa definiu o perfil das chamadas digiratis, companhias que estão lidando e se beneficiando com o uso de tecnologias digitais, tais como mídia social, tecnologias móveis, análise de dados e dispositivos embutidos, para melhorar o desempenho e o alcance dos negócios. "As digiratis não possuem necessariamente um histórico de liderança tecnológica, mas contam com uma equipe executiva que despertou para as oportunidades trazidas pela transformação digital e fez acontecer. Elas trabalharam para criar uma maturidade digital e agora estão colhendo os benefícios", explica o líder do estudo em nome da Capgemini Consulting, Didier Bonnet.
O estudo constatou a existência de níveis diferentes de maturidade relacionados com o setor de atuação das companhias, mesmo tendo detectado ao menos uma empresa em cada área. A maior parte das digiratis são dos setores de alta tecnologia (38%), bancário (35%), viagens e hospitalidade (31%), seguros (33%) e telecomunicações (30%). Os segmentos de alimentos embalados (24%), serviços públicos (20%), varejo (26%), manufatura (12%) e farmacêutico (7%) também tiveram destaque no estudo.
Um dos exemplos de bom uso dos recursos digitais é a marca de artigos de luxo Burberry. Há seis anos, a empresa começou uma completa reestruturação com a chegada da nova CEO, Angela Ahrendts, por meio de um extenso programa de transformação em várias áreas, desde a experiência do consumidor até a excelência operacional, motivada principalmente pelas tecnologias digitais. Na definição da executiva, a tecnologia é um "catalisador" da companhia, que impulsiona os resultados.
O caminho para a maturidade
A abordagem que as empresas digitalmente maduras usam pode ser adotada por qualquer companhia interessada em promover a maturidade digital e alcançar a concorrência. A pesquisa identificou padrões comuns na maneira com que as principais empresas criam sua vantagem digital – o ‘DNA digital’. Primeiro, elas investem de forma considerável no “como” da transformação digital. Elas criam e compartilham a mesma visão digital, estimulam todos os funcionários a entenderem a visão, implementam estruturas de governança digital adequadas para garantir a liderança e a responsabilidade pela transformação, investem na atualização das competências e constroem relacionamentos sólidos entre os departamentos administrativos e de TI.
Depois, tomam decisões claras sobre o que transformar, realizando investimentos com base em seus pontos fortes e na dinâmica de seus concorrentes. Por exemplo, algumas se superam no processo de digitalização, com grande ênfase na análise de dados e na colaboração interna, e outras optam pela excelência da experiência do cliente por meio da integração dos canais.
“Para obter uma vantagem digital, é preciso mais do que investir em tecnologias digitais. Exige a criação de uma estrutura de liderança para visualizar e provocar a transformação. A transformação digital ocorre com base tanto na liderança e na mudança organizacional quanto na implementação de novas tecnologias. É, portanto, um exercício a ser feito de cima para baixo, que exige as qualificações e a influência que apenas os líderes executivos possuem”, resume o cientista do MIT responsável pela pesquisa, George Westerman.